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MITAndo, ontem…

pra começar o curtíssimo cineminha de ontem no MITA, o encontro que abalou as estruturas do festival e que jah é considerada uma das mais descabeladas duplas de 2023:

omar rodriguez lopez (do mars volta) & zé da maré (d’aTRIPA), só isso…

YES!

claro, com as borbulhantes presenças de natty & janet…

as irmãzinhas do haim não tocaram a versão delas para “oh well” de peter green/fleetwood mac… mas, ao menos, alana haim fez uma carinha especial para os apaixonados por ela…

confirmando que o mars volta, pra variar, reinou absoluto no jóquei clube deixando os sortudos que testemunharam a delirante apresentação com uma certeza:

é ruim pra qualquer banda encarar omar & seus bluecaps no palco!  

negativos & positivos (667) [herbert, chinna smith & tyrone / cineminha]…

semana passada, quando brotou a notícia da subida de tyrone downie, as lembranças começaram a colidir freneticamente. alguns dos paralamas tinham apagado o encontro com jimmy cliff & banda (tyrone incluso) na abertura do show no maracanãzinho, em janeiro1984… um ano exato antes do rock in rio!

inclusive, essa passagem de jimmy pelo maracanãzinho virou post no tico, em julho2016… AQUI

eu – “como assim, bial? cês lembram de várias outras noites da turnê “reggae night” com ele mas não essa no rio? oxente, meu HD tá detonadão mas me recordo da passagem de som com vocês embolados… e digo mais, rolou até um the clash ali no palco”

alguns paralamas (sem citar nomes) – “tu tá bilutetéia total. tu devia estar vendo a porcaria do vaskim no maraca e teve um curto espiritual achando que tava vendo jimmy cliff”

eu – “pode ser… mas vou catar os negativos. afinal, jah rolou aqui no tico uma sequência de fotos de cliff no maracanãzinho. aguardem, minha vingança será malígna”

pois bem, dito e feito… os negativos exibiram minhas lembranças de forma cristalina. ótimo saber que ainda existem áreas do meu HD que estão ativas!

essas imagens, até então inéditas, reviraram lembranças adormecidas e geraram assunto para toda a eternidade sinistróide!

D+

( : 

nasceu, há 50 aninhos, para assombrar a humanidade…

Como obra-prima do King Crimson levou o rock a ‘Dark side of the moon’

Lançado há 50 anos, em 10 de outubro de 1969, o álbum ‘In the court of the Crimson King’ inspirou bandas como Yes e Pink Floyd

LONDRES — Cinquenta anos atrás, em Londres, todo mundo que se interessava em música estava falando sobre uma extraordinária banda nova. Eles ainda não haviam lançado um álbum, mas apresentavam sua mistura inovadora de rock, jazz, música clássica e psicodélica em shows ao vivo. Um desses shows foi para meio milhão de pessoas, abrindo para os Rolling Stones no Hyde Park. Outro fez um ilustre membro da plateia, Jimi Hendrix, chamá-los de melhor banda do mundo.

 As revistas de música (bíblias para os fãs no período pré-digital) destacavam algumas características e as gravadoras disputavam seu contrato. A banda se chamava King Crimson e seu primeiro álbum foi “In the court of the Crimson King”, lançado há 50 anos, em 10 de outubro de 1969. Assim como “Nevermind”, do Nirvana, “Ziggy Stardust”, de David Bowie, e a estreia homônima do Run DMC, foi definidor de um gênero.

As cinco canções eram pastorais, pesadas, extravagantes e até simples, com riffs apocalípticos se misturando a influências do hard rock, do jazz clássico e moderno até canções da Idade Média.

— Foi um divisor de águas — diz Ian McDonald fundador da banda e um dos co-autores das canções do do álbum. — Lembro de ouvir e pensar: “O que é isso?”. As bandas voltavam para repensar suas músicas quando ouviram. Eu sei que o Yes fez isso quando ouviu.

Isso pode não ter sido completamente bom. Apenas quatro anos depois, o Yes lançou seu álbum “Tales from topographic oceans”, uma composição única dividida em quatro lados do vinil e inspirada em uma nota de rodapé na autobiografia de um místico indiano. Na turnê, o palco trazia casulos de fibra de vidro que em um show não se abriram, deixando o baixista preso. As canções eram tão longas que uma vez o tecladista Rick Wakeman pediu uma refeição no palco e comeu enquanto os outros membros da banda tocavam. Mas isso dificilmente poderia ter sido previsto quando “In the court of the Crimson King” foi lançado.

