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roger, pete, keith, john…

who.tico

(paris, parc des expositions, fev1974, lançamento de “quadrophenia”)

ótima entevista, hoje no globo, com roger daltrey feita por eduardo graça em los angeles… entre os muitos destaques, a lembrança de keith moon e john entwhistle:

Do que você mais sente saudade quando pensa em Keith e John?

Não é, por incrível que pareça, da genialidade musical deles. Nos últimos anos de cada um, sejamos honestos, Keith estava muito louco, foi triste, perdeu a habilidade física, caiu da posição de melhor do mundo para algo irreconhecível. Já John ficou completamente surdo no fim, tocava o baixo muito mais alto do que deveria. Sinto falta mesmo é da personalidade, da companhia dos meus dois amigos. Eles eram hilários. Keith foi, de longe, a pessoa que conheci mais interessada em fazer o próximo rir. Muitas vezes eu tinha de fugir dele para não fazer xixi nas calças de tanto rir. E o John era de uma inteligência cômica singular, às vezes deliciosamente maldosa. Sinto falta do humor negro dele, mas isso também poderia ser um inferno. Éramos, nós quatro, no fim, amáveis inimigos. E tem uma coisa que você me fez pensar agora, no aspecto musical…

Que é?

O Zak tem a personalidade dele, claro, mas não dá para esquecer que o Keith foi quem deu a ele o primeiro set de bateria. Ele era menino, pré-adolescente, e o Ringo havia se separado da Maureen (Starkey, 1946-1994). Foram anos duros para nós todos, e Keith foi, para dar uma mão, muitas vezes, babá do Zak. E o Zak sobreviveu! (risos). O resultado é que o jeito de tocar bateria de Zak tem, sim, muito a ver com a do Keith, e nossa história continua.

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(paris, aeroporto de orly, fev1974)

o leão com coração de cordeiro…

abel

não tem régua no planeta para medir a dor que a família (e amigos) estão sentindo nessa hora… PQParille!

volta e meia cruzo com abelão… sempre fechado, sem olhar pra quem passa, na dele total. lá atrás, com ele no CRVG de técnico, fiz uma saudação singela (nem lembro qual) e recebi um estrondoso rugido de volta… hahaha, abelão, né? nunca mais ousei cutucar a fera.

quando ouvia os relatos da paixão pelo piano, pensava em dar um toque (do outro lado da rua, claro), tipo: “abelão já ouviu o novo do father john misty? tremendo som de piano em clima elton john, papo de 72″… ou então, pedir (também do outro lado da rua) alguma dica de vinhota barratinha, no supermercado.

mas na boa, diante da tragédia de hoje, não duvido nada de abelão jogar a toalha… isso, a fera / o leão  / a rocha largar o mundo da bola… pensar no tempo que passou em campo com gabirus, fernandões, freds, richarlisons e centenas de outros enquanto o filhote estava em casa, em outra cidade, longe pra meirelles, crescendo… fueda.

perder um filho, ainda mais nessas circunstâncias, balança qualquer cidadão… e abelão – assim como montillo, recentemente – pode mostrar pra gente que nem tudo tem preço.

