carnavalizaNdo…

prestenção, fufavô…

as letrinhas a seguir representam minha adaptação e inclusão no mundo real.

tempos atrás, trabalhei numa rádio onde era “desaconselhado” anunciar um vencedor de promoção que não morasse na zona sul carioca… especificamente: lagoa, jardim botânico, gávea, copacabana, ipanema e leblon… com muuuita boa vontade, poderiam ser cogitados flamengo e botafogo.

fui informado desta papagaiada tão logo acabou a primeira promo que levantei no programa.

como 98% das cartas vinham de outras áreas (majoritariamente niterói, zonas norte e oeste), peguei a “meia dúzia” da ZS e solicitei que “eles” resolvessem a nhaca!

assim como em todos os outros portos por onde o programa se encostou, a maioria absoluta dos participantes esteve conectada às áreas “menos nobres” da cidade de são sebastião!

no entanto, esta foi (e é) a tchurma que fez a pipa subir… sempre foi a rapeize interessada… que jogou junto!

para os “entendidos” em marketing e pesquisa, o pessoal C/D nunca foi interessante aos veículos de comunicação por onde circulei.

tá captando? tá percebendo onde quero te levar?

participei da equipe que criou a flu fm e jamais tivemos consciência do que estava sendo colocado em prática… mas colocamos! mesmo sem saber, a flu fm alastrou, engrandeceu, compartilhou (não existia este verbo) e semeou uma informação musical, até então, ausente do dial.

por lá, também existia a vontade de “comer bolinho carne e arrotar caviar”… mas, por ser de niterói, o caô não colava muito!

diante dos meus cornos o mundo girou… diante dos meus cornos as pessoas mudaram… diante dos meus cornos a curiosidade musical galgou parâmetros… diante dos meus cornos vi zilhões de ouvidos fissurados em legião, the cure, echo, paralamas, DUB, new order, tim maia, siouxsie & the banshees, afrobeat, aztec camera, gang of four, toots & the maytals, pistols & centenas de outros nomes “desconhecidos” naquele início dos anos 80!

ralamos, ralamos pra meirelles… e conseguimos chegar, em 1985, ao terceiro lugar do IBOPE!

o trabalho rendeu frutos gigantescos na segunda metade da década de 80: dois maracanãzinhos lotados com the cure (87), outro abarrotado com new order + echo, siouxsie + circo voador + todos os discos dessa tchurma lançados + dezenas de casas voltadas à nova cena abertas pelo brasa + músicas bacanas nas rádios + uma nova geração da MPB estabelecida.. UFA, a revolução venceu!

todos fizeram o dever de casa! TODOS!

deixei a flu fm em dezembro/85… criei o roNca tripa, radiolla e o roNca roNca… passei pelas rádios panorama, imprensa, globo e cidade + um ano na web, pela usina do som, em 2000. todos eles foram tempos inesquecíveis onde consegui impregnar a marca de quem sempre este a bordo do “jumboteKo”… mas não houve oportunidade de me envolver em algo além do simples fazer um programa de rádio.

sempre sonhei – e trabalhei – para ir além… sempre busquei falar com mais gente, todas as gentes.

até que, em 2006, recebi o convite para fazer parte da Oi fm!

o projeto era crescer junto com uma das únicas possibilidades de suce$$o naquele brasil tão distante: a telefonia celular!

e assim foi – programa ao vivo (dial & web) para são paulo, recife, porto alegre, ribeirão preto, campinas, rio de janeiro, santos, fortaleza, vitória, belo horizonte… com fortíssimas perspectivas de salvador, curitiba e brasília!!! investimento não faltava!!!

com dois anos de roNca roNca na Oi fm, tive certeza absoluta que, de novo, eu estava enfiado num projeto que poderia formar uma nova realidade musical no brasa! tive certeza!

tínhamos uma rede FM montada, uma operadora de celular apOiando, uma novíssima safra de artistas despontando, saturação dos artistas consagrados, a internet jogando a favor… enfim, a realidade era muuuito parecida com a do início dos anos 80 na flu fm! a diferenca básica é que, dessa vez, estávamos cutucando o BRASIL!

nada tirava do meu pensamento que a roda estava prontinha para girar!

e que, a partir ne nossa insistência, a TV globo, finalmente, descobriria o poder da Música! que a imprensa brasileira cairia de boca em novas perspectivas sonoras. que o Rádio despertaria… que a informação circularia livre, leve, boa, e solta!

ué, bastaria o “empurrãozinho” de DEZ rádios espalhadas pelo brasa reverberando, afinadamente, um novo jeito de tratar a Música para TUDO mudar!

mas, infelizmente, a roda mal saiu do lugar… claro, tivemos alguns sopros aqui e ali… mas nunca como deveria ter sido.

as amarras do busine$$ desmontaram todas as minhas expectativas… o projeto inicial foi minguando e tudo acabou do jeitinho lamentável que conhecemos.

no meio do trajeto, o brasil mudou bastante, as classes C e D passaram a ser O alvo da comunicação… só que o “conteúdo” levado para elas degustarem sempre menosprezou a inteligência brasileira… tá certo, não vou entrar nesta gaveta, senão a coisa vai ficar muito longa!

(lembrando que a afinação nesta conversa é, principalmente, musical, ok?)

a internet ganhou proporções dantescas e tratou de horizontalizar tudo e todos…  a profundidade da piscina passou a ser igual a do lavapé… descartar é um dos verbos mais conjugados. o planetinha gira a uma velocidade estonteante, nada fixa, a tonteira é constante… sério, lascou!

é assim que a banda toca… e neste show, não há mais espaço para o meu sonho que virou realidade, nos anos 80… ou para a minha certeza, de meados dos 00, que desceu pelo ralo… atualmente, não há lugar para a expansão, para formar, para multiplicar, em grande escala, assuntos que fazem parte da bula roNca…  basta apurar o “material” em nossa volta!

não sinto sodade nem tristeza,  muito pelo contrário… simplesmente, estou certo do meu quadrado. que adoro e defendo  – cheio de orguho e esperança – até minha última gota de suor… esteja onde eu estiver! hahaha… épico mas é vero!

mas todo este bláblá foi para colocar, aqui no tico, um email que enviei aos ex-companheiros de Oi fm, exatamente, às vésperas do carnaval de 2008… simples assim: