Governador Valladares, tudo bem? Agasalhando croquetes nesse inverno delicioso? Comendo pipoquinha no Maraca Fashion Mall? Mandando espírito de porco se roçar nas ostras? Ox under shadow / Boi na sombra? Pois eu estou querendo saber onde aqueles artistas que assinaram o abaixo-assinado pela preservação do Cinema Leblon estão se reunindo. O documento saiu no Globo de hoje. Se for de graça, quero assinar também e, aproveitar, para ver artistas. Quem sabe a sua, a minha, a nossa Adora Mautner não está nessa história e eu, velho afroascendente não a vejo, não a cultuo, não enterro minha língua na campainha dela como faziam seus e meus heróis da pornochanchada nacional (FOTO) nos anos 1960, 1970? Hein? Cine Leblon, ah, eu me lembro, eu me lembro, eu me lembro, Alzira e eu brincando de Taiguara cantando Universo do Seu Corpo em uma sessão de Black Emanuelle no Leblon, cinema que tem um aroma que mistura Dermacyd com água sanitária. Gov. my Gov. como saí na mão naquele cinema. Só na cena da Girafa na versão inglesa de “Oh! Rebuceteio” foram 11, 12, não sei quantas vezes assisti a esse autêntico Kurosawa latino-americano. O cine Leblon não pode acabar. Carlos Zéfiro, certa fez, escreveu uma revistinha toda sobre Monteiro, o Punheteiro, um de seus personagens, que vivia no cinema bolinando as moças. Tenho certeza de que o cinema em questão é o Leblon, memória em acetato da sua, da minha, das nossas bronhas. Onde, por exemplo, “200 Motels” de Frank Zappa passaria caso viesse para o Brasil? No Leblon! Onde “Atrás da Porta Verde”, aquele em que o protagonista prende a pele da fimose no buraco da fechadura e acaba tendo um orgasmo entraria em cartaz. No Leblon. Ora, por que? Porque o cine Leblon é infiel depositário de toda a suruba inconsciente que superlota a classe média (ou seria classe mídia) da Zona Sul do Rio. Não é à toa que Manoel Carlos só escreve novelas sobre o Leblon. “Em Família”, por exemplo, só pode ter sido gerada no cine Leblon. Onde um tarado pedófilo, vivido pelo personagem Laerte, mete a espora de cavalo nos cornos do amigo e depois sai pelo mundo chupando flautas? Hein, Gov.!!!! Espero que este Tico Tico ajude o cine Leblon a ficar lá, em nome das futuras punheteiras e siririqueias gerações. Ummagumma Ferrare, assistindo “Bacalhau”, Bac ´s em Umatic.