deixo o texto do tricolor cezar motta que recebi de um chapa…

Cezar Motta
4 h · Brasília,

A tragédia de Abel Braga
Mais do que o técnico de um time, ou um profissional do futebol que vem e passa, Abel Braga é para a torcida do Fluminense uma espécie de amigo, um pai para os jogadores mais jovens, um irmão para a turma mais velha.
É um cara em que todos nós, tricolores, confiamos. É um de nós.
Abelão é um sujeito humano, paternalista, afetuoso, que só consegue trabalhar onde estabelece laços de amizade, confiança e espírito coletivo.
Apesar de todo o sucesso profissional, não é arrogante ou vaidoso, e os repórteres que acompanham o Flu sabem e são testemunhas do que digo.
Campeão brasileiro com o Flu, mundial e da Libertadores com o Inter, Abelão deixa laços afetivos por onde passa. Como na Ponte Preta, que dirigiu em 2003 com salários de todo o elenco atrasados em três a quatro meses, e onde evitou um rebaixamento dado como certo.
Os atletas jogaram por ele.
A perda de um filho deve ser algo devastador para qualquer ser humano normal. Imaginem, amigos, para alguém assim.
Quando o centro-avante Michael, na época um menino, foi flagrado no antidoping em 2013, e praticamente liquidou a própria carreira, Abel abraçou-o como um a filho, ofereceu-lhe a própria casa, jurou que o apoiaria.
Em 2012, eu estava em Londres e visitava com o Rodrigo, meu filho mais velho, o estádio do Arsenal, o Emirates Stadium. Ao longo do tour, conhecemos um gaúcho, funcionário do Departamento de Futebol do Internacional de Porto Alegre, que estava lá para visitar o neto, que treinava e tentava a carreira
nas categorias de base do Chelsea.
O cara me dizia, e ao meu filho Rodrigo, que se dependesse dele e de boa parte dos funcionários e da torcida do Inter, Abel ficaria lá para sempre. Havia estabelecido uma relação de carinho e respeito. Como bonachão, na hora das refeições pegava com os dedos a carne no prato dos outros; tinha o carinho de todo mundo. Deu ao Inter uma Libertadores e um Mundial.
Quem ainda tem a paciência de ler as bobagens que escrevo aqui sabe que eu sou um abelista. Critico algumas vezes suas decisões, acho que o time anda mal treinado, mas não consigo imaginar ninguém no lugar dele. É um representante da torcida na direção do time. Um tricolor autêntico e um ser humano especial.
Nunca tive o prazer de conhecer Abel Braga pessoalmente, mas acompanho-lhe a carreira desde o início, em 1972, quando esteve na seleção brasileira de base, que disputou o título de Toulon, na França. Nunca o perdi de vista, porque achava que seria um personagem do futebol brasileiro.
Em todas as vezes que chegou para dirigir o Flu, escrevi sobre sua história de vida, menino de classe média baixa da Vila da Penha, filho de pai português e vascaíno, dono de oficina mecânica. Repeti velhas histórias, como a de que toca piano, mas em vez de puxar o banco para tocar, puxava o piano.
As histórias de que fala bem francês e é um grande conhecedor de vinhos. Dono de um restaurante de massas e um gourmet – talvez mais comilão do que gourmet.
Ou a história ainda mais velha, de quando, como jogador juvenil do Fluminense (era como se chamavam os jogadores da base antes de 1980, infanto-juvenis e juvenis), foi convocado para a seleção brasileira juvenil. Um repórter ligou para a casa dele e foi atendido pela mãe do jogador:
— O Abel está?
Naquela época, o Fluminense tinha espaço na mídia, e seus jogadores da base eram procurados pela imprensa.
— Qual deles? – perguntou a mãe – O Abelão ou o Abelinho?
O repórter pensou na imagem do zagueiro, com 1m88, e respondeu:
— O Abelão.
E ficou surpreso quando veio o velho Abel, dono da oficina mecânica, com o forte sotaque lusitano:
— Ah, você quer falar com o meu filho. Abelinho, telefone pra você! É um gajo do jornal!
Abel não merecia a tragédia que lhe aconteceu. Nenhum pai merece isso. Tenho a certeza de que todos os tricolores estão solidários com o nosso técnico.
Força nesta hora, Abelão. Estamos com você.

silvinho da portela, caçulinha & “preto e branco”…

entre as muitas razões que me levaram a encontrar adelzon alves (na quinta feira), estava o desejo de passar para o monumento o livro “preto e branco”…

adelzon.livro.tico

no que adelzon começou a folhear o dito cujo, instantaneamente, ao se deparar com determinada imagem (eu preferi não ver por onde ele estava passando os olhos), bradou:

