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alessandro, o chefe & o “preto e branco”…

Subject: Fomos surpreendidos novamente! (como diriam os caras do Casseta & Planeta)
“Salve MauVal! Salve Nandão, a lenda!
 
Caramba! Caramba! Caramba!
 
Tive que ir esses dias ao escritório onde eu trabalho para resolver umas pendencias que só conseguiria resolver presencialmente. Estou de quarentena, guardado em casa, desde 16 de março de 2020, aguardando esse mocorongo do corona vírus ir embora.
 
Meu chefe (aquele mesmo que em 2018 começou a me viciar nesse tal de roNca roNca) me avisou que haveria uma “coisa” em cima da minha mesa quando eu chegasse no escritório.
 
Qual não foi a minha surpresa ao chegar no escritório, ver um envelope grosso, lacrado, em cima da minha mesa endereçado a mim.
 
Pensei: que pocilga é essa que o Diogo aprontou desta vez.
 
Rapaz…. ao abrir o envelope não é que dou de cara com a maior coletânea de registros feitos pela Xeretinha na face da terra?
Que livro sensacional, Mauricio! PQP!!! (desculpe pelo alto índice de IPR neste e-mail).
Cara, folhear essas páginas é uma viagem inenarrável.
 
Mas tem um problema ai neste livro: algumas fotos dão um gatilho em um fã do BR ROCK, como eu.
Algumas páginas remetem a um pensamento: “opa, já vi essa foto em algum álbum que eu tenho aqui em casa”.
Dito e feito: Os Paralamas do Sucesso e a Legião Urbana estão lá, firmes, fortes e sacudidas, registradas pela Xeretinha de modo primoroso e marcadas a ferro e fogo na cabeça da audiência altamente qualificada deste programa.
Fui ver a ficha técnica dos álbuns que eu tenho aqui em casa e qual não foi a minha surpresa ao perceber que você sempre esteve lá, MauVal…
Caraca! Caraca! Caraca!
Nunca tive chance de agradecer pelos registros fotográficos tão bem feitos em álbuns clássicos que até hoje habitam o meu coração.

Muito obrigado, Mauricio.

Valeu mesmo!

E parabéns pelo livro: sensacional! Puta presente absurdamente bom que meu chefe me deu.

Forte abraço.”

Alessandro (SP)

os quatro anos do “preto e branco”, hoje…

em 21novembro2016 nasceu o livro “preto e branco”, há quatro anos exatos.

quando olho pra ele, na boa, não acredito que seja real… caramba, a missão foi cascuda, a gestação (minha) mega lenta e se não existissem muitos amigos com o firme propósito de fazer a criança nascer… hummmmmm, sei não, o livro seguiria na lista de meus sonhos.

tranquilamente, dá pra comparar o “preto e branco” com a existência do roNca roNca… já que o programa segue ativo, ao longo de tantos anos, exclusivamente, por conta das muitas pessoas que insistem em remar… adiante.

o “preto e branco” foi pra pista quando luiza mello, raul mourão, fred coelho e christiano calvet seguraram o touro à unha e gritaram inspirados pelo rei: “it’s now or never”.

para celebrar esses quatro aninhos, separei algumas imagens captadas pela xeretinha que  marcam um tasco de nossa trajetória. tipo: preparação, gráfica, lançamento inesquecível, divulgação e registros de peças raras com ele em mãos.

pra começar o agradecimento GIGANTE a todos que participaram (e seguem reverberando a criança), os quatro que deram o chute inicial…

UAU

lembrando que AQUI está boa parte da connection com o livro nesses quatro anos!

mais uma vez, só me resta agradecer-agradecer-agradecer e agradecer a TODOS

cheers

( :

o grande barato do barata…

num futuro próximo (ou distante), o talento de mário barata será reconhecido… guardadas as devidas proporções, como foi o caso de alair gomes… que, mesmo super conectado às artes, levou décadas para se transformar em um dos principais nomes da fotografia planetária.

well, well, well… barata tinha um estúdio na rua da lapa onde registrava, principalmente, a população que gravitava pela localidade… ou seja, a fina flor dos excluídos, a biodiversidade da vizinhança como nessa masterpiece que está pendurada bem na minha frente…

grande parte da remuneração do mário vinha de revistas “sensuais” voltadas para quem não podia comprar as publicações de “nu artístico”… manja?

