take me to the river…

Governador Valladares, sei que não adianta falar com vossa pessoa. Afinal, é carnaval e, pelo que te conheço, deve estar virando madrugadas e mais madrugadas paramentado de Colombino pelas rua de São Sebastião do Rio de Janeiro. Estou na cidade de Guilin no centro sul da China, onde o Boeing 787 Dream Liner bichado precisou pousar para fazer uma chupeta na bateria. Gov. my Gov., peguei minha anã Baldinha e saí pelos campos chineses, lamentavelmente levando muita, mas muita porrada bispo Valladares. Por que? Porque a região é primitiva, acho que nem luz elétrica tem, e the people aqui nunca viu um afro descendente como eu. Segundo um borracheiro que troca o pneu do 787, “sabe essa coisa de pele?”. Perguntou e saiu rebolando cantando “Catito, Catito, Catito meu”. Assim cavalga a humanidade, Gov. my Gov. Ainda assim, peguei aquele 38 Special que roubei de Keith Richards quando os Rolling Stones tocaram em Copacabana e Keith estava cheirando um quiosque na avenida Atlântica e atirei numa meia dúzia de chineses. Tiros de advertência, na testa. Comecei a ser respeitado e até cultuado pelo povo. Por que, Gov. my Gov? Por que precisamos matar, matar, matar para podermos ser livres? Como escreveu Olavo Bilac, poeta que deveria ser contratado pelo Ronca Ronca, “Joguei um limão nágua/ Pesado, foi ao fundo/ A água ficou turva/ Camarão não tem pescoço”. Governador, de tiro em tiro cheguei até uma Lan House em Botekin, bairro que fica na periferia de Guilin. Acessei o Ronca Ronca e ouvi a comovente história do seu amigo, músico e produtor Mulato Veloso (foto) sobre o Mali. Gov. my Gov. ele tem razão. Pronuncia-se Malí porque os franceses estupraram aquele país africano até o talo. Enquanto ouvia o programa em peidocast chorava como uma iguana, abraçado a Baldinha. Por que? porque foi no Mali que perdi a mulher de minha vida. Foi horrível, meu Governador. Eu e ela corríamos de mãos dadas entre as vans da estradinha de terra cheias de crianças com seus uniformes escolares e, num momento de volúpia apaixonada, Jandirá se jogou no rio e….Não consigo….as lágrimas me ardem os três olhos Gov. my Gov. Jandirá, que tinha sido miss Mali em 1974 foi devorada por 37 crocodilos e 14 hipopótamos. O último, covarde, canalha, que lambeu os ossos, xinguei de Ricardo Amaral. Cansado, ainda tive que copular 17 suecas que vão ao Mali só pra…dar, Gov. my Gov. E como sou crioulo, digo, afrodescendente tive que corresponder já que reza a lenda que nossos falos são astronômicos. Copulei na frente de Baldinha que, pra minha decepção, nada fez. Voltando ao linchamento, enfurecido, o hipopótamo, que como bem disse Mulato Veloso lá  se chama hipopótamo mesmo, tentou me comer, mas, rápido, indignado, levantei a calça a tempo.//// Gov. my Gov. escrevo para desejar que o seu carnaval continue bom, quente, uma brasa mora, bispo Valladares. Que você continue se divertindo nos braços desses 6 milhões de foliões que fazem, do Rio de Janeiro a barbárie mais civilizada do mundo. O 787 com os kamikazes aposentados vai subir e não sei onde vai pousar. Sei lá, meu bem, sei lá. Ummagumma Ferrare de Guilin, China UK, RJ.