o último domingo antes do programa de grego…

minha paixão pelo rio de janeiro é avassaladora. chega a queimar, a revirar as entranhas. jamais consegui ficar fora dela por muito tempo. tipo gente que vai embora à vera. que fica dez anos sem bater uma pelada no aterro. sem embolar num caixote na barra. sem ouvir a gritaria da lapa. sem degustar carne de sol no pavilhão, sem respirar nosso ar… e, porra, sem bebericar nos “pubs” de são jujuba… não, não dá mermo. nunca deu.

mas, na boa, encarar a falta de vontade política da politicalha em resolver o mínimo de nossos problemas dá vontade de torcer pra toda essa gregalhada ser varrida por um tufão até então inédito na cidade maravilhosa. dá vontade… mas não consigo. tem um bagulho láááá no fundo que é muito maior que tudo isso e que me transforma num curumim recebendo, na praia, os portugas secos pra me traçar assado aos goles de vinho verde. foda!

um centésimo do e$forço vomitado nos jogos bastaria para, por exemplo, dar fim à vergonha que é a saúde pública em nosso quintal. cacilds, neguinho morre aos baldes em fila de hOSPITAL, porra… e ninguém faz nada. ok, esse é um papo pra lá de bagdá mas é assim que, infelizmente, a banda toca e não dá pra colocar essa nossa realidade na mesma balança da olimpíada. não dá.

não creio na preocupação da politicalha em melhorar nossa mobilidade. como não acredito que eles tenham em seus corações o espírito olímpico, nem tão pouco a preocupação com a formação do atletas brazukinhas… tadinhos deles, os atletinhas.

ah tá, vai aparecer gente dizendo que é bom pra cidade, é bom para o brasil… pra mim é uma afronta. um deboche… 100% escárnio.

é pura ficção científica uma cidade sediar a olimpíada sem ter transporte-saúde-segurança-moradia… além de estar envolvida, há quinhentos anos, com os mais brutais índices de corrupção (em todos os níveis).

enfim, a xeretinha entrou numas de bater perna no último domingo antes dos jogos tomarem a cidade de assalto e cruzou, mais que apropriadamente, com os beach combers na praia…

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e, finalmente, ali mesmo, entendi o que é o tal do surf-rock…

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mais adiante, começou a pintar um som muito bacana de bottleneck num blues em modo ry cooder… até esbarrar no mariano, cidadão de buenos aires, que iluminou o início da noite…

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dois

que venham os gregos!