macaco prego ao molho campanha…

ferrare

Governador Valladares eu estava fazendo uma palestra sobre a capilaridade do Baader Meinhof Blues (in memoriam) no sul do Sudão. Na platéia a fina nata do trabalhismo sudanês (FOTO) e ainda vários artistas de vasta pentelheira, digo, capilaridade no mundo árabe, em especial os percussionistas do Boko Haram Social Clube quando ao final, depois dos linchamentos de praxe, levantei e ia saindo daquela oca a 59 graus quando um mulato degradê como eu chegou na minha lata cansada e disparou: ” tá dando a maior merda na sua terra, hein?”. Acho bonito isso. O Sudão preserva tradições e execra a tecnologia. Na tribo onde eu estava não há luz, água, esgoto, telefone, carro, internet e, mantendo vivo o balaústre da tradição, o povo come criança. Mas ninguém sabe porque não existe comunicação. Tanto que quando cheguei para realizar o ciclo “a capilaridade da dialética em tempos árduos, numa terra onde o governo quer que você e sua família se fodam e o lema central é  – no cu, Rolinha – essa teta não largo não'” tive uma robusta crise de ética ao saborear um macaco prego ao molho campanha já que, dentro de meus inconstantes sub conceitos sobre a distância entre o cu e a rola não é de bom tom comer um antepassado tão próximo. Mas, mediante um gordo cachê do ministério da cultura local, cujo lema é “pátria estupradora” não só comi o macaco como, antes, o matei na mesa com martelo de estraçalhar caranguejo, uma tradição local. O Boko Haram bota a criatura amarrada com uma correntinha num prato fundo e entrega aos convidados uma bigorna portátil. Você é obrigado a gritar “mengoooo” e dar uma porrada certeira na nuca do primata. Mas eu… posso falar, Gov. my Gov.? Eu errei mais de 57 vezes e por isso a longa agonia do macaco que me cabia (à mesa estavam 485 comensais, cada um com seu macaquinho), chorando lágrimas de crocodilo, foi aplaudida de pé pelos anfitriões. O ministro da cultura, o nazi-angolano Flora Til (remédio pra caganeira nas horas vagas), notando a minha insegurança diante daquela cena lamentável, pegou o microfone e proferiu: “senhores e senhores (as mulheres já estavam no forno), o Sr. Ferrare merece uma salva de palmas por nos mostrar que conhece a fundo os ideais do sofrimento ao levar esse puto desse macaco ao ápice da dor. É muito lindo tudo isso. O sangue, a chuva, o teu olhar… E choveu merda, governador, choveu merda. Fiz o conclave, falei, chorei, teve briga, tiros, facadas, peguei o avião e aqui estou no Galeão deserto. Um comandante de Airbus desempregado me pediu esmola e informou em código: “a ema gemeu no tronco do juremar. se eu fosse você voltava pro seu mato”. Será, Gov????? Ummagumma Ferrare – ex-Ilha do ex-governador, ex-Brasil, UK, RJ