Arquivo da categoria: brasil

negativos & positivos (268) [mangueira78]…

como a festonha predileta de shogun está chegando, o N & P de hoje traz um fato do século passado em se tratando de desfile das escolas de samba. no carná de 78, pré-sambódromo mas na marquês de sapucaí, a mangueira foi a última a se exibir, com dia claro e chuva… no que a escola terminava a apresentação, um cordão “sei lá de quem” impedia que o povão invadisse a avenida e se misturasse aos últimos componentes da estação primeira. o desfile era no sentido catumbi – presidente vargas (o contrário de hoje) e a rapeize que ficava aguardando o fim dos desfiles deitava e rolava no canal do mangue. tá captando a logística? acontece que atrás da mangueira, contida pelo tal cordão, vinha uma tchurma encapetada, MEGA empolgada, doidinha para pisar a passarela do samba together com a verde&rosa. caramba, era a saideira dos desfiles… e aí, a pressão foi avassaladora, o cordão foi pro espaço e a felicidade imperou geral… como a xeretinha estava, exatamente, entre o final da mangueira e o início do desfile de seus torcedores…

mangueira.ticomangueira.tico2

o povão da mangueira  /  marquês de sapucaí  /  fevereiro1978

river na semi da sérieD (ou flavão selvagem, exclusivo)…

river.radinho

Assunto: SÉRIE D – O BAGULHO É LÓKI 
“roNca news na cobertura exclusiva da série D do Brasileiraço 2015!

Sombrio. Assim podemos definir o “Gigante da Redenção” ou Estádio Albertão em Teresina, lugar magnésico, cabriocárico monumento da arquitetura estrombólica tupiniquim, nascido Estádio Governador Alberto Tavares Silva em 1973, palco ontem de um dos embates pelas semifinais da série D do Nacional de Futebol 2015: River – PI x Ypiranga – RS.
Bom, por qual motivo sombrio? Em sua inauguração em 1973 quando jogavam Fluminense-RJ x Tiradentes – PI pelo Nacional daquele ano, com mais de 30 mil cabeças espremidas sobre suas estruturas de concreto, um avião contratado pela própria CBD sobrevoou o estádio e assustou alguns torcedores que ao sentir a tensa vibração de suas estruturas, teriam anunciado que o estádio estava caindo…saldo: desespero, pisa pisa, cerca de 20 mortos (NÚMEROS NUNCA ASSUMIDOS) e centenas de feridos.
Bom, mas vamos ao embate de ontem. Dessa vez algumas dezenas de morcegos sobrevoavam o campo e, apesar do clima Dark, o River superou o time gaúcho por 2 x 0 e vai seguir pro jogo no sul com uma boa vantagem, após eliminar semana passada os também gaúchos do Lajeadense do Professor Luiz Carlos Wink, aquele mesmo lateral direito Campeão Brazuca pelo Gigante da Colina em 1989.
Hoje, domingo, jogam Botafogo – SP x Remo – PA e o roNca estará na espreita acompanhando tudo no sapatinho. Segue registro, exclusivo, de um autêntico hooligan do Galo de Teresina feito com um celular do século passado.
Por hora é isso.
Cañamo desligo!”
Salvaje
Morada do Sol- Teresina

o river na série C (ou celvagem descabeladão)…

imagens estrogonóficas em plena arena (?! – lascou!!!) alviazul… detalhe intergalático para a super faixa “levanta a bunda da cadeira” presa na  grade da arena, aos 2:58… e relato selvagem de professor selvagem – vulgo flavão da ilha – residente, hoje, em teresiNa…

Assunto: RIVER-PI NA SÉRIE C – NOTAS COMPLETAS

FALHA NA COBERTURA NEWS:

– O Galo Tricolor do Piauí ainda não é o campeão. Mas com o resultado de ontem, dia mais que especial no estado onde comemorou-se o “Dia do Piauí”, num jogo pra lá de magnésico e estrombólico, o River empatou em 1 x 1 com o Lajeadense do RS lá no sul e carimbou o passaporte para a série C do ano que vem do Brasileiraço. No jogo aqui em The, semana passada, o Galo não deu bobeira e meteu três ‘tacas’ nos gaúchos de Lajes. Os gaúchos, vale lembrar, tem até confrarias aqui na cidade e em outros municípios do sul do estado (a maioria Gremistas), já que hão muitos que vem para cá em função do cinturão verde da soja (assim como no Maranhão).