– silvinho da portela

aí, claro, pulei em cima para saber qual fotografia exibia silvinho da portela…

silvinho

HAHAHAHAHA… que momento… adelzon tascou o dedo no cidadão de chapéu que há 40 anos (a foto é do carná de 78) alimenta nossa imaginação… e repetiu:

– silvinho, puxador de samba da portela por muitos anos

pra confirmar a gloriosa identificação, perguntou a caçulinha (assistente do programa e VIOLONISTA de PIXINGUINHA) que assinou embaixo:

– silvinho da portela

mamãe, que noite… que lendas, que Histórias!

xeretinha, evidente, pirou com caçulinha…

caculinha.tico

cheers

lembrando A carta de um ano atrás…

adelzon.rindo2.tico

pela volta de adelzon à rádio nacional e que deu resultado…

–  Caros doutores Roberto Marinho e Assis Chateaubriand.

Escrevo aos senhores, que foram donos do Brasil e tiveram os políticos sob seus pés – os maus políticos, vá lá, o que tornou suas biografias ainda mais interessantes -, bom, escrevo aos senhores como um último recurso.

Adelzon Alves, 76 anos, 77 daqui a pouco, 55 deles à frente de microfones de rádio, o nosso Adelzon, patrimônio da radiofonia brasileira, profissional que, de modo sobrenatural, consegue reunir excelência e bondade, o Adelzon, enfim, está fora do ar desde a última terça-feira, 20 de de julho.

Isso é um absurdo. Peço a ajuda dos senhores.

Na verdade, já era quarta quando foi ao ar pela última vez. Porque, como os senhores devem se lembrar – mais ainda o doutor Roberto, que foi patrão dele -, Adelzon é o “amigo da madrugada”. Apresenta, com este nome, “Amigo da Madrugada”, um programa desde 1966.

Caso o doutor Chatô não recorde, pois se foi daqui em 1968, e só conviveu dois anos com o sucesso do Adelzon, rogo ao doutor Roberto que confirme a minha descrição. Adelzon Alves é o principal radialista da história da MBB (Música Boa Brasileira). Trabalhou na Rádio Globo por 26 anos. Teria saído de lá (perdoe a indiscrição, doutor Roberto) depois que um sambista cismou de criticar a construtora Odebrecht no ar.

No dia seguinte, segundo relato de gente da época, o Adelzon nem da portaria da emissora da Rua do Russel 434 pôde passar. Águas passadas, doutor Roberto, o tempo as absorve e as absolve – e desconfio mesmo que o senhor não permitiria coisa assim hoje em dia, se por aqui ainda estivesse.

Adelzon é um homem pobre, espero que ele releve a minha inconfidência. Vinha ganhando um salário inacreditável na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), braço do governo federal a que a Rádio Nacional, onde ele trabalha, está submetido.

Aliás, trabalhava. O contrato furreca dele, de R$ 5 mil mensais brutos, não descontados o que ele paga mensalmente de ISS e a um contador, expirou dia 20 – e a EBC não quis renová-lo. A estatal alegou que o país está em crise, que o orçamento da emissora anda prejudicado, e expurgou o nosso “amigo da madrugada”.

Doutor Roberto, doutor Chatô, não duvidem de mim. Adelzon, que nem celular tem, nunca tirou férias, nem descansou em feriado. Mora na Pedra de Guaratiba, bairro humilde da Zona Oeste do Rio, e, até anteontem, ia trabalhar todas as noites de trem. Tomava um ônibus até Santa Cruz, e dali embarcava no comboio da SuperVia.

Na volta, depois de três horas de programa, da meia-noite às 3h, caminhava até a Central do Brasil pra pegar um BRT. Chegava em casa às 5h da manhã. Nunca reclamou disso. À família, sempre disse ter um compromisso com a “música brasileira verdadeira”.

Peço ajuda aos senhores pra que intercedam, daí, de onde estão agora, e este crime de lesa-música seja revertido.

