aTRIPA reverberando o #459…

Assunto: #459, Que petardo!

“Mauricio… O que foi esse programa??? Cara, neste momento, às 2:10 da manhã, este seu amigo, cavaleiro errante, encontra-se exatamente a bordo do clássico cometão, em plena Regis Bittencourt, rumando de São Paulo à Curitiba, onde devemos chegar por volta das 6:30 da manhã. Depois de 1 longo ano, tô indo visitar meus amados pais, que moram na maior cidadezinha do interior do Paraná, a Princesa dos Campos Gerais, Ponta Grossa, com sentimentos confusos e ambíguos. Mas isso é o que menos importa, neste e-mail. Estou tergiversando. O que pega é que, enquanto eu aguardava a chegada do Hale-Bopp, em pleno Terminal do Tietê, eu abri o Spotify e dei de cara com o roNquinha de sempre. Não tive dúvidas e tasquei o “play”, e quando ouvi os primeiros acordes de Lígia, reconhecendo os dedos mágicos do mestre Antônio Brasileiro, em sua interpretação divina, eu pensei na hora “esse programa vai ser dukarílio”. E não deu outra. Taqueosparile, Mauval. Eu tô impactado. O que foi esse 459? Quer dizer, que sequência foi essa? De onde surgiu essa iluminação? Essa lava vulcânica que engolfou, sem cerimônia, tudo ao seu redor? Tom Jobim, Sister Rosetta, Gilberto Gil e Mick Ronson, Cabaret Voltaire, Ali Farka Touré, Echo & the Bunnymen, Gil Scott Heron, Caymmi, Beastie Boys, Reginaldo Rossi, entre outros… Gente, é a trilha sonora da minha vida ! O roNca é fonte de vida e de energia, que não poucas vezes, me deixa absolutamente alucinado. Mauval, disse Frank Zappa uma vez: “broken hearts are for assholes” (aliás, fica a sugestão pra rodar aí). É isso mesmo: roNca roNca é a salvação da lavoura, é o emplasto de Brás Cubas, a cura para a melancolia, o elixir que renova as esperanças. É, sobretudo, a teia de ouro que os corações de todos os ouvintes. Somos uma irmandade. Sabe, voltar pro Paraná e especialmente para PG nem sempre é muito fácil, especialmente nesses tempos bizarros (imagine que hoje era para ter acontecido a mórbida “motociata” do Nefasto e sua trupe de mortos-vivos lá na cidade, mas graças ao vexame internacional da infecção do sinistro da saúde pela Covid-19, esse evento macabro foi cancelado). Eu tava indo com essa sensação estranhíssima e carregada. O roNca, mais uma vez, me salvou, me trouxe leveza e proteção e acalanto para minha alma. Vou chegar lá iluminado, com o brilho que só vcs podem oferecer. This is religion!!!
Muito obrigado.”

andré

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Assunto: Blu blu forte e intenso com o #459

“Salve, Mauricio!

Irmão, numa boa: Ronquinha #459 me emocionou real. Ele é a tradução (sem brincadeira, sem exagero) da minha conexão pessoal com o programa desde sempre, desde 1998 ( ai que saudade /+/ ).

Eu estou falando de uma parada que vai de Gilberto Gil + Mick Ronson, passa por outro Gil (o Scott Heron, que inclusive conheci no Ronca), cita Adelzon Alves e vai até Caymmi e Salgueiro 1993, esse clássico absoluto da música brasileira, tratado hoje pela turma do Carnaval meio como o “Stairway to Heaven” do samba.

Você não faz ideia do blu blu que foi ouvir agorinha, às margens do Ipiranga, a voz do meu ídolo Quinho reverberar pela casa saindo do Ronca Ronca. Isso enquanto mandava Malu escovar os dentes pra ir pra escola.

É isso: que outro programa, podcast, show de auditório etc tem a marra de misturar tudo isso aí – e fazer sentido? Cara, essa desorientação sonora (já te falei isso, né?) me ensinou a ouvir música. Desde 1998.

Eu acabei de entrar nos 40 (agora, dia 20). Em 1998 eu tinha 17!

A falation já tá demais. Bora sextar.

Abraço e SV”

Romulo

ps 1: por falar em samba-enredo, mais uma coincidência: depois do Sal 93 rolou vinheta de Martinho da Vila, enredo da Vila Isabel para o Carnaval (se rolar) de 2022.

ps 2: muito legal a reação do Nandão descobrindo sobre do que se trata Salgueiro 93. não sei se já te falei, mas sou apaixonado por desfile de escola de samba, e sempre que posso exalto esse clássico, tratado por muitos da chamada “bolha do Carnaval” como uma obra menor. hoje em dia seria impossível um samba-enredo explodir como esse – foi provavelmente o último sucesso pra valer, hit nacional, produzido nas escolas de samba. hoje pelo menos, depois de um longo inverno, que durou até o fim dos anos 2000, o gênero começa a reagir. Mas ainda não furou a bolha, como dizem.

ps 3: sem querer ser mala, mas já sendo mala: localizou a edição do Ronca com o Juninho Pernambucano pedindo Chico Science e Nação Zumbi?