— Nunca pensamos nisso como rock progressivo — diz McDonald, que tocava flauta, saxofone e teclado. — É até engraçado, esse termo não era usado. Só fizemos o que achávamos que a música precisava.

– A transição do blues ao jazz

O King Crimson não foi a única banda britânica em 1969 a abandonar o elemento blues do rock e buscar a complexidade e virtuosismo do clássico e do jazz. Em setembro daquele ano, o Deep Purple se apresentaria para grupos e orquestras com a Royal Philarmonic no Albert Hall; álbuns de referência de The Moody Blues, Procol Harum, Genesis, Yes, Pink Floyd e outros foram lançados; e bandas da futura realeza do prog-rock, como Wishbone Ash, Hawkwind e Supertramp, estavam sendo formadas. Mas “In the court of the Crimson King” foi o momento decisivo, “uma obra-prima misteriosa”, de acordo com Pete Townshend, do The Who.

O grupo era (e ainda é) liderado pelo mago da guitarra Robert Fripp, um mestre em afinações incomuns e acordes e vozes complexas, diz McDonald. Fripp é o único membro permanente do King Crimson nesses 50 anos. O baixista e vocalista principal era Greg Lake, que mais tarde iria se transferir para a superbanda Emerson Lake & Palmer.

McDonald, co-fundador da Foreigner, gigante do final da década de 1970 (“I want to know what love is”), trouxe uma série de influências — “banda de exército, coros de vozes masculinas, trios de jazz…”. Um solo de flauta que ele toca na faixa-título “é um aceno direto a Scheherazade [de Rimsky-Korsakov] ”. As letras do poeta Peter Sinfield, sem querer, estabeleceram um modelo para grande parte do rock progressivo, admite McDonald.

— Algumas pareciam medievais. Infelizmente, isso significa que as pessoas pensam que o rock progressivo precisa ter dragões e fadas.

–  As capas viram obras de arte

Outro elemento que virou modelo para o rock progressivo foi a capa do álbum: um pesadelo de cores vivas pintado por um amigo de Sinfield, Barry Godber. Aquela capa parecia ter transcendido a simples embalagem para se tornar arte, da mesma forma que a música ia além das formas simplistas do pop da época. Os lançamentos seguintes aprenderam essa lição — as paisagens alienígenas de Roger Dean alavancaram a popularidade do Yes quanto as letras místicas.

“In the Court of the Crimson King” abriu muitas portas. Yes, ELP, Pink Floyd e outros venderam dezenas de milhões de álbuns de rock progressivo — só “Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd, já vendeu quase 50 milhões de cópias desde seu lançamento, em 1973.

Mas então veio o punk rock com seu minimalismo “faça vocêmesmo” e ética de lo-fi que quase instantaneamente fizeram qualquer esforço progressivo parecer ridículo. Robert Fripp não ficou surpreso — muitas bandas progressivas saíram “tragicamente do caminho”, disse ele, acrescentando: “O King Crimson teve a inteligência de deixar de existir em 1974; o que torna aqueles que associam a banda aos ‘excessos bombásticos do rock progressivo’ no mínimo idiotas”.

No entanto, o rock progressivo se recusa a morrer. Annie Clark (St Vincent) descreve como aprendeu na adolescência a tocar Jethro Tull, uma das bandas que mudou seu som por causa de “In the court of the Crimson King” — numa sala de prática com um pôster do King Crimson. Ao memso tempo, bandas como Marillion, Radiohead, Mars Volta e Muse usam, abusam ou reinventam o rock progressivo (mesmo que, como o Radiohead, eles se recusem veementemente a admiti-lo). E Fripp reformou o King Crimson várias vezes, com várias formações – este mês, a última encarnação encerra uma turnê mundial, com direito a passagem pelo Rock in Rio .

Enquanto isso, como diz McDonald, “50 anos depois, o álbum ainda se mantém”. Ele está certo. E isso é muito mais do que se pode dizer sobre “Tales of Topographic Oceans”.