quando o Malkmus e os Jicks vieram ao Barazil, troquei uma idéia com o batera, Jake Morris, depois do show no Circo, no dia seguinte àquela grande noite na Baratos
ele falou que está na banda há pouco tempo (entrou no lugar da Janet Weiss, do Sleater-Kinney) e que toca também numa banda chamada Street Nights, que estava para lançar um vinil, e anotou pra mim o bandcamp da banda: http://streetnights.bandcamp.com/
no mês seguinte fui lá e comprei o tal álbum, que chegou sexta passada
mas, incrivelmente, ele me mandou 3, e não só o um que comprei !
então, estou com o dois para te entregar ! 🙂
o três também está com rumo certo: O Taner !
ao contrário dos Jicks, nessa banda o Jake não toca bateria, mas canta, além de ser o autor de todas as letras (menos de Everybody’s Sometime and Some People’s All The Time Blues, do Kevin Ayers !)
a banda é de Portland (OR), e, preciso dizer, há tempos que a “cena” de lá tem me impressionado bastante
aliás, Portland e Nashville são dois dos pontos do zeua que mais têm chamado minha atenção ultimamente, em relação às bandas
o Street Nights conheci com o próprio Jake, mas, antes disso, através do selo Gnar Tapes, encabeçado pelo Erik Gage (cuja alcunha musical é Free Weed), passei a ouvir um bando de bandas inter-relacionadas, como The Memories, White Fang, Guantanamo Baywatch, Love Cop, BOOM! …
é gente que não pára de fazer música, tem rocks pegajosos, eletrônica, sons bem dementes, lo-fi … atividade frenética !
o disco foi lançado pelo selo local Infinity Cat, que também abriga outras da “cena”, como Jeff The Brotherhood (grande representante), Heavy Cream, Natural Child …
O que não faltavam eram animais ali naquele zoológico, todos fardados
e “seguindo ordens”
3 e pouca da tarde e decidi ir me juntar ao pessoal que protestava ali
em São Cristóvão, perto da subida do viaduto que leva pro Maracanã.
Vim desde lá da Praça Varnhagen, passando por várias barreiras
policiais, mas tudo tranquilo… Aquela torcida higienizada e
asséptica passeando e se dirigindo ao estádio, dezenas de placas e
voluntários auxliando e até um protesto artístico, pessoas pintadas
segurando placas e fazendo uma coreografia sob o olhar atencioso e
cordato de policiais militares… um primeiro mundo que tenho certeza
que se repetirá no próximo Fla X Vasco que acontecer ali… hahaha.
Mas enfim, prossegui meu trajeto subindo o viaduto, que estava fachado
para carros, assim como todo o trânsito no entorno. Comecei a gravar
os helicópteros, as centenas (milhares?) de pessoas ao fundo e todas
as polícias (PM, Choque, Força Nacional) que estavam enfileirados no
caminho entre eu e os manifestantes.
Não deu tempo de chegar ao manifesto porque a Tropa de Choque, sem
motivo nenhum, começou a atirar e jogar bombas de gás. Quer dizer,
motivo tinha sim. Já tava na hora do jogo então a turistada já tava lá
dentro e para o Sérgio Cabral quem protesta é marginal e tem que ser
tratado assim.
Detalhezinho: dezenas de PMs sem máscaras estavam na linha de tiro e
foram alvos também das bombas, respirando o mesmo gás que eu e toda
imprensa estava respirando. Vi vários policiais subindo o viaduto
chorando que nem bebês e com dificuldade de respirar.
Seguiram-se alguns minutos de caça desenfreada aos poucos
manifestantes que permaneciam no local ou que tentavam ir até o Maraca
por outros caminhos. Logo a turma resolveu se reunir ali perto da
Quinta da Boa Vista, mais longe ainda do maraca, mas mesmo assim a
Tropa não titubeou. Foi pra lá e mesmo com os manifestantes cantando o
hino nacional e gritando “sem violência”, a covardia se repetiu. Desta
vez, com ônius e carros passando e famílias que estavam indo se
divertir. O Choque jogou bomba até na linha do trem!
Tudo muito lamentável, mas tomara que pelo menos assim cada vez mais
pessoas saibam como age a duplinha Paes & Cabral, já que quando
interessa a eles, como no caso dos royalties do petróleo, eles
decretam feriado e tudo.
E pra completar, fiz uma perguntinha no La Cumbuca antes mesmo dessa
animalice na Quinta da Boa Vista http://www.lacumbuca.com/2013/06/quem-sao-os-donos-das-empresas-de.html
pois bem, não perca tempo… o fim de semana está aí, na cara!
ok, meu chapa luiz (logo ali embaixo) saiu do cinema quando as fofas – à frente dele no cinema – pensaram que veriam um show da legião… tadinho, ele ficou tão traumatizado que ainda não conferiu o filme!
VOLTA, luiz… VOLTA!
enfim, “faroeste caboclo” é imperdível!
desempenho espetacular dos atores & atrizes (todos), fotografia de primeira, som muito acima da maioria brazuca, trilha sonora “cabeleira altíssima” (buzzcocks, nancy sinatra, kc & the sunshine band, plebe rude…), roteiro casca grossa, ótima reconstituição de época e a surpreendente direção de rené sampaio (estreante na telona)!
tá bom?
olha o outro “trailer”…
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da sertania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
De escolha própria, escolheu a solidão
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico, aos doze era professor.
Aos quinze, foi mandado pro o reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror.
Não entendia como a vida funcionava
Discriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, foi direto a Salvador.
E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem
Mas João foi lhe salvar
Dizia ele: “Estou indo pra Brasília
Neste país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar”
E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal
“Meu Deus, mas que cidade linda,
No Ano-Novo eu começo a trabalhar”
Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga
Na sexta-feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E o Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que o seu ministro ia ajudar
Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que, como Pablo, ele ia se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado, a plantação foi começar.
Logo logo os maluco da cidade souberam da novidade:
“Tem bagulho bom ai!”
E João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali.
Fez amigos, frequentava a Asa Norte
E ia pra festa de rock, pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinho da cidade
Começou a roubar.
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
“Vocês vão ver, eu vou pegar vocês”
Agora o Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
“Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter”
O tempo passa e um dia vem na porta
Um senhor de alta classe com dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta do João
“Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cu na mão
E é melhor senhor sair da minha casa
Nunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião”
Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse:
“Você perdeu sua vida, meu irmão”
“Você perdeu a sua vida meu irmão
Você perdeu a sua vida meu irmão
Essas palavras vão entrar no coração
Eu vou sofrer as consequências como um cão”
Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto e ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar
Falou com Pablo que queria um parceiro
E também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina
Mas acontece que um tal de Jeremias,
Traficante de renome, apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que, com João ele ia acabar
Mas Pablo trouxe uma Winchester-22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar
Jeremias, maconheiro sem-vergonha
Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
Se dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
“Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já tá em tempo de a gente se casar”
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez
Santo Cristo era só ódio por dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
Amanhã às duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor
E o Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora e o local e a razão
No sábado então, às duas horas,
Todo o povo sem demora foi lá só para assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo, começou a sorrir
Sentindo o sangue na garganta,
João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e
A gente da TV que filmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
“Se a via-crucis virou circo, estou aqui”
E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester-22
A arma que seu primo Pablo lhe deu
“Jeremias, eu sou homem. coisa que você não é
E não atiro pelas costas não
Olha pra cá filha-da-puta, sem-vergonha
Dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão”
E Santo Cristo com a Winchester-22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor
E o povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade
Não acreditou na história que eles viram na TV
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília, com o diabo ter
Ele queria era falar pro presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz…
Fiquei aqui “pelejando”, num bom mineirês, prá lembrar com a voz de quem parece a do vocalista do Family e cheguei a conclusão que lembra muito a voz do Brian Ferry do Roxy Music..o que vc diz? Depois ouve uma: If There’s Something, do RM
Abçs,
Estamos plugados na net e ouvindo suas misturas, sempre.”