barata, volta e meia, me ligava: “vamos fazer umas fotos pra revista?” e circulávamos por áreas amoitadas/remotas na cidade de são sebá sem ninguém para incomodar… tipo a foto (de 1979) com ele registrando a moça e que está no livro “preto e branco”… claro!

mário barata parecia um viking (devia ser), grandão, cabelo todo desgrenhado, ótimo humor… dessas pessoas raras. até que um coice no coração derrubou nosso ragnar. PQP!

semana passada, raul mourão e fred coelho mandaram esse tijolinho, de 1980, informando…

D+ o resgate dessa homenagem ao gigante mário barata.

não tenha dúvidas, um dia, Ele será descoberto como tantos outros fotógrafos da atualidade que, “da noite pro dia”, galgaram parâmetros intergaláticos.

barata forévis

peça original danificada…

(janeiro1979)

# A cidade submersa que o Chico cantou – ela agora é real #

Nada é pra já, mas um restaurante fecha hoje, um botequim amanhã, e vai se formando aos poucos a cidade submersa de que falava a música de Chico Buarque, aquele Rio de Janeiro em que os escafandristas do futuro mergulharão na busca dos vestígios de uma civilização naufragada. Para que tal não se assuceda, urgem cestas básicas para orfanatos, álcool gel para comunidades ou, como faço agora, boas doses do mais fervoroso paganismo carioca.

É preciso erguer os copos da solidariedade e pagar uma rodada de gim tônica na Casa Villarino, no Castelo, o barco à deriva que na semana passada mandou à cidade uma garrafa com mensagem de socorro. A Zona Sul, com seus charmes e mitos, nasceu naquela mesa ao fundo do salão. Foi onde Tom Jobim conheceu Vinicius, depois abriu a tampa do piano para receber os versos do poeta e juntos, sol, sal, sul, som suave, redesenharam a cidade sofisticada que passamos a amar.

O Rio de Janeiro já foi destruído muitas vezes, e o próprio Villarino está sobre os tesouros jesuítas do Castelo, o morro derrubado justo para evitar pandemias. Surgirão muitas encarnações ainda, como houve a das livrarias da Rua do Ouvidor e dos sambas na Festa da Penha – mas é triste quando a cidade que submerge é aquela que a gente conhece e se sente feliz.

Por isso, na esperança de que muitos façam o mesmo, eu peço, e desde já deixo gurja gorda, uma rodada de salada de batata com kassler ao Bar Luiz – e assim faço tilintar a máquina registradora, a mais linda música a se tocar neste momento no restaurante. O alemão da Rua da Carioca sobreviveu aos ataques dos estudantes antinazistas na guerra e agora balança dramático com a versão 2.0 de genocídio pelo vírus. O que era charme, a arquitetura sem janelas para impedir a rua de lhe bisbilhotar o interior, agora é maldição – e no início do mês lá se foi, também sem janelas, o Mosteiro, um cardápio fundamental para explicar a construção do espírito da cidade.

A história do Rio de Janeiro é um sublime palimpsesto onde um incêndio apaga a boate Vogue, mas logo na quadra seguinte alguém acende as luzes do Sacha’s – e, camada sobre camada, tudo se reinventa pela criatividade intrínseca ao DNA malandro-agulha da cidade. Acontecerá outras tantas vezes. Mas o que eu quero hoje é que o Rio Minho, também ameaçado, perdure na Praça XV e sua sopa Leão Veloso (estou pedindo duas) esquente muitos invernos de nossa apavorada existência. Se um dia ele tiver de ir que não seja agora, nesta mesma temporada em que o Navegador, há 45 anos ancorado no porto seguro da Rio Branco, deixou de se lançar ao mar com os doces alhos de seus cabritos.

É uma tragédia ainda não encerrada, a rapidez com que uma cidade inteira de referências históricas está se pondo submersa. Reina o medo de, finda a pandemia, com tantas perdas, o carioca sair às ruas e desconhecê-las. No passado já se chorou a demolição do Palácio Monroe, o fim da geral do Maracanã, o desmonte do Morro de Santo Antônio. Teme-se agora perder a fina baixa gastronomia da empada de camarão do Salete, de igual relevância para nos explicar. Uma cidade se faz do conjunto de seus símbolos. Não é um cardápio, é um discurso de civilização. Não é uma empada, é o Pão de Açúcar sobre a mesa. A propósito, garçom, me traz uma dúzia.

Joaquim Ferreira dos Santos

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