A semifinal será interessantíssima, pois existe a possibilidade da decisão da série D ser entre o Clube do Remo de Belém do Pará e o próprio River, o que seria uma final estrogonófica e fechada aqui em ‘riba’, com um clube do Norte e outro do Nordeste.

Segue a escalação dos heróis do acesso:

Flávio Araújo (o Rei do acesso, já é o 5º!!) foi com o esquema 4-4-2 e se deu bem!!!

River-PI: Naylson; Toty (o falso), Índio (lenda cabriocárica!), Rafael Araújo, Jadson; Amarildo, Rogério, Esquerdinha, Júnior Xuxa; Eduardo e Fabinho (o matador do jogo, gol igual ao 2º do Ronald Travecão na final da copa de 2002 contra a Alemanha).

Ficou assim o cruzamento para os próximos jogos das semifinais, que serão devidamente cobertos pelo correspondente internacional brasileiro do roNca, Professor Flavão do Brasil, O Selvagem:

River – PI  X  Ypiranga -RS (mais uma retumbante viagem de 3000km, que momento!)

Botafogo – SP  X  Remo  – PA

Hino do River Atlético Clube (Fundado em 01/03/1946, Teresina PI)

(Autor: Maestro Luiz Santos – gravação original 1964)

” Avante, Riverinos!

Com a bandeira de glória nas mãos

Lutemos com ardor

Pela vitória do tricolor

Levemos a nossa sede

Que é o orgulho do nosso torrão

A taça conquistada

Com heroísmo e com paixão.

A nossa meta certa a seguir

É defender o Piauí

Com o nome do tricolor

Em qualquer lugar

Gritando gol!

E ainda proporcionarmos

Um meio social

Sem igual.”

É o roNca roNca na cobertura exclusiva da série D do Brasileiraço!!!!!!

Cañamo desligo!

The Salvage

river

momento batatada (ou o “pé de mesa”)…

orl.box

há exatos vinte anos, a BMG/RCA colocou no mercado esta caixa com três cds – sessenta e seis músicas – cobrindo parte do material gravado por orlando silva na RCA Victor, de 1935 a 1942 (a fase áurea). o projeto e a seleção de repertório são de autoria de josé milton (gente finérrima-produtor-músico-pesquisador-leNda). a caixa é acompanhada por um libreto com a identificação minuciosa de toda a obra gravada por orlandão na RCA + fotografias + texto cabriocário de ruy castro sobre a passagem de nosso ídolo pelo planetinha. claro, elazinha está foreta de catálogo. ainda agora, dei uma busca no mercado livre e só achei um exemplar à venda, por 95 merréis. enfim, se essa preciosidade passar pela sua frente, não pense uma vez.

ruy comenta a fama de galã e de como o poder é impiedoso…

orl1orl2

o cantor das multidões…

orlandosilva

Em seu centenário, Orlando Silva é pouco celebrado

Artista seduziu multidões e inspirou súditos, mas teve carreira encurtada pelas drogas

o mesmo desde 1500…

brasil.500

FRED COELHO
O COLUNISTA ESCREVE ÀS QUARTAS no globo.com

O mesmo é um vácuo

Nada mudou porque não aprendemos nada

Costumo dizer por aí que a única surpresa garantida dos dias de hoje é o shuffle da sua lista de músicas. De resto, nos assola a sensação de que as tragédias atuais são a colheita do sempre. Escrevo esta coluna há alguns meses, e o tema da cidade como espaço falido por mortes e crimes retorna não como um recalcado, mas como a evidência escancarada de uma sangria aberta há décadas e nunca curada. Seja nos ônibus em Copacabana, seja nas ruas da Maré, nos insurgimos pontualmente contra o nosso eterno extermínio particular. Parece que esquecemos para nos aliviar daquilo que não tem remédio nem nunca terá. Esquecer não para mudar, mas para continuar o mesmo.

