Assunto: O que dizer sobre o programa #350?
“Prezados Mauricio Valladares e Nandão, boa tarde.
Demorei uma semana para conseguir escrever este e-mail. Espero que até o final dele fique claro o motivo de tamanha demora.
Até começar a ouvir o roNca roNca eu só havia chorado copiosamente por causa de um programa de rádio uma vez: foi no dia 11 de outubro de 1996, aproximadamente as 16:00 hs.
Nesta data e horário eu voltava da cidade de Santos, litoral de São Paulo, onde eu havia ido prestar serviços para a empresa de telecomunicações que eu trabalhava à época.
Subindo a Rodovia dos Imigrantes há um trecho, logo na parte de planalto, em que se é possível sintonizar a 89FM.
Assim que eu entrei dentro da área de cobertura da emissora, liguei o carro e levei nos ouvidos uma enxurrada de músicas da Legião Urbana. Enxurrada esta devidamente interrompida pelo locutor da época, Roberto Hais, avisando que havia acabado de falecer Renato Russo.
Não faço a menor ideia de como eu cheguei em casa, tamanha a tristeza e a quantidade de prantos que eu verti ao saber desta notícia.
Não preciso dizer que eu, com 45 anos de idade atualmente e com 22 aninhos na data do ocorrido, sofri uma brutal influência da Legião Urbana e de seu vocalista na minha infância / adolescência. Ao saber que ele não mais daria voz a ideias, sons e pensamentos com os quais eu tanto me identificava fiquei consternado.
Desde então eu achei que nunca mais seria arrebatado por uma emoção tão forte vinda das ondas do rádio quanto foi aquela sexta feira a tarde.
Pois o destino me reservou outra sexta feira a tarde no meu caminho.
Sexta feira passada, dia 23 de agosto de 2019, fui pegar minhas duas crias na escola (Elisa (03 anos) e Nicolas (08 anos)) e ao chegar em casa fui preparar o jantar da casa, enquanto os pimpolhos se deleitavam em algum desenho animado na Netflix.
Como minha esposa ainda estava trabalhando e iria demorar um pouco para voltar, peguei minha caixinha de som Bluetooth, pareei com meu celular e coloquei o #350 para rodar.
E eis, em determinado momento do programa e do jantar, que me entra no ar o Marcelo Jeneci cantando Saudade do Meu Pai…
Meninos….
Eu não faço ideia de como eu terminei o jantar… e nem se o mesmo ficou bom… as crianças na sala vendo TV e eu sentado no chão da cozinha derretendo em lágrimas.
Voltei para repetir esse trecho do podcast algumas vezes…
Eu não conhecia o Marcelo Jeneci. Vim a conhece-lo por intermédio de vocês do roNca roNca.
Meu pai é falecido há 25 anos. E até este programa eu não sabia muito bem expressar o tamanho e a dimensão da saudade que eu sinto por meu pai.
Eu sou pai de duas crianças. Estar na cozinha preparando para eles uma refeição, com aquele sentimento que só a paternidade pode lhe dar, de que você está cuidando, alimentando, educando, criando seus descendentes e herdeiros e ouvir a música que vinha dos alto falantes, que correlacionava passado, presente e futuro é algo que realmente me emocionou muito.
Muito, mas muito obrigado mesmo pelo programa de vocês e por vocês proporcionarem uma experiencia musical muito além da música em si.
Valeu demais a pena ouvir as palavras do meu chefe, a um ano e meio atrás, dizendo que havia descoberto um podcast que ele achava que eu iria me amarrar, um tal de roNca roNca.
A palavra roNca roNca me remetia apenas a música do Lulu Santos. E depois de ouvir diversos programas de vocês consegui entender a falta de correlação entre as duas coisas.
Esse meu primeiro contato com vocês aconteceu no #316. De lá pra cá não perdi absolutamente nenhum.
E ainda andei escafunchando no Bau do roNca, onde ouvi uns excelentes programas.
Mas nenhum até agora teve o impacto sequer próximo ao que o #350 me causou.
Vocês estão de parabéns mesmo.
Que tenham vida longa e que possam continuar nos proporcionando música de qualidade com conhecimento de qualidade.
O meu mais forte e fraternal abraço e mil desculpas pelo longo e-mail.
Vou ali enxugar minhas lágrimas e já volto para tomar coragem e ouvir o #351.
Tenham um excelente final de semana.”
ALESSANDRO