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o feitiço (ou as meninas balançando o coreto)…

RSD2016

o record store day tem sido pauta constante no roNca desde o dia em que nasceu. afinal, ele é a celebração máxima de algumas de nossas mais cascudas paixões: música, lojas de disco, criatividade, “divisão do pão”, originalidade & o diabo A4.

muito antes do RSD, todas essas conexões sonoras já habitavam nosso poleiro… e, por aqui, foram formadas gerações de fissurados em música… e vinil.

com o boom da música digital, era de se esperar alguma forma de reação ao sumiço do disco físico… e ele não tardou: “a volta do vinil” (sem que ele jamais tenha ido).

felizmente, o velho “plástico redondo com um furo no meio” agradou em cheio, sobretudo, à rapaziada que jamais havia visto um desses exemplares.

a indústria, claro, começou a (re)lançar os clássicos e a investir nas novidades onde muitas delas saiam apenas em vinil… festança. os gráficos de vendas do mercado galgavam parâmetros loucamente.

a “novidade” tomou uma dimensão tão frenética que atingiu o status de fetiche… ou seja, os novos interessados começaram a ficar, literalmente, enfeitiçados pelo “velhaco”, pouco se importando pelo som que vinha dentro dele. muitos sequer abriam o lacre. muitos, consequentemente, jamais ouviram os discos.

o importante era ter / exibir… tirar onda com o vinil amarelo. com a capa em 3D. com o poster gigante. com o formato quadrado do disco… enfim, a música não importava muito… tanto não era considerada que, ao longo dos últimos anos, o gosto da rapeize ficou pra lá de despirocado. tanto faz possuir na prateleira um arctic monkeys autografado quanto uma edição triangular da celine dion… tanto faz mesmo.

diante dessa incontrolável sede dos novíssimos consumidores, o record store day se afastou bastante de certos objetivos iniciais. atualmente, o mais relevante é saciar o tal feitiço de milhares e milhares de fissurados espalhados pelos cinco cantos do planetinha movimentando uma dinheirama como há muito tempo não se via.

aí, você pergunta: “o RSD perdeu a qualidade?”

aqui nos trópicos, distante da realidade dele, eu posso garantir que não perdeu a qualidade… mas, ao mesmo tempo, acho que o RSD ganhou uma quantidade enorme de lançamentos desnecessários para os que estavam com ele desde o início… discos que visam, acima de tudo, preencher a fúria consumista… e vamos combinar, lááááá atrás, por mais que o RSD visasse o sucesso financeiro, havia outros tipos de prioridades.

coincidentemente (ou não), esse ano, foi a primeira vez em que passei longe da magia do RSD. a operação de trazer as pepitas – que sempre envolveu um monte de traficantes/amigos/”aviões” – foi desmantelada. o preço influiu forte… mas o principal foi a diminuta quantidade de discos para fazer a roda aqui do poleiro girar.

anyway, anyhow, anywhere, o importante é a rapaziada seguir conectada e que ela mantenha o mercado em movimento pelas próprias pernas sem deixar que tudo se transforme numa modinha com validade… e como são meninas que fazem o coreto balançar:

 

locomotiva & RSD…

sp

 

Assunto: Podcast Ronca Ronca e o Record Store Day

“Olá Mauricio, tudo bem? Aqui quem escreve é o Gilberto da Locomotiva.

Eu estava ouvindo a última edição do Podcast Ronca Ronca, que peguei como download gratuito no iTunes. É muito bacana, sempre que sobra um
tempo eu ouço o programa, gosto bastante. O mais legal foi que nessa última edição você citou a Locomotiva Discos como exemplo de esforço
para fazer algo no Brasil em comemoração ao Record Store Day.

Eu agradeço a citação e fico feliz pelo reconhecimento.

Realmente nós sempre nos preocupamos em fazer algo na data, mesmo sem poder trazer os discos importados e sem contar com o apoio de nenhuma
gravadora mainstream ou independente nacional.

Não sei se você sabe como funciona a distribuição dos discos lançados no Record Store Day nos Estados Unidos e na Europa? Para não ter problemas das lojas gringas venderam os discos antes, eles só liberam
a distribuição dos discos faltando uma semana da data. Nós aqui no Brasil, para receber os discos em uma semana, teríamos que pagar um valor muito alto de frete e impostos, impossibilitando a
comercialização dos discos no fim das contas, devido ao alto preço final.

Mas nós conseguimos os discos depois da data. Temos canal para conseguir os discos e eles chegam para a gente, mas depois de um ou duas semanas do Record Store Day. Nós já pensamos em viajar e pegar os
discos para trazer na mala e assim ter os discos em mãos na data correta. Ano passado a gente ia fazer isso, esse ano também, mas o aumento do dólar estragou os planos. Em todo caso, está nos planos
para o ano que vem.

Nós achamos a data muito importante e a razão pela qual nós sempre nos esforçamos em fazer algo é devido a facilidade em divulgar o evento na
mídia. Esse ano um jornalista da Folha de São Paulo, o Lucio Ribeiro, nos escreveu pedindo que fizéssemos algo, pois ele iria ajudar na divulgação. Nós decidimos fazer uma Feira de Discos no MIS (Museu da
Imagem & Som), que é um local super bacana e São Paulo. O evento teve alto destaque na mídia. Veja no anexo alguns exemplos.

É justamente isso que as gravadoras brasileiras não sacaram ainda. O evento é uma ótima forma de divulgar os discos que poderiam ser lançados na data. Eu tenho certeza que essa divulgação iria
impulsionar a venda de algum título lançado no Record Store Day.
Acredito que eles nem saibam da força que o evento tem na mídia. Você
citou no programa o compacto do Novos Baianos. O compacto saiu, mas
não foi bem divulgado, poucas pessoas sabem! Custava ter lançado o compacto no Record Store Day? Certamente iria gerar um burburinho na
mídia.

Eu estou preparando um e-mail para enviar a todas as gravadoras sobre o assunto, para quem sabe, no ano que vem, a gente se organizar
melhor. Se você puder dar uma força, pois sei que você tem vários contatos, será muito bacana!

Abraços!”

Gilberto