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o #266, ébaNo & willaNa…

Assunto: Ébano no #266

“Alou alou

RoNquinha sempre inoxidável. Como sempre tem e terá gente falando bem mais e melhor do que eu sobre qualquer edição do jumboteco, vou pular essa parte e dar meus pitacos acerca da canção “Ébano”.
Por causa do vídeo ali embaixo a gente sabe que o arranjo é do Oberdan Magalhães. O grupo intitulado como Solando no Tempo (ao menos foi o que deu pra supunhetar mesmo com a imagem não tão boa) – olha o momento batatada – é que é uma pré Black Rio (se a gente partir do princípio que a de rocha, à vera, seria a que gravou o Maria Fumaça e os demais discos) com um ou outro integrante que se perdeu no meio do caminho.
Agora vamos para o achômetro ou momento batatada real oficial: Acreito que no piano elétrico seja o Marcos Resende. Barrosinho no trompete e Oberdan no sax. No trombone não consigo identificar quem seja (Zeca do Trombone, Serginho Trobome?). Só sei que não é o Lucio que foi quem gravou os discos da Banda Black Rio. Na bateria possivelmente é o Luiz Carlos. A guitarra pouco aparece, ou seja; sem chance de chutar o nome do caboclo. E na percussão, pelo amor do guarda, me apareça alguém pra dizer quem é porque eu não consigo lembrar o nome desse sujeito nem se me oferecerem um bilhete premiado da mega. Perdoe a senilidade e me ajude a confirmar os achismos.

Beijo, abraço, aperto de mão”
W.

Ps: se você não conhece o disco do Marcos Resende & Index, corra, Lola, corra. E se você conhece, mande o povo conhecer.

Ps. 2: bem-vindo de volta, Nandão.

evilasio e o #266…

Assunto: Black Rio? Azymuth? Os dois? Nenhum?

“Salve!

Meu Rei, vou arriscar um palpite me baseando na ficha técnica do disco que ele gravou pela mesma Som Livre um ano depois desse festival, o Maravilhas Contemporâneas. Nesse disco, consta a participação dos seguintes músicos, além do Melodia, claro: Luiz Carlos (bateria, percussão), Jamil Joanes (baixo), Oberdan (sax alto, sax tenor, flauta) entre outros bambas como Marcio Montarroyos, Fredera, Mauricio Einhorn e um etc. que não cabe no espaço desse e-mail. Enfim, repare que a “cozinha” e parte da metaleira da Black Rio está aí. Partindo daí, acho bem provável que os músicos da Black Rio tenham tocado com o Melô no Abertura, antes mesmo da fundação da Banda Black Rio,

Ah, e concordo contigo quanto a qualidade do som desse disco, também tenho ele aqui. A RCA, que prensava os discos da Som Livre nessa época, caprichava na prensagem, mesmo com aquele disco dynaflex fino como papel, hehehe.

É isso, MauVal, programa inoxidável, cabriocárico e rélpis, como sempre. LoNg live RoNquinha!! 😀

Abração.”

Evilasio

a bula do #266…

dexy’s midnight runners – “burn it down”

dexy’s midnight runners – “geno”

dexy’s midnught runners – “there there my dear”

dave edmunds – “deborah”

tema roNca roNca

joão brasil – “pau molão blues” (ao vivo no roNca, em maio2007)

darondo – “didn’t i”

tim maia – “energia racional”

ian dury – “common as muck”

los fabulosos cadillacs – “revolution rock”

hüsker dü – “ticket to ride” (7″)

tom waits – “downtown train” (7″)

metá metá – “tristeza não” (ao vivo no roNca, em outubro2013)

glenn branca – “lesson nº1”

eddie harris & les mccann – “shorty rides again”

chief commander obanezer obey – “ija pari” (7″)

joni mitchell – “carey”

jennifer jason & kurt russel – “jim jones at botany bay” (trilha hateful eight)

luiz melodia – “ébano”

david bowie – “wild is the wind”

ouça AQUI o programa

deborah…

I named my daughter after this song. I really did. 1983, Manchester: it was playing on the radio in some café on Oxford Road, because it was Dave Edmunds’ birthday. I was on my way to an ante-natal check at St Mary’s Hospital. Very young, very confused. Hadn’t even dared to think about names. Song stuck in my head. April 15th has been known as Dave Edmunds Day in our family ever since. Happy birthday Dave Edmunds! (aged 69, April 15th 2013) Happy birthday Deborah! (aged 30, April 18th, 2013) xx

a bula do SGR#30 (ou dizem que foi o pgm mais cascudo no SGR depois do que teve a presença de adelzon alves)……

the spencer davis group – “gimme some loving”

jennifer jason & kurt russel – “jim jones at botany bay”

los djangos – “raiva contra oba oba”

the undertones – “jimmy jimmy”

the undertones – “teenage kicks”

metá metá – “angoulême”

metá metá – “imagem do amor”

benito de paula – “retalhos de cetim”

CAN – “bubble rap”

the jesus & mary chain – “bullet lovers”

j.j cale – “golden ring”

ouça AQUI o programa

matheus mandou pra gente…

matheus (de capivari, torcedor do santos) acabou de mandar uma mensagem que arrancou meu coração pela orelha… ele nunca havia se manifestado, mesmo sendo ouvinte há décadas. respondi dizendo que as letrinhas dele são o típico exemplo do inoxidável corpo a corpo com aTRIPA… matheus aproveitou para contextualizar tudo com dalton trevisan…

cheers

“Uma Vela para Dario”

Dalton Trevisan

Dario vem apressado, guarda-chuva no braço esquerdo. Assim que dobra a esquina, diminui o passo até parar, encosta-se a uma parede. Por ela escorrega, senta-se na calçada, ainda úmida de chuva. Descansa  na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes à sua volta indagam se não está bem. Dario abre a boca, move os lábios, não se ouve resposta. O senhor gordo, de branco, diz que deve sofrer de ataque.
Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo apagou. O rapaz de bigode pede aos outros que se afastem e o deixem respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario ronqueja feio, bolhas de espuma surgem no canto da boca.
Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua conversam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando  a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede – não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de  moscas lhe cobrem o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora , comendo e bebendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados – com vários objetos – de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade, sinal de nascença. O endereço na carteira é de outra cidade
Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: é a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproxima-se do cadáver,  não pode identificá-lo  – os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio – quando vivo  – só destacava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o rabecão.
A última boca repete  – Ele morreu, ele morreu. E a gente começa a se dispersar. Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para  lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem  morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço vem com uma vela, que acende ao lado do cadáver, Parece morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.

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Texto extraído do livro “Vinte Contos Menores”, Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20.

Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.