Em que momento perdemos o senso de tudo que nos conecta em uma cidade? Quando deixamos de ser a “cidade porosa”, para usar o título do excelente (e tomara que logo traduzido) livro do pesquisador Bruno Carvalho sobre a Cidade Nova e sua diversidade cultural? Quando nos separamos em lados que não somam, quando deixamos um fosso ser criado “naturalmente” por cada um de nós? O arquivo das coisas não nos dá o luxo de esquecermos, de portarmos a “ignorância ensandecida”, de acharmos que o OUTRO sempre é o culpado. Isso já virou uma espécie de doença social, em todos nós, sem limites de classe, de cor, de bairros, de idade. Está lá, escancarado nos textos desde o século XIX, que essa mesma sociedade criou as condições para a inequidade, o crime, as mortes gratuitas e anônimas dos que menos têm, o ódio dos que menos têm pelos que mais têm (e vice-versa), a urbanização da desigualdade. Nada mais nos colará em um desejo comum de vida urbana se não soubermos o absurdo que nos fundou, seja cobiça, luxúria, tristeza, seja casa grande e senzala, seja o céu, o sol e o mar, seja tiro, porrada e bomba. Não há a menor possibilidade de transferirmos para quem quer que seja nossa cota histórica. Não há mais possibilidade da imprensa simplesmente “dar notícias” na busca de um público que tem medo porque medo vende bem. Somos representados como bichos em tocas, acuados por dentro (nossas paranoias pessoais) e com pânico do lá fora (nossas paranoias sociais).

Abra o arquivo, ele hoje é digital, está aí na sua frente, dê uns cliques, aperte os cintos e bem vindo ao reino da memória: em 19 de outubro de 1992, após os primeiros eventos que foram batizados de “arrastões”, eis algumas manchetes dos principais jornais do Rio: “Arrastões levam pavor às praias” (“O Dia”), “Arrastões invadem a orla da Zona Sul (“Jornal do Brasil”), “Arrastões aterrorizam as praias da Zona Sul” (“O Globo”). No dia seguinte, seguiram manchetes ainda parecidas com as de hoje: “Zona Sul vai reagir aos arrastões” (“O Fluminense”) ou “Zona Sul declara guerra ao arrastão” (“O Dia”). Nesse mesmo dia, o “Jornal do Brasil” publica, por fim, a notícia que nos arremessa no abismo de um tempo imóvel e patético: “Moradores culpam as linhas [de ônibus]”. Sim, as mesmas linhas, a mesma massa juvenil sob olhares de condenação por parte dos moradores, nenhuma solução para o transporte público de massa além de ônibus lotados. Aliás, há sim uma solução que muitos esperam há 23 anos: não circular mais na Zona Sul nenhum ônibus vindo da Zona Norte. Muros, grades, câmeras, duras, constrangimentos, violência generalizada. Nada mudou porque não aprendemos nada. O que adiantaram as manchetes? No que colaboraram com o imaginário já classista e divisor do carioca? Pois estamos aqui, no mesmo lugar.

Imaginemos: o rapaz preto e pobre nascido na data dos primeiros arrastões (23 anos atrás) pode viver com a cidade os mesmos erros e permanecer personagem das mesmas manchetes. Décadas em que as crises são as mesmas, as reações violentas são as mesmas, as respostas dos governos são as mesmas, o descaso com a juventude é o mesmo, as falas públicas são as mesmas (agora, porém, amplificadas pelas redes sociais). Porque permanecemos os mesmos, de todos os lados — dos que agridem e dos que são agredidos, dos que roubam e dos que são roubados, dos que são presos pela cor da pele e dos que são vítimas por andarem pelas ruas de seu bairro. Intolerância que acumula violência, que alimenta paranoia que gera intolerância e por aí segue o curso obtuso das coisas.

Textos como este parecem às vezes ecoarem no nada, porque a primeira reação do leitor que não lê é condenar qualquer voz que pede um pouco de sanidade — aqui, no caso, simplesmente prestar atenção ao fato de que para os mesmos problemas temos, há décadas, as mesmas respostas erradas. Não se trata de “apoiar bandidos”, muito menos de proteger quem deva ser culpado pelos seus atos perante uma justiça com igualdade de direitos (para todos, e não de forma seletiva). Trata-se simplesmente de gritar mais uma vez o óbvio: uma cidade é feita por quem a habita, em todas as suas áreas. Não por quem a idealiza em um vácuo cujo peso da história vergonhosa entre nós já deveria ter expandido seu vazio para novas formas de vida.