torcida!

Subject: Vou desabafar com voce Mauricio.

“MauVal, quero desabafar com você ai no Ronquinha algo que não me sai da cabeça desde seu ocorrido.

Quero relatar um encontro fodastico que tive com um ícone do samba brasileiro e, por que não dizer, ícone da musica mundial, pois sei que o individuo que encontrei em plena praça publica do largo da Carioca aqui no Rio é sim endeusado por diversos recantos deste planetinha.

Mas o que me doeu Mauricio, foi ver, constatar, que um artista desses precisa ir em praça publica vender seus CDs para conseguir se manter.

Estava indo para a passeata de professores nesta sexta passada (pois sou professor do estado, grevista e já tenho meu saco cheio de tantas atrocidades cometidas por bárbaros travestidos de políticos) quando me deparei com um samba falando de sogra… Bezerra – pensei. Mas logo depois a voz se fez presente na memória. Olhei para o lado em que o som era mais intenso e vi, sentado em uma cadeira de plástico, diferente do trono em que, tenho certeza, ele deveria estar, coberto por um guarda sol e exibindo um semblante de cansaço, estava Carlos Roberto de Oliveira, o Dicró.

Não pude deixar de adquirir seus CDs (autografados é claro) bem como fotografá-lo (comigo ao lado). Entretanto Mauricio, uma tristeza se abateu fim de semana adentro. Parafraseando o gênio que, graças não se encontra mais aqui para deprimir-se com o lugar para onde estamos indo, “Que pais é este?” Mauricio, onde um artista com a historia de Dicró, tem de ir em praça publica para vender seu trabalho a dez Reais para sustentar-se?

Veja, o problema não é ir a praça. Afinal, “todo artista deve ir a onde o povo está.” Concordo em alto a bom tom, entretanto acho que artistas tão importantes, tão alicerçais como ele, deveriam ser tratados com mais respeito por aqueles que se dizem conservar a cultura brasileira.

Gostaria que a arte de Dicró, e muitos outros não somente na musica, mas na literatura, nas artes plásticas, etc, ganhassem os louros de seu verdadeiro valor na cultura deste pais, de preferência, com estes mestres ainda vivos.

Bem Mauricio, isto foi mais um desabafo, de um brasileiro e professor, que, como já disse,  já esta de saco cheio.”

Marcelo Ez