Todos os posts de mauval

presença+lanny+gal…

dizem os historiadores que o jornal presença foi a terceira publicação independente a bater de frente com a ditadura aqui pelos lados da cidade de são sebastião… logo depois do sol (67) e pasquim (69)… o presa teve apenas – pelo o que consta – dois números lançados no final de 1971… e abriu caminho para a chegada da rolling stone. os formatos e assuntos eram muito parecidos. o número um do presença destacou: “john lennon – torquato – andy warhol – waldick soriano – helio oiticica – erasmo – gal – macrobiótica”. a capa estampou o MEGA espetacular guitarrista lanny (19 anos) que, na época, galgava parâmetros com gal costa. pode começar a chorar de emoção…

presenca.lanny

lanny2

o mesmo número um do presa publicou o anúncio do célebre show…

gal

la roja & muito mais…

chile

o título conquistado pelo chile começou a dura tarefa de limpar a desgraceira que até hoje está impregnada no estádio nacional de santiago, sede do terror imposto por pinochet ao povo hermano. caramba, o chile jamais havia faturado um campeonato internacional… felizmente, a primeira estrela na camisa encarnada foi costurada no sagrado gramado da capital chilena… onde, em 1948, exatamente ali, coincidentemente, pela primeira vez, um clube brasileiro levantou uma taça internacional… na marra! isso mesmo, com o expresso atropelando geral!

imagina minha emoção quando, em dezembro2012, estive com os paralamas no estádio nacional para um evento gigante da TV chilena… o terremoto de sensações foi brutal… pisar aquele solo Histórico, imaginar os acontecimentos sangrentos da ditatura, ver a multidão explodindo de felicidade, dividir tudo com os paralamas, pressão… lembro que fiquei um tempão sozinho, amoitadinho, delirando com a possibilidade de estar ali… arrupiado, blu blu forte…

santiago

pra fechar a noite de experiências inoxidáveis, a xeretinha flagrou, lindamente, bigorrilho no palco…

bi.chile

arriba chile!

claudia mandou pra gente (ou só o rádio salva)…

radio

Só o rádio salva

Arnaldo Bloch O COLUNISTA ESCREVE AOS SÁBADOS

No mundo AM podem mudar as vinhetas, mas a maneira de se comunicar não muda nunca

 

