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UFA! (ou cacau mostrando de onde vem o apito do trem)…

‘Se eu pudesse, ninguém saberia nada sobre mim’, diz Cláudia Abreu

Em cartaz no teatro adulto após hiato de 20 anos, atriz ensaia série de suspense para o Globoplay, escreve sua primeira peça e diz que se tornou exceção ao ter quatro filhos: ‘Virei tipo Guinness’
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RIO – A frase acima poderia soar blasé se não saísse da boca de Cláudia Abreu. Conhecida pela discrição, a atriz sempre se preocupou em chamar mais atenção com os personagens do que com a vida pessoal.

– Quanto menos dados tiverem sobre você, mais embarcarão na ficção -, acredita.

Mas nem sempre ela consegue. Dias atrás, uma foto sua de biquíni estampava um site de celebridade, que destacava sua “excelente forma física, aos 48 anos”. A maturidade ajudou a ligar o botão do dane-se nessas situações.

– Deixei muito de ir à praia. Hoje, não tô nem aí, me libertei.

A atriz só quer gastar energia com o que considera importante. Como refletir (e fazer refletir) sobre a falência da humanidade em “Pi — Panorâmica insana”, em cartaz no Teatro Prudential. Colagem de cenas que espelham o caos, a intolerância e o clima depressivo que devasta a sociedade, o espetáculo marca a volta da atriz ao teatro adulto depois de 20 anos. O exercício tem feito bem não só a ela, como ao público, convidado a gritar, ali, o que está entalado na garganta “em vez de destilar ódio pelas redes sociais”.

– Tive a ideia em Curitiba, cidade do Moro e onde Lula está preso. O lugar é a síntese do país dividido, e o convite para o grito, democrático -, diz ela, que não tem Facebook nem Twitter, só Instagram profissional.

A peça despertou a a vontade de não sair mais do palco. Tanto que ela já escreve um espetáculo sobre Virginia Woolf, que marca seu début como autora teatral.

Criada nas areias do Leblon pela mãe funcionária pública, Cacau, como é conhecida pelos amigos, é filha caçula de três irmãos e sempre foi a síntese da garota carioca Zona Sul. Mas não aceitou fazer sempre o mesmo papel na carreira, que iniciou aos 15 anos, no Tablado. Encarnou, entre vários outros, uma retirante nordestina, em “Caminho das nuvens”, e uma cabeleireira suburbana, em “O homem do ano”, longa dirigido por seu marido, José Henrique Fonseca, com quem está há 22 anos. Mãe de um “portfólio de filhos” (Maria, de 18 anos, Felipa, 12, José Joaquim, 8, e Pedro Henrique, 7), se interessa mais em crescer do que aparecer. Quando engravidou pela primeira vez, aos 30 anos, foi cursar filosofia. É estudiosa também na composição dos personagens (faz até playlists), mas aposta no instinto na hora do jogo cênico. Quando a barra da vida pesa, descarrega na natureza. Só toma banho gelado e tem como referências as atrizes Marília Pêra, Renata Sorrah e Drica Moraes. Ex-musa dos caras pintadas, se posiciona politicamente quando acha necessário — como agora, por exemplo.

“O que estão fazendo com a cultura adoecerá a sociedade. “Nem os conservadores, a favor dessa nova forma de poder, suportariam a realidade sem arte, é asfixiante”.

O ser humano não deu certo? Consegue ser otimista?

Não deu certo. Temos usado a inteligência para a violência e perversidade. É um canibalismo simbólico, ódio, cobiça e poder. Governos que desmerecem o que o anterior fez de bom, um eterno começar de novo. Mas sou otimista, não alimento os momentos down . Fico o tempo necessário para ser profunda, mas depois busco e positividade.

Como será a série “Desalma”, escrita por Ana Paula Maia, dirigida por Carlos Manga Jr., e que vai ao ar, no ano que vem, pelo Globoplay?

Flerta com suspense e terror. Faço uma mulher com desequilíbrio psíquico, que tem caso sobrenatural na família. Estou lendo bastante sobre depressão e assisti à série “Dark”, como referência.

Como surgiu a série infantil “Valentins”, que a Zola, sua produtora com Zé Henrique, seu marido, fez para o canal Gloob? E do que se trata sua primeira peça?

Sempre inventei histórias para meus filhos dormirem e, como eles gostavam, me animei. Faço uma aula com Carmen Hanning ( mestra em literatura ), e ela disse que o que eu estava escrevendo tinha a ver com Virginia Woolf. Voltei aos livros dela e tive uma identificação imediata, cumplicidade. A peça será em cima da literatura e da vida dela.

O que a leva a aceitar um papel? Já escolheu errado?

Meu norte é a intuição, entender se aquele trabalho é para mim. É preciso estar forte para fazer algo forte, porque o instrumento é você. Todas as vezes que aceitei papel para agradar alguém, não fui feliz.

Sua novela mais recente, “A lei do amor”, foi considerada um fiasco. Encara como fracasso?

