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Tour do Maracanã respira o ar melancólico do iminente adeus da concessionária

Visita cai de 50 minutos para 11 minutos, perde salas e andares e acaba em chute a gol

Terceiro ponto turístico mais visitado do Rio, atrás apenas do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar, o Maracanã tem oferecido um serviço pela metade desde o início do ano. Ou melhor, menos do que isso. A visita guiada que em novembro durava 50 minutos, foi feita nesta semana em apenas 11 minutos pela reportagem do GLOBO. A venda dos ingressos do tour também não é mais feita pela internet. O preço resiste. Brasileiros e estrangeiros desembolsam R$ 40 pela visita, estudantes pagam meia.

Estádio que teve a reforma de R$ 1,366 bilhão paga pelo Governo do Estado, hoje em crise financeira, o Maracanã deixa seus visitantes na mão em plena alta temporada. O sistema de ar condicionado não funciona, como acontecia até o fim do ano. Para amenizar, grandes ventiladores foram instalados, mas sem a mesma eficiência. Limpar o suor da testa foi corriqueiro para quem fez o breve tour nesta sexta-feira.

– O ar condicionado faz falta, mas o estádio é muito bonito – elogiou o estudante colombiano Juan Pablo Cabrales, de 19 anos, que já fez duas outras visitações em estádios, o Monumental, do River Plate, e La Bombonera, do Boca Juniors, ambos em Buenos Aires. – O tour do Monumental me pareceu maior, mas o Maracanã é mais bonito.

O roteiro da visitação também mudou. Antes os visitantes começavam pelo quinto pavimento, onde conheciam as cabines de imprensa. De quebra, tiravam fotos de cima. Agora, com os elevadores desligados, esta parte do tour não existe mais.

Depois, os visitantes desciam aos camarotes e tribuna de honra. Esse é mais um setor que já não se conhece. Questionados sobre as áreas que não seriam visitadas, os funcionários do tour lamentavam a mudança com visível constrangimento.

Outro setor que não está mais na rota é o Maracanã Mais. Dali, eles pegavam a escada rolante para dar sequência ao tour no primeiro pavimento. As escadas rolantes, no entanto, também estão desligadas e sem acesso ao público.

– Achei que poderíamos passar pela arquibancada e subir até os camarotes. Mas, no geral, o estádio está bem bonito. O Maracanã é o templo do futebol. Para quem gosta, não tem como perder – destacou o advogado curitibano Paulo Eduardo Schimanski.

Em nota, a concessionária que administra o Maracanã, majoritariamente controlada pela empreiteira Odebrecht, informou que não houve queixas dos visitantes. Entre os turistas brasileiros ou estrangeiros abordados pelo GLOBO, nenhum deles sabia que a visita guiada era mais longa até o final do ano passado. Também não sabiam que o sistema de ar-condicionado funcionava até pouco tempo.

O Maracanã S.A. respondeu ainda que o tour não foi encurtado, mas, sim, “sofreu alterações no formato”. Lembra ainda que “os visitantes podem permanecer o tempo desejado em cada estação do passeio, onde guias turísticos dão explicações sobre a história do estádio e do acervo exposto”. Único pavimento aberto ao público hoje, o primeiro andar já tinha visitação livre.

Outra mudanças, essa saudada pelo público, inclusive Juan Pablo e Paulo Eduardo, foi a colocação de uma trave atrás do gol à esquerda do campo – o gramado segue sem receber visitantes. Lá, os turistas chutam uma bola desgastada e fazendo seus gols no estádio. Compensação aos cortes no roteiros, a brincadeira justifica a manutenção do preço dos ingresssos, segundo a nota da concessionária.

“O passeio ganhou atrações mais dinâmicas como o Chute a Gol, uma das mais disputadas na temporada de Verão, em que o público tem a oportunidade de bater uma bola no templo do futebol, motivo pelo qual o preço do Tour foi mantido”, diz a nota, em que fala também .

Vale ressaltar que o Maracanã segue num esforço contínuo de racionalizar custos e que já iniciou um programa de adequação para o uso exclusivo do estádio nos Jogos Olímpicos, quando cederá suas instalações ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.”

Nesta segunda-feira, a empresa criada para administrar o estádio demitiu 75% de seus funcionários fixos. Em outubro, 40% já tinham sido cortados. Agora, dos 80 funcionários iniciais, restam dez pessoas cuidando da gestão.

Procurada pela reportagem, a Secretaria estadual de Esportes informou que a visitação não é um obrigação contratual da concessão.
(globo.com)