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adelzon alves, o amigo da madrugada…

– Caros doutores Roberto Marinho e Assis Chateaubriand.
Escrevo aos senhores, que foram donos do Brasil e tiveram os políticos sob seus pés – os maus políticos, vá lá, o que tornou suas biografias ainda mais interessantes -, bom, escrevo aos senhores como um último recurso.
Adelzon Alves, 76 anos, 77 daqui a pouco, 55 deles à frente de microfones de rádio, o nosso Adelzon, patrimônio da radiofonia brasileira, profissional que, de modo sobrenatural, consegue reunir excelência e bondade, o Adelzon, enfim, está fora do ar desde a última terça-feira, 20 de de julho.
Isso é um absurdo. Peço a ajuda dos senhores.
Na verdade, já era quarta quando foi ao ar pela última vez. Porque, como os senhores devem se lembrar – mais ainda o doutor Roberto, que foi patrão dele -, Adelzon é o “amigo da madrugada”. Apresenta, com este nome, “Amigo da Madrugada”, um programa desde 1966.
Caso o doutor Chatô não recorde, pois se foi daqui em 1968, e só conviveu dois anos com o sucesso do Adelzon, rogo ao doutor Roberto que confirme a minha descrição. Adelzon Alves é o principal radialista da história da MBB (Música Boa Brasileira). Trabalhou na Rádio Globo por 26 anos. Teria saído de lá (perdoe a indiscrição, doutor Roberto) depois que um sambista cismou de criticar a construtora Odebrecht no ar.
No dia seguinte, segundo relato de gente da época, o Adelzon nem da portaria da emissora da Rua do Russel 434 pôde passar. Águas passadas, doutor Roberto, o tempo as absorve e as absolve – e desconfio mesmo que o senhor não permitiria coisa assim hoje em dia, se por aqui ainda estivesse.
Adelzon é um homem pobre, espero que ele releve a minha inconfidência. Vinha ganhando um salário inacreditável na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), braço do governo federal a que a Rádio Nacional, onde ele trabalha, está submetido.
Aliás, trabalhava. O contrato furreca dele, de R$ 5 mil mensais brutos, não descontados o que ele paga mensalmente de ISS e a um contador, expirou dia 20 – e a EBC não quis renová-lo. A estatal alegou que o país está em crise, que o orçamento da emissora anda prejudicado, e expurgou o nosso “amigo da madrugada”.
Doutor Roberto, doutor Chatô, não duvidem de mim. Adelzon, que nem celular tem, nunca tirou férias, nem descansou em feriado. Mora na Pedra de Guaratiba, bairro humilde da Zona Oeste do Rio, e, até anteontem, ia trabalhar todas as noites de trem. Tomava um ônibus até Santa Cruz, e dali embarcava no comboio da SuperVia.
Na volta, depois de três horas de programa, da meia-noite às 3h, caminhava até a Central do Brasil pra pegar um BRT. Chegava em casa às 5h da manhã. Nunca reclamou disso. À família, sempre disse ter um compromisso com a “música brasileira verdadeira”.
Peço ajuda aos senhores pra que intercedam, daí, de onde estão agora, e este crime de lesa-música seja revertido.
Em plena era das descobertas de imensas corrupções, quando milhões de reais públicos são desviados pra contas na Suíça, e outros bilhões igualmente nossos financiam as Olimpíadas do Rio ou maluquices como a Hidrelétrica de Belo Monte, não é possível que não haja R$ 5 mil no orçamento da EBC pra manter no ar o programa do Adelzon.
Nesta segunda-feira, 25 de julho, ao meio-dia, uma roda de samba promete se formar na Rua Gomes Freire, Centro velho do Rio, em frente ao prédio da EBC, num protesto contra atitude tão mesquinha de subalternos do governo provisório de Michel Temer.
Doutor Roberto, doutor Chatô, os senhores, que foram donos do Brasil e souberam como ninguém criar e conduzir o poder das rádios, os senhores precisam nos ajudar nesta causa.
O Adelzon, sabe bem o doutor Roberto, foi contratado pela Globo, em 1964, pra falar de ieieiê e jovem guarda. No entanto, pôs no ar sambistas do morro, como Cartola, Candeia, Nelson Cavaquinho, Zagaia, Silas de Oliveira, Geraldo Babão, Djalma Sabiá…
O Adelzon, praticamente, lançou Paulinho da Viola e Martinho da Vila.
Coisa parecida, doutor Chatô, com o que fez na sua querida (e nossa também) Rádio Tupi o locutor Salvador Batista.
Adelzon doou ao Brasil o sucesso de Clara Nunes. Lançou João Nogueira (saudade), Roberto Ribeiro (saudade também) e ainda Dona Ivone Lara e ainda Wilson Moreira e ainda tantos e tantos mais.
No programa dele, despontaram Zeca Pagodinho, Almir Guineto, muita gente. Não é possível que façam com ele o que estão fazendo agora.
No início dos anos 1970, Adelzon pôs em seu programa o eterno e grandioso Jackson do Pandeiro – e o resultado foi que a música nordestina se reaqueceu, e Jackson perdurou oito anos com nosso radialista no ar. Graças a esse gesto, vieram novas gravações de Luiz Gonzaga, só pra citar mais um mito.
Doutor Roberto, doutor Chatô, conto com os senhores, que foram donos do Brasil e souberam fazer rádios como ninguém, e tiveram sob seus pés os políticos – sobretudo, os maus e os mesquinhos e os avarentos. Conto com os senhores.
O Adelzon, que é figura maior e iluminada e desapegada das coisas terrenas, não está pedindo ajuda, nem nada. Quem estamos somos nós. Humildemente, somos nós. Em nome do bom rádio brasileiro, humildemente, somos nós.
Com respeito, acolham este tão sincero rogo e aceitem, por favor, o cumprimento, embora desimportante, deste cronista digital.
Marceu Vieira (daqui)
zeca bordoada…
prestenção, isso é a vênus, em 1988 (ontem)… num de seus maiores sucessos de audiência, TV pirata.
se a televisão (mega) comercial era assim, imagina o que não transitava por outras vias da comunicação!
que fase, hein?

