elid, jamal, adair & rosinha…

ferrare

Governador Valladares, como os passaralhos o tempo voa. Fiz uma viagem clandestina de negócios pela África e, lógico, à capital mundial do islamismo que é Londres. De burca, meus amigos, o português Elid Karak Karah, o francês Jamal Mustafá, o alemão Adair Yussef e o brasileiro Rosinha (a Louca) foram me buscar no aeroporto numa van alugada. Depois da celebração, rajadas de AK-47 para o alto, fomos para a reunião perseguidos pela Scotland Yard, Irish Yard, British Yard e por… Kevin, conhecido no Reino Unido e arredores (EUA, Canadá, Leste Europeu, Rússia, Africa, Asia.,..) como The Queer of Apocalypse, vulgo caçador de macho.

Driblando dezenas de carros da polícia, fomos parar numa viela nas imediações do porto enquanto o motorista da van ria e dizia “isso é treino”. Descemos num lugar úmido e escuro. Como tudo na Inglaterra, havia uma plaquinha: “Here, Jack The Ripper was copulated for the first time”.

Imediatamente, todos mijamos num muro velho enquanto ao longe ouvíamos as sirenes dos nossos caçadores. De repente Gov. pou! Um morcego patolou meu pau e eu gritei “que porra é essa?”. Foi quando ouvi a voz lânguida como a de Lady Francisco sussurrar no meu ouvido “my name is Kevin. Your American Beauty forever, crioulo gostosão… eu quero agasalhar essa sequoia”  Elid, Adair e Jamal gritaram “viado! mata! mata! mata”. Rosinha, a Louca, sussurrou “oi, linda”.

Os três começaram a surrar Kevin impiedosamente que gritava “batam, batam forte nessa carne que vai pertencer a vocês”. Jamal, o radical, foi até a van, pegou um ancinho e começou a capinar as costas de Kevin derramando álcool absoluto ao mesmo tempo. Sangrando muito, Kenin gritava “eu vou gozar…mais ancinho, enterra tudo!”. Emputecido, Jamal, o radical, voltou a van e pegou uma granada disposto a enterrar no reto de Kevin e detonar. Mas as sirenes já estavam perto. Entramos na van e atiramos o que sobrou de Kevin numa poça de esgoto. Parecia a capa de The Queen is Dead, do The Smiths.

Dois quilômetros depois, explodimos a van e nos fantasiamos de  Branca de Neve, Mulher Maravilha e Sininho. Rosinha, a Louca, não precisou de fantasia.

Um para cada lado, dispersão, rumei em direção a Abbey Road. Estava com fome e sabia que Luan Santana estaria lá, defecando um disco. Sentei naquela escadinha com cara de faminto e fiquei olhando todo mundo passar. Me davam 5 e até 10 libras.  Luan chegou de mãos dadas com Pabla Vittar, eu pedi um trocado “para comprar um pão, eu poderia estar assaltando” e ele ríspido respondeu: “Sou brasileiro, rapá. Conheço essa manha”. Pensei em me vingar, explodir aquele local, mas como além de preto e muçulmano sou beatlemaníaco, fiquei na minha.

Três dias depois fui ao Old Vic Theatre, ali na The Cut, Lambeth, London SE1 8NB. Ano passado assaltei a bilheteria mas como era o único teatro que conhecia fui lá com dois objetivos: 1) Pedir dinheiro na porta. 2) Se não dessem, eu iria assaltar com uma granada na mão. Apesar do meu péssimo inglês as bombas falam por si. Ao lado da bilheteria fiquei mendigando com minha fantasia de Sininho. Uma multidão entrava para ver uma peça e de repente rolou uma confusão. Não acreditei quando reconheci Kevin, todo enfaixado, com uma bengala na mão esquerda e metendo a mão direita no saco de todos os homens (FOTO). Era tão rápido que os molestados achavam que era batedor de carteira, quando na verdade era batedor de pirocas.

Fugi dali e, duas quadras depois, já caminhando, ouvi a voz de Lady Francisco: “Não adianta fugir, Black is Beautiful. Você vai ser meu”. Não resisti e pou! Gritei “no cu, rolinha” e detonei a granada no Kevin que no meio da explosão gritava “Londres é uma cidade muito looouuuca”.
O problema é que ele sobreviveu. Como li no jornal, no CTI do hospital ele disse para um jornalista “Bad blood, my love. Bad blood”.

Ummagumma Ferrare em fuga no Quirguistão, UK, Rio.com.br