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aí, folha de são paulo, hoje… aí…

“Peço perdão ao professor Pasquale se invado, aí, a sua seara: sei que meto o bedelho num assunto que ele poderia destrinchar, aí, com muito mais propriedade do que eu, mas não me aguentei. Eu tinha que me manifestar, pois desde a explosão do gerúndio –lá se vão, aí, mais de dez anos– não aparecia uma moda, aí, tão irritante, aí, como essa do “aí”.

Moro longe, nos cafundós da Granja Viana, e sempre que estou, aí, na Raposo Tavares, parado no trânsito ou me movendo, aí, na mesma velocidade que o finado bandeirante devia atingir, aí, a pé, ouço rádio -e as rádios são o celeiro, aí, a estufa, aí, a chocadeira, aí, do “aí”.

Entendo que não deve ser fácil falar ao vivo, aí, pra milhões de pessoas, aí, sobre separatistas na Ucrânia, o novo disco, aí, do Gilberto Gil, o trânsito, aí, na Anhaia Mello. Compreendo que, pro sujeito manter, aí, o ritmo, ele às vezes tem que se escorar, aí, numa ou noutra muleta. É como um chiclete que você mastiga, aí, na porta do cinema enquanto espera, aí, uma garota com quem vai sair, aí, pela primeira vez.

Mas assim como o ininterrupto sobe e desce da mandíbula pode acabar, aí, irritando a garota, o “aí” também consegue, aí, se sobrepor à informação. Aí -e aqui eu uso corretamente o “aí”, como advérbio, não como, aí, um soluço fonético- já não consigo mais prestar atenção em nada do que o cara fala: esqueço, aí, as tramoias do Putin, me desinteresso, aí, dos sambas do Gil, ignoro, aí, o caminhão-baú que enguiçou na pista da direita da Anhaia Mello -sentido bairro: só consigo ficar, aí, esperando o momento, aí, que o sujeito soltará, aí, o seu próximo “aí”.

Tenho pensado muito, aí, sobre o “aí” e cheguei à conclusão que ele exerce, aí, duas funções. Por um lado, ele amacia a frase, fazendo, aí, com que a dureza dos dados se acomode, aí, numa almofada de coloquialidade. Por outro lado, paradoxalmente, o “aí” parece dar, aí, mais complexidade à notícia. Se o repórter fala, aí, que “O mercado espera um crescimento de 1% em 2014”, a impressão que temos é que ele teve acesso a um só dado e nos transmitiu. Mas se ele diz, aí, que “O mercado espera um crescimento, aí, de 1% em 2014”, parece que ele analisou, aí, várias planilhas, viu expectativas de 0,6%, de 0,8%, de 1,3%, de 1,4%, fez seu próprio balanço e chegou à conclusão, aí, de que o crescimento esperado é em torno, aí, de 1%.

É essa falsa profundidade, aí, que me deixa especialmente irritado. Lembra muito o outrora poderoso “no caso”. Teve uma época, aí, em que o brasileiro era incapaz de responder uma pergunta que não começasse, aí, com “no caso”. “Tem Serramalte?” “No caso, não.” “A próxima avenida já é a Brasil?” “No caso, é.” Depois do “no caso”, veio, aí, o gerúndio, depois do gerúndio, aí, o “com certeza” e, agora, aí, o “aí”.

Ouso dizer, aí, que o “aí” é mais perigoso do que todos os modismos anteriores, justamente por ser mais discreto. Invisível aos olhos, quase inaudível aos ouvidos, ele se multiplica em nossas bocas como percevejos, aí, numa cama de pensão. Não quero ser alarmista, aí, mas acho que o problema é sério. Ou o Brasil acaba, aí, com o “aí” ou, no caso, o “aí” vai estar acabando, aí, com o Brasil. Com certeza. Aí”

é escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles ‘Meio Intelectual, Meio de Esquerda’ (editora 34). Escreve aos domingos.
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lembra quando o assunto passou porraqui, né?

frisco…

meu chapa clóvis construiu a vida dele, nos últimos muitos anos, em são francisco.

a prole é americana… com altíssimo risco de ser chamada pra dar uma “voltinha” na ucrânia…

ou síria, ou líbano… enfim, comer chumbo moído em nome da dominação!

casca grossa!

durante décadas, clóvis alimentou o desejo carnal de abrir um bar temático em… rock’n’roll…

no rio de janeura!

lá pela américa foi adquirindo centenas de peças (cartazes, autógrafos, discos, postais, traquitanas,

geringonças, revistas, quinquilharias, jornais…) para adornar o tal sonho etílico/musical.

o tempo foi voando… e nada do “botequim” se tornar realidade.

como era previsto pelo psicanalista, a vontade secou… a barra pesou, “the times they are a changin'”…

e:

“maurição, tô vendendo tudo. não vou mais ficar aqui. não aguento mais nossa cidade, nosso país,

meu botafogo… tá tudo desabando. porra, daqui a quantos anos o presidente brasileiro será

empossado no templo de salomão?”

PQParille!

) :

dei um chego lá na maloca dele e arrematei a edição póstuma da rolling stone, lançada em 29outubro1970!

barra pesada… heavy pra meirelles!

TOP10…

tem neguinho que acha (aliás, tem certeza) que basta mudar o “pobre coitado” do técnico dos canarinhos para

que o futiba brasileiro passe por profunda reformulação.

enquanto isso, a alemanha coloca seis clubes na lista dos dez mais populares on earth.

não adianta ficar dizendo que tem a maior torcida do mundo, que é o país do futebol, que tem

a nação na ponta da chuteira e chorar copiosamente durante o hino se os estádios porraqui estão às moscas, procede?

o brasilzinho é representado por apenas duas agremiações no TOP100: cruzeiro (em 70ª) e o gigante santa cruz (em 89ª)!

o resto… é o resto!

baba aí…

barba, cabelo & bigode…

estive, ontem, no registro de mais uma página do documentário “barba, cabelo & bigode”…

que contará a saga de três catedrais do futebol brasileiro:

afonsinho, nei conceição & paulo cézar caju!

aqui você fica $abendo como apoiar a idéia, ok?

levei para PC duas fotocas dele com são bob marley, captadas no campo de pelada de

chico buarque, em março1980!

 a xeretinha ficou empolgada e…

com o diretor…

( :