(1957 – 2016)
“a moda está fora de moda”…
shogun, a nação ronqueira clama por sua análise a respeito das roupitchas que serão utilizadas pelos entregadores de merdalhas na po$$ante olimpíada carioca.
segura os modelitos…

a “feira” & a feira…

excelente a feira de discos que aconteceu, hoje, aqui no rio. muitas ofertas a bons preços e outras tantas pra lá de salgadas… como sempre, um dos pontos mais positivos é encontrar a rapeize fissuradaça em música.
mas o fato é que, como em 110% das situations no brasa, sempre fica aquele gostinho do “alguém me passou pra trás” ou “tem gente se dando bem e não é a maioria”.
esclarecendo: como você bem sabe, o mercado do vinil tomou proporções $inistróide$… sobretudo, a compra&venda das edições originais da música brasileira. com essa nova po$$ibilidade de faturar, muuuuuita gente mergulhou na comercialização das pepitas.
ok, ótimo, quanto mais interessados na cena melhor pra todo mundo.
acontece – e não é novidade – uma feira como a de hoje sofre interferências barra pesada dos que são, a princípio, meramente, intere$$ados nos discos… captou?
ou seja, quem está por dentro da feira – por exemplo, administradores/expositores – coloca em prática uma feira extra exclusiva para essa tchurma.
tipo, o horário de “abertura” da “feira” foi 11h… pois bem, teve neguinho “da$ interna$” que chegou às 9 da matina para “recepcionar” os vendedores… na calçada do bennett, local da “feira”.
outra, determinado expositor/vendedor cascudão aqui do rio, quase sempre chega com a “feira” beeeeem começada… como o material dele é muito especial, quando o elemento estaciona o carango, os “intere$$ados” montam uma tropa de choque em frente ao espaço – ainda vazio – do referido comerciante e ali ficam até os discos serem colocados à venda.
a fotoca de hoje é, exatamente, no instante do “sinal verde”… dá pra perceber que das três caixas com discos, duas (ou as três) estão sendo operadas “a socos & pontapés” por gente com crachá da “feira”… manjou?
prestenção, esse relato está longe, muuuuuuito longe, do chororô de alguém ter levado um Lp que eu estava querendo ou qualquer situação parecida. o que importa é a corriqueira sensação que a grande maioria jamais terá acesso à Feira como ela deveria ser.
fica aqui a idéia dos expositores/vendedores criarem uma feira exclusiva para eles… coisa normalíssima em qualquer mercado muito concorrido…. e aí, depois deles terem feito todos os negócios possíveis, eles montam uma feira para os que, simplesmente, ambicionam adquirir discos com alguma “prioridade” e que são os verdadeiros responsáveis por fazer essa roda girar… tadinhos de nós!
simples a$$im
ah, pra fechar… na saideira, passei pelo ponto da rapaziada bacanuda da tropicália discos (bruno & márcio) e avistei um sujeito embolsando o que seria um dos meus discos mais desejáveis do dia: “sound” de roscoe mitchell.
olhei pro cara e disse: caramba você está levando um disco monumental que tenho numa reedição. essa versão original da delmark é alucinante.
o sortudo disse: estou com o dinheiro curto se é pra gastar que seja com algo foda.
e eu deixei a feira felizão por saber que, a essa hora, roscoe mitchell está deixando um apaixonado por música coladindo no teto!
simples assim
você é amarradão na legião?
então, passa aqui no “corredorzinho” do trio rekebra, aos 4:00, cantarolando “que país é esse?”… vem, chega mais…
que situação, hein?

