milton mandou pra gente (ou a abundância de “podcats”)…

Profecias

– Talvez logo haja mais influenciadores do que público a ser influenciado

“Comentando a proliferação de músicas na internet, meu amigo Dadi, lendário baixista dos Novos Baianos, previu que, pelas facilidades da produção digital, viveríamos um tempo em que teremos mais artistas do que público — e os artistas terão que pagar para serem vistos. É engraçado, mas estamos quase lá, como mostrou a quarentena, quando as limitações de contato físico e as facilidades tecnológicas geraram uma torrente de artistas e “artistas” nunca imaginada. Afinal, já existem máquinas de ritmo e programas digitais que fazem música sozinhos e até filtros que afinam a voz de qualquer desafinado, rompendo a última fronteira entre a arte e a fraude. Ou quem sabe criando uma nova forma de arte em que a tecnologia serve à criatividade sem limites. Ou atualizando o lema do Cinema Novo, “uma ideia na cabeça e uma câmera (de celular ) na mão”.

Como previu Tutty Vasques, no início da era das celebridades, o conceito de privacidade sofreria grandes transformações e viveríamos uma era não mais de invasão, mas de “evasão da privacidade”, em que profissionais e amadores exporiam suas intimidades para desconhecidos por livre vontade, em busca de aprovação, popularidade e dinheiro. As redes sociais confirmam a profecia.

É conhecida a profecia de Andy Warhol, em 1978, de que no futuro todo mundo seria famoso por 15 minutos. Mas foi ultrapassada, porque hoje cada um pode ter seu próprio canal de TV, sua rádio, seu jornal e sua revista digitais, para fazer o que quiser, se exibir dia e noite em busca de seguidores e patrocinadores. Os antigos formadores de opinião foram substituídos pelos influenciadores digitais, que não precisam de nenhuma formação especial nem de autorização de ninguém, e, democraticamente, qualquer um pode ser. Talvez logo haja mais influenciadores do que público a ser influenciado.

No início da pandemia, o ex-ministro Osmar Terra previu dois mil mortos, e o ministro da Saúde Mandetta profetizou 180 mil se não houvesse ação do governo, mas Bolsonaro o ignorou e o demitiu.”

Nelson Motta

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