relato do tricolor christiano sobre o jogo de ontem em são jujuba (ou paz total no clássico)…

flu

“Mauval, ontem ao contrário das orientações do GEPE, fomos direto para o bar Tunísia, na rua Teixeira Junior, a 500m da entrada de visitantes. Chegamos ao meio dia.

Chinelo, bermuda e camisa mocada no bolso. Meu pai usava um casaco por cima da camisa, em meio ao calor que fazia. Mas era o mesmo casaco que já assistiu vitórias sobre corinthias e santos, fora de casa. Prevaleceu a superstição.

Cerveja gelada com alguns flanelinhas, muita gente passando com a camiseta do Vasco. Ninguém parava ali por mais de 5 min. O bar ficava na rota em que a torcida do Flu passaria escoltada.

Por volta das 14:30 a PM vem na frente retirando qualquer torcedor ou bandeira que faça alusão ao adversário. O dono do bar avisa. “Amigo, vou fechar as portas senão pode começar a guerra das cervejas”.

O clima é tenso entre as duas torcidas desde fev/17, quando um amigo nosso, torcedor pacífico, foi covardemente agredido na Tijuca por membros daquela torcida organizada do vasco. Simplesmente porque estava usando uma camiseta do Flu. Pedro Scudi continua no hospital. Os agressores já foram identificados mas continuam soltos.

Como gado, vem descendo a rua 800 pessoas sendo pastoreados pela ineficaz PM do Rio. Em menos de um minuto, somos reconhecidos pelos diversos conhecidos que ali estavam. “Vocês são malucos, tão fazendo o que aí nessa esquina?”.

Camisa, fora do bolso. Casaco amarrado na cintura. Nos juntamos ao final da caminhada (foto) e chegamos ao portão 11, onde a torcida do vasco preparou uma recepção para nós. Como numa festa de debutantes, vários balões e pixacoes na cor rosa fazem alusão à má fase do Flu no fim da década de 90.

Fiquei pensando, mesmo um time que se orgulha da luta contra o racismo, se utiliza da homofobia como se isso fosse uma forma de provocação.

Alguns riem e tiram fotos. Outros se ofendem e começam a arrancar a homenagem. Triste ver como no futebol a questão da sexualidade ainda é um tabu muito forte.

Daí, pra frente tudo tranquilo. Muitos amigos, cerveja latão quente, músicas novas sendo ensaiadas para tentar emplacar na arquibancada.

Dentro do estádio, não fosse por alguns que resolveram se comportar como os animais que a PM insiste em tratar o torcedor, tudo na paz.

O bom desses jogos em que a torcida é obrigada a ficar toda em apenas um espaço, é que o canto sai em uníssono. Sou desses caras chatos que fica incentivando o outro a cantar e deixar o celular no bolso durante apenas 90min.

Dentro de campo, vitória justa do vasco que jogou mordido depois de ter levado dois 3 a 0 da gente. Segundo tempo frenético e cinco gols no total.

Pelo menos assistimos um bom jogo.

E segue o brasileiro. Mais três pontos pro Vasco. Como um vascaíno amigo meu diz, o brasileirão é o campeonato em que 20 clubes lutam pra não ser rebaixado e um acaba sendo campeão.

Abraço,”

Chrisottoni