a carta…
Exmo. Sr. Michel Temer
Prezado senhor,
Entre as grandes conquistas da identidade democrática Brasileira está a criação do Ministério da Cultura, em março de 1985, pelo então Presidente José Sarney.
É inegável que, nessa ocasião, o nome do Brasil já havia sido projetado internacionalmente através do talento de Portinari, de Oscar Niemeyer, de Anita Malfati, de Jorge Amado, da música de Ary Barroso, Dorival Caymmi, Carmen Miranda, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, do cinema de Glauber Rocha e Cacá Diegues. Desta forma, a existência do Ministério da Cultura se deve ao merecido reconhecimento do extraordinário papel que as artes brasileiras desempenharam na divulgação de um país jovem, dinâmico, acolhedor e criativo.
A extinção desse Ministério em abril de 1990 foi um dos primeiros atos do governo Collor de Mello. Abrigada em uma Secretaria vinculada à Presidência da República, a cultura nacional assistiu ao sucateamento de ideias, projetos e realizações no campo das artes. Já no final de seu governo, tentando reconquistar o apoio político perdido, o Presidente Collor adotou outra postura, nomeando para a Secretaria de Cultura o intelectual e embaixador Sergio Paulo Rouanet, encarregado de restabelecer o diálogo com a classe artística. Nasceu assim o Pronac – Programa Nacional de Apoio à Cultura, que se tornou o elemento estruturante da política c ultural dos governos subsequentes, e a denominada Lei Rouanet. Felizmente o Presidente Itamar Franco, em novembro de 1992, devolveu aos criadores um Ministério que já havia comprovado o acerto de sua presença no cenário nacional.
A partir de 1999, durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Cultura foi reorganizado e sua estrutura ampliada, para que pudesse servir a projetos importantes, em especial nas áreas de teatro e cinema. Desde então o MinC vem se ocupando, de forma proativa, das artes em geral, do folclore, do patrimônio histórico, arqueológico, artístico e cultural do País, através de uma rede de institutos como o IPHAN, a Cinemateca Brasileira, a Funarte, o IBRAM, Fundação Palmares entre muitos outros. A partir da gestão de Gilberto Gil, o MinC ampliou o alcance de sua atuação a partir da adoção do conceito antropológico de cultura. O Programa Cultura Viva e os Pontos de Cultura são iniciativas reconhecidas e copiadas em inúmeros países do mundo. O MinC passou a atuar também com a cultura popular e de grupos marginalizados, ampliando os horizontes de uma parcela expressiva de nossa população. Foi o MinC que conseguiu criar condições para que tenhamos hoje uma indústria do audiovisual dinâmica e superavitária. O mesmo está sendo feito agora com outros campos, como por exemplo o da música. O MinC conta hoje com vários colegiados setoriais que cobrem praticamente quase todas as áreas artísticas bem como grupos étnicos e minorias culturais do país. E com um Conselho Nacional de Políticas Culturais, formado pela sociedade civil e responsável pelo controle social da gestão do Ministério. Há ainda que se mencionar o Plano Nacional de Cultura e inúmeras outras iniciativas com amparo no texto constitucional e em leis aprovadas pelo Congresso Nacional, cuja inobservância ou descontinuidade poderão ensejar questionamentos na esfera judicial. O MinC também protagonizou várias iniciativas que se tornaram referência no ordenamento jurídico internacional, como as Convenções da Unesco sobre Diversidade Cultural e de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, dentre outros.
A Cultura de um País, além de sua identidade, é a sua alma. O Ministério da Cultura não é um balcão de negócios. As críticas irresponsáveis feitas à Lei Rouanet não levam em consideração que, com os mecanismos por ela criados, as artes regionais floresceram e conquistaram espaços a que antes não tinham acesso.
A Cultura é a criação do futuro e a preservação do passado. Sem a promoção e a proteção da nossa Cultura, através de um ministério que com ela se identifique e a ela se dedique, o Brasil fechará as cortinas de um grandioso palco aberto para o mundo. Se o MinC perde seu status e fica submetido a um ministério que tem outra centralidade, que, aliás, não é fácil de ser atendida, corre-se o risco de jogar fora toda uma expertise que se desenvolveu nele a respeito de, entre outras coisas, regulação de direito autoral, legislação sobre vários aspectos da internet (com o reconhecimento e o respeito de organismos internacionais especializados), proteção de patrimônio e apoio às manifestações populares.
É por tudo isso que o anunciado desaparecimento do Ministério da Cultura sob seu comando, já como Chefe da Nação, é considerado pela classe artística como um grande retrocesso. O Ministério da Cultura é o principal meio pelo qual se pode desenvolver uma situação de tolerância e de respeito às diferenças, algo fundamental para o momento que o país atravessa. A economia que supostamente se conseguiria extinguindo a estrutura do Ministério da Cultura, ou encolhendo-o a uma secretaria do MEC é pífia e não justifica o enorme prejuízo que causará para todos que são atendidos no país pelas políticas culturais do Ministério. Além disso, mediante políticas adequadas, a cultura brasileira está destinada a ser uma fonte permanente de desenvolvimento e de riquezas econômicas para o País.
Nós, que fazemos da nossa a alma desse País, desejamos que o Brasil saiba redimensionar sua imensa capacidade de gerar recursos para educação, saúde, segurança e para todos os projetos sociais e econômicos necessários ao crescimento da nação sem que se sacrifique um dos seus maiores patrimônios: a nossa Cultura.
Em representação da Associação Procure Saber e do GAP–Grupo de Ação Parlamentar Pró- Música.

