ainda os coelhos na fundição…

Assunto: 1, 2, 3 Echo
“Carlos Magno,

Eu e vários ronqueiros (darks ou não) estavam no show do Echo . Assim como você, estou até agora soltando marimbondo pelas ventas.

Mas, ao contrário da maioria, para mim, a culpa da falta de bis, de Lips like Sugar, não foi da banda, do som ou de qualquer outra coisa, a não ser, exclusivamente, da impressionante inércia da plateia!!! Eu nunca vi um público como aquele, imagina o Ian & cia?

A inércia é um problema crônico por aqui e que chegou com força total ao show do Echo no Rio. Parece que brasileiro, sobretudo o carioca, há tempos, vem desaprendendo a pedir bis.  E pior, sem sequer fazer por onde, se sente no direito de ouvir ao menos um bis, afinal, pagou ingresso, e caro.

Mas, na era onde o mais importante é filmar, fotografar, postar nas redes sociais ou ficar conversando com o amigo ao lado, bater palmas pra quê, né? Melhor ficar segurando celular e o copo de cerveja…

Dá uma olhada em shows das décadas de 80 e 90 para ver como a plateia se comportava bem! Ganhamos até fama internacional por conta da animação.

Como você bem disse, a “Fudição Regresso” é um lugar tradicional na noite carioca sim, mas que, para mim, deveria ser interditado para shows. O único show que eu me lembre de ter ido lá com som decente, foi os dos Paralamas – 30 anos, que você bem citou. Mas convenhamos, o engenheiro do som da banda, além de ser supercompetente, conhece o território há décadas. Mas, se você for ao show dos Paralamas neste mês no Circo, o som será bem melhor.

Depois da ligeira reforma e de adquirir um novo sistema de som, a “Fudição Regresso” deu uma ligeira melhorada, mas ainda sim vamos eternamente correr o risco de pagar para assistir a shows com a qualidade de som ouvida no sábado.

A “Fudição Regresso” é um caixote de concreto, sem nenhum tratamento acústico. Quando se passa o som com a casa vazia, é uma coisa. Quando a casa está com público, é outra bem diferente. E conforme o lugar em que ficar na plateia, a pessoa vai ouvir um som razoável, ruim  ou menos pior.

Agora, vamos analisar os fatos do sábado friamente, embora a temparatura estivesse por volta dos 40º:

1 – Ian & cia entram no palco quase que na hora marcada (palmas para eles); a turma da “Fudição” ignora e continua veiculando no telão o vídeo insituicional com som alto pacas. Enquanto isso, Ian faz uns testes no mic e tenta ser ouvido;

2 – Ian avista uma casa meia boca, com a plateia superior inteiramente vazia, coisa que ele não deve estar acostumado…

3 – O som está uma porcaria não só pra plateia como para a banda. Ian reclama uma vez, e segue cantando. O maior problema, por ironia, parece ser o reverber, o echo! O som não melhora, ele continua reclamando nas músicas seguintes. E eu me pergunto “será que o engenheiro de som consegue entender o que Ian diz?”. Enquanto isso, o rodie se vira nos 30 pra fazer a ponte entre o patrão e os engenheiros de som, já que os recadinhos educados e diretos de Ian ao mic não surtiam efeito (mas o reverb continuava nas orelhas dele).O rodie chega a desplugar e plugar instrumento no meio da música pra ver se a situação melhora! Pode isso Arnaldo?

Ian podia ter abandonado o palco enquanto resolvessem o(s) problema(s) do som, não o fez.  “The show must go on”. Não só seguiu adiante, em respeito à plateia, como fez tudo o que brasileiro gosta: agradeçou várias vezes, inclusive em portugês; falou do Brasil; se dirigiu diversas vezes ao público, e, nos hits, ordenava a banda dar uma amaciada para o coro da plateia sobressair.

4 – Após uma sequência com All That Jazz  / Bring On the Dancing Horses /The Killing Moon  /The Cutter, Ian sai do palco e espera o sinal da plateia para então retornar e cantar  Nothing Lasts Forever / Walk on the Wild Side / Don’t Let Me Down / In the Midnight Hour +  Lips Like Sugar . E depois, num planejado segundo bis, Ocean Rain.

Só que, como diria Tim Maia: “Ele partiu, partiu e nunca mais voltou”. Ah se em vez do Ian fosse o Tim no palco…. As coisas iam ser bem diferentes e pra pior.

5 – A plateia, na certeza de que teria bis, ficou estática, inerte, olhando pro palco enquanto eu e meia dúzia (literalmente) batiam palmas e se esgoelavam para ele voltar.

Pô, onde já se viu, integrantes da equipe da banda aparaceram no palco TRÊS vezes para implorar, gestualmente, para a plateia reagir, bater palmas, enfim, pedir para Ian & cia voltar para os 2 bis programados? E nada… a plateia nem aí.

Você pediu bis? Por quantos centésimos de segundo? Quantas pessoas a sua volta bateram palmas e fizeram barulho para a banda voltar?

Você voltaria ao palco se a plateia não pedisse?

Ian não é Tiaguinho…

Deu no que deu.  Não voltou.

6 – Depois de longos minutos, a luz se ascendeu, a plateia ainda inerte, esperava pelo bis. O DJ pôs som na caixa enquanto isso iam desmontado o palco. Até que a plateia, tardiamente, se tocou que não teria bis. Acordou, vaiou, esperneou, arremessou latas ao palco e saiu detonando a banda: “Babacas”; “Que desrespeito” e por aí foi.

A galera despirocou na hora e de maneira erradas…

A esta altura, Ian já estava longe, atracado com (mais) capirinhas em algum boteco da cidade.

OBS: Em SP, as coisas parecem que foram bem melhores, além das músicas programadas para os dois bis, que não rolaram no Rio, Ian cantou, à cappela, The Game.

OBS2: Após várias vindas ao Brasa, Ian vai  pensar duas vezes se voltará ao Rio …

“Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade…”

Tatiana