Em plena era das descobertas de imensas corrupções, quando milhões de reais públicos são desviados pra contas na Suíça, e outros bilhões igualmente nossos financiam as Olimpíadas do Rio ou maluquices como a Hidrelétrica de Belo Monte, não é possível que não haja R$ 5 mil no orçamento da EBC pra manter no ar o programa do Adelzon.

Nesta segunda-feira, 25 de julho, ao meio-dia, uma roda de samba promete se formar na Rua Gomes Freire, Centro velho do Rio, em frente ao prédio da EBC, num protesto contra atitude tão mesquinha de subalternos do governo provisório de Michel Temer.

Doutor Roberto, doutor Chatô, os senhores, que foram donos do Brasil e souberam como ninguém criar e conduzir o poder das rádios, os senhores precisam nos ajudar nesta causa.

O Adelzon, sabe bem o doutor Roberto, foi contratado pela Globo, em 1964, pra falar de ieieiê e jovem guarda. No entanto, pôs no ar sambistas do morro, como Cartola, Candeia, Nelson Cavaquinho, Zagaia, Silas de Oliveira, Geraldo Babão, Djalma Sabiá…

O Adelzon, praticamente, lançou Paulinho da Viola e Martinho da Vila.

Coisa parecida, doutor Chatô, com o que fez na sua querida (e nossa também) Rádio Tupi o locutor Salvador Batista.

Adelzon doou ao Brasil o sucesso de Clara Nunes. Lançou João Nogueira (saudade), Roberto Ribeiro (saudade também) e ainda Dona Ivone Lara e ainda Wilson Moreira e ainda tantos e tantos mais.

No programa dele, despontaram Zeca Pagodinho, Almir Guineto, muita gente. Não é possível que façam com ele o que estão fazendo agora.

No início dos anos 1970, Adelzon pôs em seu programa o eterno e grandioso Jackson do Pandeiro – e o resultado foi que a música nordestina se reaqueceu, e Jackson perdurou oito anos com nosso radialista no ar. Graças a esse gesto, vieram novas gravações de Luiz Gonzaga, só pra citar mais um mito.

Doutor Roberto, doutor Chatô, conto com os senhores, que foram donos do Brasil e souberam fazer rádios como ninguém, e tiveram sob seus pés os políticos – sobretudo, os maus e os mesquinhos e os avarentos. Conto com os senhores.

O Adelzon, que é figura maior e iluminada e desapegada das coisas terrenas, não está pedindo ajuda, nem nada. Quem estamos somos nós. Humildemente, somos nós. Em nome do bom rádio brasileiro, humildemente, somos nós.

Com respeito, acolham este tão sincero rogo e aceitem, por favor, o cumprimento, embora desimportante, deste cronista digital.

Marceu Vieira (daqui)

o Mito, ontem…

– de repente, durante o programa, percebi a entrada no estúdio de dois sujeitos da mesma estatura, meio cambaleantes… eles foram se aproximando, se iluminando e identifiquei nelson cavaquinho e lupicínio rodrigues… que ficaram durante toda a madrugada cantando e papeando.

esse foi um dos INACREDITÁVEIS relatos que testemunhei, ontem, de adelzon alves, antes Dele entrar no ar… na rádio nacional para fazer a madrugada até às 3 da matina.

realizei meu sonho de ficar cara a cara com o Mito… aprendi muito de sua indomável e incendiária personalidade, de seu conhecimento gigantesco, das amizades inoxidáveis, de seu inabalável comprometimento político com a cultura brasileira, de seu desapego absoluto com o mundo material, do amor infindável pela música… enfim, fiquei muito feliz, não consegui segurar o blu blu (como era previsto), as perninhas tremeram e a xeretinha pirou…

adelzon.RWL

agradecimentos 1000 a carlos alberto o artesão do encontro e responsável por ter levado nelsão e lupe ao estúdio da rádio globo, por volta de 1970!

cheers

adelzon.vaso.tico