Sempre que o coração aperta, que as coisas parecem ir por um rumo existencial sem solução, me refugio no rádio. Não no rádio que passa na internet, com seus milhares de estações pré-programadas em nichos, nem nos portais de rádios espalhadas pelo mundo (o Transglobe de meu pai, com aquele dial mágico, já fazia isso em 1971). Meu porto seguro é o AM, com seu som mono, seu timbre abafado, sua sintonia apertada, como o coração que eu dizia. Já era assim na infância, quando ouvia com os pais a “Turma da Maré Mansa”, e continua a ser assim agora, já que até o charme das FMs passou, a Fluminense morreu, o espírito da Cidade morreu e a MEC, sem o Arrigo, foi assassinada, embora não de todo. Se não posso mais transcender o ser através da cultura pseudoinútil e dos anúncios da Rádio-Relógio (única instância em que o tempo, como o conhecemos, era um parâmetro que fazia sentido), posso, ainda, deliciar-me com os bordões infinitamente renováveis de Édson Mauro no futebol, voz amiga que pareço conhecer de tempos imemoriais, e não adianta ver a foto no Google, aquele não é ele, o verdadeiro Édson Mauro é o que a voz evoca numa imagem difusa que paira sobre a lógica. No mundo AM podem mudar as vinhetas, ligeiras atualizações, mas, na essência, a maneira de se comunicar não muda nunca, é sempre efetiva, eficaz, eficiente, para a dona de casa, o taxista, o desportista, o plantonista, o solitário, a família, os amantes e os cornos. Se ontem na Globo havia o Saldanha, o Jorge Curi, o Waldyr Amaral — hoje há o Penido gritando “bota o pé na forma, bicho!”; o José Carlos Araújo, que, depois de abastado purgatório no sistema bancário de rádio, volta ao tubo pela Tupi ao lado do Apolinho, e trava-se, com a graça dos deuses, a guerra entre Penido, o Garotão-vingador, e o Garotinho, que jamais abriu mão de sua marca, nem quando um político malfamado lhe surrupiou a alcunha. E lá vem a nova geração, Hugo Lago, Camila Carelli, e, na mediação, o papo multifocal de Zeca Marques, com suas sapatadas no ventilador da bola, do samba e das canções de motel (o Good Times 98 agora virou grife de horário AM). Meu coração bateu, preocupado, quando Felipe Cardoso, com seu jeito entre o raivosinho e o paternal, deixou de comentar jogos, mas hoje comemoro sua onipresença como âncora absoluto da Central da Bola. Devo confessar que me vejo bastante apegado à Globo. Era a rádio que mais ouvia antes, continua a ser, por motivos que dizem respeito à cultura dos primeiros anos, mas com certeza também à qualidade e a um certo espírito de bate-papo que jamais cessa. E a um padrão de vinhetas, de chamadas, pelo qual se continua a zelar, os nomes dos times ecoados, os dos locutores cantarolados, o assovio na marcação de tempo, as sonoplastias que revivem nos nervos emoções que remontam ao tempo em que nem palavras havia, tempos povoados de eletricidade estática num Brasil abafado por nuvens e tremores. Hoje, quando ligo a TV e vejo Eduardo Cunha tomando conta do país, Lula em desespero, Dilma falando em mulher sapiens, o Dunga malhando afrodescendentes e continuando no cargo, juristas dizendo que o ambiente prisional é agradável porque os meliantes “encontram seus amigos no pátio da prisão”; quando a delação vira a única instância da Justiça; quando, em meio ao genocídio perpetrado pelo Estado Islâmico a questão central é se o Caetano vai dar show em Israel; quando me vejo enclausurado em engarrafamentos de duas horas de Copacabana a Botafogo e sei que nunca mais sentirei aquela maresia, e que o fedor do posto 5 não cessará jamais; então, só quero ligar o rádio e ouvir a estática do AM, e cada vez meu interesse se estende — exceção feita aos programas religiosos, muito embora estes me façam lembrar de papai, que adormecia com o radinho encostado no ouvido, e, para dormir, sua preferência eram os pastores mais apocalípticos, de ele achava graça, escutava aquilo como se fosse um radioteatro do fim do mundo, e se alguém desligava a gritaria, ele acordava com um urro, temeroso do silêncio. Mas avanço, e, em noite fria dessas, a caminho, ouço o Alexandre Ferreira, com seu programa de mela-cueca, ajudando viúvos e viúvas a encontrar parceiros. Não é meu caso, ando feliz nessa coisa de amor. Mas o Alexandre, entre uma e outra solidão, queria saber do ouvinte qual a melhor coisa para fazer no frio, e as respostas, por zapzap ou telefone, pouco variavam: fazer amor, dormir ou tomar chocolate quente. A certa altura o comunicador se queixou, mandou mudar o disco, e me ocorreu que gosto de tomar sorvete no frio: não derrete com facilidade, é possível fruir sem sujar a mão, a roupa, a casa. No primeiro sinal vermelho gravei minha mensagem: “Alexandre, no frio a melhor coisa é sorvete, pois não derrete”, e me identifiquei, unicamente, como “Arnaldo do Leblon”. Já no portão da casa da namorada, ouvi minha voz soar e demorei a crer que era mesmo eu. O locutor disse: “Olha essa aqui”, o sonoplasta jogou uma risada marota e um som bizarro de mola maluca, e o Alexandre disse que a coisa era muito bem pensada, e nunca me senti tão reconhecido na vida como nestes minutos anônimos. Aliás, como diria a Rádio-Relógio: (…) nos países frios o consumo de sorvete aumenta no inverno (…) você… sabia? (…) Casas Pernambucanas (…) Magazine Uzai (…) Funerária Já Vai Tarde (…) sete horas, dois minutos, zero segundo (…) e o resto é silêncio e solidão.

 

maciel fatal & a rolling stone…

com data 1fevereiro1972, foi lançada a primeira edição brasileira da revista rolling stone. luiz carlos maciel era o editor, a capa (layout duplo) estampava big boy…

RS2

e a revista dobrada tinha caetano na frente, era a imagem das bancas…

RS1

na seção de lançamentos, o principal disco foi “gal fatal / a todo vapor”, apresentado por LCM. na mesma página, outra novidade, dessa vez, resenhada por jorge mautner…

fatal1

fatal2

new order (ou maciel, a leNda)…

maciel

“Um tanto constrangido, é verdade, mas sem outro jeito, aproveito esse meio de comunicação, típico da era contemporânea e de suas maravilhas, para levar ao conhecimento público o fato desagradável de que estou sem trabalho e, por conseguinte, sem dinheiro. É triste, mas é verdade. Estou desempregado há quase um ano. Preciso urgentemente de um trabalho que me dê uma grana capaz de aliviar este verdadeiro sufoco. Sei ler e escrever, sei dar aulas, já fiz direções de teatro e de cinema, já escrevi para o teatro, o cinema e a televisão. Publiquei vários livros, inclusive sobre técnicas de roteiro, faço supervisão nessas áreas de minha experiência, dou consultoria, tenho – permitam-me que o confesse – muitas competências. Na mídia impressa, já escrevi artigos, crônicas, reportagens… O que vier, eu traço. Até represento, só não danço nem canto. Será que não há um jeito honesto de ganhar a vida com o suor de meu rosto?” Luiz Carlos Maciel