allan, como é mesmo a bandeira?

já que estamos com o monumental allan sieber na agulha, vale muito lembrar a visita da peça ao roNca roNca: com robert crumb & janis nas mãos…

e o “poster” do programa, em 2011, desenhado pelo próprio…

MAMdou pra gente…
Desesperada, canção de desilusão
Não há mais nada entre eu e você
Eu fui traído e não fiz por merecer
Pátria Amada, cantei hinos em seu louvor
Mas tudo o que fiz de nada adiantou
Na boca amarga ainda resta esse perdão
Pátria Amada, é pra você esta canção
Desesperada, canção de desilusão
Não há mais nada entre eu e você
Eu fui traído e não fiz por merecer
Pátria Amada, cantei hinos em seu louvor
Mas tudo o que fiz de nada adiantou
Na boca amarga ainda resta esse perdão
Que diz pra morrer por ti e não importa a razão
Pátria Amada, como pude acreditar
Em palavras vazias e promessas soltas no ar
Pátria Amada, você me decepcionou
Quando eu lhe pedi justiça você me negou
Pátria Amada
Pátria Amada, de quem você é afinal
É do povo nas ruas ? Ou do Congresso Nacional
Pátria Amada, idolatrada, salve,salve quem puder

ih, o japa (de novo)…
ué, kédi o sorrisinho? e o chicletex ostentation? e a marra? e o modelito “tô nem aí”? kédi o bebelo esvoaçante? e a lupa climão miami?

mas, hein?

fotos de rodrigo leal/folhapress & geraldo bubniak/AGB




