“this is the end” (j.morrison)…

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TERÇA, 24/01/2017, 06:00

Marchinhas politicamente incorretas estão na mira dos blocos do Rio

Entre as canções censuradas estão hinos como “O teu cabelo não nega”, “Cabeleira do Zezé” e “Maria Sapatão”. A polêmica divide opiniões: há quem defenda o caráter democrático da festa, já os críticos, dizem que as músicas ofensivas não devem fazer parte de uma manifestação popular.

Por Frederico Goulart

Foi das mãos do compositor Lamartine Babo que, em 1932, nasceu um dos hinos do carnaval brasileiro. Hoje, 84 depois, “O teu cabelo não nega”, encontra-se no centro de uma polêmica que agita o carnaval de Rua do Rio: afinal, qual deve ser o espaço das letras politicamente incorretas na festa? Há quem defenda uma lista de canções proibidas, na qual também estariam marchinhas como “Cabeleira do Zezé” e “Maria Sapatão”.

Algumas dessas músicas já estão fora do repertório do Bloco Mulheres Rodadas – que surgiu do movimento feminista. Uma das componentes do grupo, Renata Rodrigues diz que o corte de determinadas letras acontece após discussões internas. Ela defende que letras ofensivas não devem ter espaço em uma manifestação popular.

O veto às marchinhas de letras polêmicas está longe de ser um consenso, até mesmo entre os componentes de cada bloco. No Céu na Terra, tradicional grupo carnavalesco do Rio, a decisão de retirar “O teu cabelo não nega” do repertório não agradou a todos, como explica o diretor Péricles Monteiro.

Na visão de Rodrigo Rezende, presidente da Liga Carnavalesca Amigos do Zé Pereira – organização que reúne alguns dos principais blocos da cidade -, a discussão é importante. Mas não se pode perder de vista o caráter democrático da festa.

Ricardo Cravo Albin, pesquisador e crítico musical, não mede as palavras pra criticar a censura. Pra ele, cada momento tem seu tempo, e é uma tolice a desconstrução do que foi consolidado no passado e na alma popular.  Ele defende que temas como a mulher, a cor da pele e o homossexualidade sempre foram cantados durante o carnaval. Apagar isso seria negar a própria história da festa.

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