renan, nick cave & a creNça, hoje…

Assunto: Nick Cave & TBS: é deus, mamãe

“Oi Mauricio, tudo certo?

Só pra dizer que se não fosse o Ronca Ronca eu não estaria aqui – em Londres, após um show de Nick Cave and The Bad Seeds. Não pela presença – eu já gostava da banda antes de conhecer o programa, então acho que eu iria mesmo assim. Mas mais pelo estado de espírito, pela crença na música. Essa é a sintonia que vem do Ronca Ronca.

Esse show me surpreendeu muito. Harmonias e arranjos diferentes para clássicos de décadas atrás crescem, são outra coisa. Na voz, o Nick Cave tenta se desafiar, quebra andamentos, faz falsetes, até um scat rolou. A banda é impecável, dá pra ver que eles ainda curtem a parada, que ainda há o que avançar, descobrir dentro da repetição.

As músicas do álbum recente (um dos mais tristes da história) milagrosamente chamam para algo maior que o luto, para algo doloroso e verdadeiro, por isso, genial.

Kylie Minogue apareceu para aquele dueto e todo mundo foi à loucura, demais, demais.

No fim, para Stagger Lee e Push The Sky Away, um monte de gente sobe no palco. Foi aí que lembrei dessa crença na música. No show, NC busca o toque e o olhar de alguns da plateia pra conseguir algum tipo de nova emoção, nesse final, ainda mais. Muita gente não saca isso e fica só registrando pelo celular ou, meio que hipnotizados, eles esperam algo da figura dele e não dos milhares de sons e sentimentos rolando. Mas o que muita gente não entende (acho) é que ele tá ali pela música, pela experiência coletiva da música. Isso é nítido pra mim.

NC vai se desvencilhando de selfies, acreditando na música e em quem a escuta. Empurrando o céu.

(Teve Courtney, Shame, Patti Smith também, mas isso fica pra outro texto).

Abraço,”

Renan