“a ofensa oficializada”, por z´ da mar´…

“Falar a respeito do que está acontecendo na Maré faz todo o sentido, principalmente se for pra buscarmos as circunstâncias que estão por trás disso tudo.A Upp, ao menos no real sentido “pacificador” do termo, me parece uma farsa (assim demonstra ser esse projeto pela maneira que ocorre, com policiais despreparados, recém formados, sem estrutura, sem cabeça, sem nada;muitas vezes são ações de teor midiático pra mostrar serviço, mas depois que a poeira baixa, tudo volta ser como antes, pior, talvez).Não está dando certo onde já foi instalada, e não vai ser aqui que vai dar.Um projeto de “maquiar” a cidade, a custo de muito sangue alheio.A grosso modo, é isso.Poderia ser só um “momento batatada”, mas tem significados bem mais escabrosos.
Você me pediu pra escrever sobre minha percepção do que está acontecendo, e é mais ou menos isso : paliativos pra inibir o tráfico, fruto de leis que não fazem sentido.
Talvez ter chegado em casa essa semana e ter encontrado a porta aberta, com a casa revirada, e saber que a polícia invadiu a procura de “algo” pese na minha opnião (afinal, como diz o provérbio, “no  dos outros é refresco”) .Está mais do que claro que toda essa história foi,é, e seguirá sendo ações um estado de exceção. Direitos individuais (que qualquer pessoa teria em regiões mais elitizadas da zona sul, por exemplo, como o de não ter a sua residência invadia pela polícia sem um mandato judicial) parecem valer muito pouco na ótica de quem está por trás de tudo isso. Isso sempre aconteceu (ao menos comigo, é a segunda vez que entram em minha casa sem qualquer justificativa.A primeira vez foi a uns sete anos, quando acordei com dois policiais em meu quarto – entraram pela janela – com uma arma apontada pra mim.Perguntaram se os meus cds eram originais (!!!) e foram embora…hahahahaha(dessa vez, até poderia ser considerado uma arbitrariedade isolada desses policiais.Foi tão grotesco que quase foi engraçado); enfim, sinto que tenho pouco a dizer comparando a casos\relatos de “suspeitos” serem mortos (alguns até mesmo a facadas), relatos que pipocam aqui e ali,e não tem novidade nenhuma nisso (aliás, já reparou que sempre quando pessoas são mortas na favela, dizem que o “suspeito tinha passagem pela polícia”, como se isso justificasse execuções, e fica tudo por isso mesmo?); dessa vez (ao menos aqui) a gravidade  está no fato de que não há mais nada velado : tudo foi “autorizado”, os abusos são justificados, direitos básicos, constitucionais são enterrados na base da canetada.Não há pra onde recorrer. Como diz uma velha música do Chico Buarque, “-chamem o ladrão!” (??? …melhor não).
Quem ler isso, poderia interpretar de maneira torta, como se eu preferisse um “estado paralelo” ao “estado” de fato, e entendo que pode parecer (erroneamente) isso.Não quero ser simplista, muito menos  maniqueísta, mas vivendo aqui (e em tantos outros lugares em que coisas assim já fazem parte do cotidiano), e vendo esse tipo de histórias rolarem frequentemente, não tem como ser muito simpático com certas idéias e ações por parte do estado.Não dá pra acreditar em nada do que vejo na Tv, quando vejo o noticiário, parece um outro mundo, com pontos de vista fora da realidade.Parece tudo comprado.Relatos como esses, por exemplo, não fazem parte do discurso :
” A POLÍCIA AINDA NEM ENTROU NA MARÉ E JÁ SURGEM RELATOS DE INVASÕES DE CASAS

“Minha mãe estava dormindo. Quebraram móveis e mexeram na geladeira”, disse um adolescente.

“Estão entrando na casa dos moradores, estourando vidro de carro. Se damos bom dia, eles saem xingando. É muito abuso. A gente quer é políticas públicas aqui dentro. Que melhorem os serviços”, disse a presidenta de uma associação de moradores que se identificou como Andrea.

“Eles estão esquecendo que somos trabalhadores. Levaram uma televisão de 32 polegadas de uma senhora. Estragaram a fechadura da minha porta. Eu sou trabalhador. Estou revoltado por causa disso. Foi hoje, entre as 9h e as 10h”, contou um morador que se identificou como João.

“Eles estão entrando porta adentro. Não tem diálogo”, completou outro morador.
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Todos estes relatos estão na matéria da Agência Brasil: http://bit.ly/1p8Docg

O nosso receio é que se repita isso aqui: http://on.fb.me/1dtdVIH
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#assessoria

*Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil ”

Ou esse tipo de coisa : https://www.youtube.com/watch?v=6pFe1HSrYLY (como ver isso e ser pró-polícia, pró-Upp?  ) . Sem contar que sobre essas invasões, não faltam relatos de furtos feitos por quem deveria ter vindo pra nos proteg…quer dizer, não sei bem por que vieram.

Enfim…normalmente não falo muito sobre esse tipo de coisa, porque sinceramente, não tenho muita esperança a respeito (por mais que a esperança seja a última que morrer, às vezes ela fica doente, anêmica, bem fraca), ou até mesmo paciência pra debater, e simplesmente vou vivendo.Mas o Ronca é um (ou melhor, “O”) canal tão foda, que representa tanto pra mim, que nem pensei duas vezes em escrever essas breves letrinhas.Fico por aqui (escrevo isso ao som barulhento de helicópteros que rondam a Maré desde às cinco da manhã, que me impediram de dormir essa noite.Na verdade, eu não teria conseguido dormir de nenhuma maneira : teve o aviso de que a UPP entraria nessa madrugada, e que policiais e exército entrariam nas casas, assim, como quem diz “foda-se, é isso mesmo”.Como dormir com isso?É uma ofensa oficializada.Direitos, pra quem? http://extra.globo.com/casos-de-policia/justica-expede-mandado-coletivo-policia-pode-fazer-buscas-em-todas-as-casas-do-parque-uniao-da-nova-holanda-12026896.html  ).Poderia escrever mais, com outras nuances, mas enfim, é mais ou menos isso.

(Ps : pra quem quiser saber sobre o que está acontecendo de fato, recomendo canais alternativos como esse : https://www.facebook.com/Marevive .Esqueça a tv).
Abraço”