van “the man” & túlio, em barcelona…

brasinha.tico

Assunto: Van Morrison

“Oi Mauricio,

Viajar atras de um festival de música sempre pareceu um motivo óbvio para mim. E segue sendo. Mas é até engraçado notar que pra muita gente essa é uma razão excêntrica, perdi a conta de quanta vezes as pessoas responderam “mas é esse o motivo de você sair do Brasil?” quando eu dizia que o objetivo principal da viagem era o Primavera Sound de Barcelona. Pois bem, para o espanto de alguns europeus é isso que eu mais gosto de fazer todo ano.

Primavera Sound é o festival de melhor custo benefício do mundo. Sempre tem uma curadoria afiada, fica numa cidade linda e os serviços funcionam perfeitamente bem. Esse ano eu fiquei curioso pra ver o show novo do Arcade Fire, pegar o Xx que não vi em São Paulo, conferir mais uma vez o Flying Lotus e principalmente acabar com a agonia de nunca ter visto o Van Morrison ao vivo. A morte do Cohen foi um golpe baixo e quebra de expectativa porque eu ainda tinha muita esperança de ver um show dele qualquer dia. Não deu. Foi praticamente um dever cívico ir no show do Van.

O momento aconteceu num fim de tarde lindo de Barcelona. Um arco azul dourado no  céu em meio a poucas nuvens despedaçadas. Foi num horário cedo para os padrões do festival e tranquilo para ficar encostado na grade e ouvir o som sem problemas. As revelações começaram quando o palco foi montado. Vários microfones para uma banda grande, configuração com baixo acústico e um toque de estilo a lá Raul Gil: a girafa e microfone de Van eram todos dourados. Ele entrou no palco depois da banda toda, portando um saxofone e revelando para mim sua baixa estatura. Nunca imaginei que ele fosse tão baixinho, haha.

Claro que a voz não é a mesma, mas fui muito feliz em estar tão perto dele. A segunda música da setlist foi Moondance e eu cantei alto junto com a plateia ao meu lado, visivelmente de média mais velha do que o resto dos shows. Ele emendou uma versão de Have I Told You Lately e fez um show calmo mais próximo dos standards pop do que das esferas mais lúdicas de seu repertório. Em algumas canções ele tocou mais saxofone do que cantou, delegando o trabalho a duas excelentes backing vocals. O final do show foi o ápice com uma versão mais suingada de “Brown Eyed Girl” e finalizando com “Gloria”. Essa ultima puxou um clima de confraternização incrível. Vibe boa e diferente: parecia mais um show de cruzeiro do que festival de música.

Antes do show começar eu dei uma entrevista para uma TV da Catalunha e falei mal e porcamente espanhol. Falei que queria ouvir especialmente “Into the Mystic”. Ele não tocou, assim como faltaram as musicas do Astral Weeks, meu álbum preferido. Isso me frustou um pouco. Então caiu a ficha… esse show não valeu e eu vou ter que ir atras dele de novo em breve. Já tô olhando a agenda e me preparando pra 2018.

O resto do festival é papo para uma cerveja qualquer dia desses.

Abraços”
Túlio