este grito de socorro foi colocado na web por um dos mais inoxidáveis brasileiros que conhecemos… especialmente para mim, maciel significou – por muito tempo – algo parecido com a importância dos mais avançados/modernos/atualizados sites de informação para a garotada de hoje.

diversas vezes cruzei com ele na rua… e sempre com o mesmo papo: “maciel, você é uma referência, uma lenda, um monstro, um fissurado em música. vamos combinar sua visita ao roNca roNca”… ele ria, concordava… e a coisa nunca andou.

não sei se felizmente ou infelizmente mas o fato é que o S.O.S ganhou espaço na mídia e, a essa hora, (TOMARA) maciel já possa pagar as contas… mas a creca seguirá no ar… outros “macieis” estão na mesma gaveta do esquecimento, da burrice, do bundamolismo, da padronização… um dos lados da tristeza pode ser conferido aqui, de onde retirei as devastadoras letrinhas de LCM!

maciel forévis… e forévis!

grosseria escocesa d’aTRIPA…

ontem, ao conferir a caixa postal do roNca, fui – impiedosamente – jogado ao chão pela MEGA-STROGONÓFICA-SINISTRÓIDE gentileza do ouvinte gerson… que, recentemente, bateu perninhas no UK e barbarizou na coda, loja cascudaça de edimburgo (escócia). D+, né? pois é, acontece que boa parte dos cds adquiridos estavam me aguardando na embalagem do sedex com este bilhete:

gerson

coda

fairport convention, bert jansch (2), alabama shakes (“sound & color”), shilpa ray (novíssimo), nick cave (na KCRW), pentangle… mamãe!

( :

o maestro & o roNca…

dois momentos inesquecíveis na História do roNca com o maestro arthur verocai:

a participação dele no primeiro show de marcelo jeneci no rio de janeiro (com presenças de tulipa ruiz e marcelo camelo) em 10janeiro2011… devidamente registrado na escadaria de serviço do teatro casa grande…

arthur_verocai

e a estonteante visita ao roNca (8fevereiro2011) em pleno trailer da oi fm estacionado na praia do arpoador…

verocai3

queimando pneu no calçadão…

verocai2

leNda!

o mundo é dos…

net

na manhã de 11setembro2001 eu estava mimindo quando o telefone tocou com toni platão aos berros do outro lado…

– acorda, porra. entrou um avião por dentro de um edifício em nova iorque…

eu:

– porra, não fode… vai fazer gracinha na casa do…

ele:

– porra, acorda… é um ataque terrorista foda nos states…

eu:

– é? tá bom. vou ligar… tchau

liguei e dei com os cornos no exato momento do segundo avião explodir na outra torre… chapei… colei na TV… o planeta colou na TV.

em outra ocasião, bem antes, meu primo telefonou:

– liga agora a TV que raul seixas tá dando um entrevista do caralho sobre a ressaca

liguei no ato e testemunhei raulzito, profético, teorizando sobre as forças da natureza… manja esse momento, né?

enfim, tudo isso pra reforçar que a TV tem sido – nos últimos tempos – uma fonte instantânea de informação… assim como o rádio, procede?

só que, para os assinantes da NET, a coisa mudou brutalmente. voltamos aos anos 60 quando os aparelhos de TV tinham que esquentar pra funcionar. isso porque diante de mais uma mudança tecnológica – que deveria ser para melhor – a bodega ao ser ligada fica quase um minuto com a tela preenchida, apenas, por uma informação xexelenta que diz:

– atualizando informações. por favor aguarde

ontem, cruzei com um técnico da NET, perguntei sobre a situação e ele garantiu que esse é o novo “padrão de qualidade” da empresa… aproveitei a ocasião pra confirmar:

– queridão, então, se eu chegar em casa e quiser ver a cobrança do último penalti da decisão do mundial de clubes, naquele instante… só verei o replay?

ele:

– isso… só quando repetirem a imagem

um chapa, altamente tecnológico / modernão, me disse que acabou de descobrir um jeito para enfrentar a nhaca: “deixo a TV ligada, direto”!

PQParille!!!

bem-vindo ao mundo dos…