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“Mauval, juro, estou às lágrimas agora. Não esperava por esta consideração tão surpreendente, mesmo já conhecendo toda a sua generosidade. “Quero chorar, não tenho lágrimas”. Entretanto, as lágrimas vem do coração que acompanha você há pelo menos 20 anos. Verdade, sou muito passional, tanto para o bem, quanto para o mal. Mas meus sentimentos são reais, viscerais. E boa parte deste sentimento muito forte, intenso, eu dedico ao Ronca. Tive momento dificeis na vida, de desespero, E sempre estava lá o Ronquinha ao meu lado. Parece pieguice, mas não é. Quando eu ouvia um som novo no Ronca, no dia seguinte, corria atrás da novidade. Como esquecer dos “causos” que você narrava e ainda narra no nosso programa. As suas homenagens apaixonadas ao Rio, hoje, nem tanto, para não ofender os ouvidos alienígenas que não gostam tanto assim da gente. Claro que aceito o novo Ronca, com seus novos ouvintes. A minha mágoa vem do momento em que vivemos. Noto como a gente pôde piorar tanto em tão pouco tempo. Não vejo mais humanidade nas pessoas, na cultura, em nada. A cultura dos playboys e patricinhas venceu. Daí o meu ciúme, pois sei que esta nova geração, na sua maioria, é assim. Não saio mais à noite, para não ter que me misturar com a empáfia e impostura de uma juventude preconceituosa e reacionária. Não há mais espaço para mim no Rio ou em qualquer lugar. Triste. Nunca pude te dar um abraço. Nos bons tempos, faltou a coragem. Hoje, a repulsa de sair à noite. Longe ou perto, Mauval, estarei do seu lado. E guardarei este seu texto para sempre. Assim como já venho fazendo com os programas do Ronca.”

Alessandro.