Deu errado para todos, ali nada deu certo. Mas foi bonita a postura coletiva de não desanimar. Quando fiz minha primeira protagonista, aos 20 anos, em “Barriga de aluguel”, Daniel Filho me disse: “Quando dá certo, é ótimo para todos. Mas quando algo não vai bem, a primeira a dar o tom é você, sua postura é que determinará o clima”. Nunca esqueci disso.

De onde vem sua fama de arredia?

Havia aquela cultura da revista de celebridade, e eu nunca quis ir para ilha, mostrar casa, filhos. Já me exponho no trabalho, estou ali a serviço de todo tipo de situação. Preciso de mistério. Que confidência sobraria para fazer a uma amiga? Fica tudo tão gasto. Não tenho porque fazer análise em público. Análise, eu pago e… guarde bem os meus segredos ( risos ).

Você é super amiga do Fábio Assunção. O que achou dos memes que fizeram dele ?

Um absurdo. As pessoas perderam a educação, o respeito, a noção compaixão. Será que é um fenômeno brasileiro? Alguém fez o mesmo com o Robert Downey Jr? Fazer máscara de carnaval? Quem acha graça disso?

Como lida com a passagem do tempo?

Comecei a trabalhar cedo, tive que amadurecer logo. É como se tivesse ficado velha muito cedo e começasse a rejuvenescer de espírito. As pessoas só falam do tempo de forma negativa, de rugas. Fora o que não tem jeito, a idade ajuda a nos libertar de ansiedades e grilos. É tão bonito poder ser uma mulher de verdade e não de plástico, que não quer ter idade. Mas me cuido, vou ao dermatologista, tiro mancha, uso laser…

Mas sempre teve esse estilo natural, de garota carioca…

Adoro Havaianas, jeans, vestido longo, saião e o meu passado “hippiezinha do Tablado”. Nunca quis montar uma imagem pública. Se eu pudesse, ninguém saberia nada sobre mim. Se isso não fosse antipático e impossível, hoje, com a internet. O ideal para o ator é que não se saiba com quem é casado, quantos filhos, ideologia política. Há várias atrizes que têm três filhos. Tive quatro e virei a exceção, tipo Guinness.

Te incomoda ter a imagem muito ligada à maternidade?

A culpa é um pouco minha, sou apaixonada, falo dos meus filhos. Mas as pessoas passaram a se relacionar comigo muito nessa questão. Entro em cena e já pensam: “Nossa, mas ela é mãe de quatro filhos, casada há mais de 20 anos, flamenguista…”. Vem todo esse julgamento. Se você se posicionou politicamente então…

O que te fez a mulher que é hoje?

Ver minha mãe lendo livros e o fato de ela ser amorosa. Me deu a segurança emocional de saber que eu tinha com quem contar. Ela sempre foi politizada, independente financeiramente e emocionalmente. Preservo minha individualidade. Me dedico muito aos meus filhos, mas minha individualidade acontece quando vou trabalhar, que é quando tenho tempo pra mim. Não posso me dedicar e depois jogar na cara. Quando eles dizem “queria que você não trabalhasse”, respondo: “A boa mãe é a mãe feliz”. Se ficasse só em cima deles, viraria uma chata, iam querer me ver pelas costas.

o brasil desabando, o rio despencando…

“Amanheceu assim, com uma de suas placas perigando desabar, o monumento art déco em homenagem ao político gaúcho Pinheiro Machado (1851-1915), no meio da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Não está claro ainda se é uma cena da série “Tudo se rouba nesta cidade”, “Tudo desaba nesta cidade” ou “Tudo se vandaliza nesta cidade”.

O monumento é de 1931, assinado pelo escultor Leão Veloso, discípulo de Rodolfo Bernardelli. A figura em bronze de Pinheiro Machado, em tamanho natural, está voltada para a Rua Visconde de Pirajá, assentada sobre uma base de pedra e cimento, com quatro degraus de acesso ao pedestal de onde se elevam colunas de granito e cantaria de cinco metros de altura. Nas laterais do monumento, também em tamanho natural, duas figuras de mulher representam a “Glória” e a “Apoteose”.

 

A placa que ameaça desabar, com figuras masculinas, faz parte do conjunto e tem outras três semelhantes completando o desenho do monumento. Em 2013 todo o conjunto foi desmontado para as obras do metrô, sendo recolocado no meio da praça em 2016.”

Joaquim Ferreira dos Santos

DAQUI

vera lucia…

na boa, a sipituca com o sidão – de imediato – me jogou no comentário que fizemos no #335: “já pensou se existisse o feice na época de yoko com lennon?”… lembra?

a pauta do goleiro do vasco nem passaria aqui pelo tico… mas galgaria (e galgará) parâmetros no #336… oxente, ela é o retrato da modernidade.

como tenho ouvido muito sobre a situation, vale a pena colocar aqui algumas (muitas) letrinhas sobre a referida tragédia pessoal (sidão), social, da mídia, do esporte… e afins.

pra começar, algo que ainda não ouvi nem li: dos tais 90% que votaram no sidão, no mínimo, 70% vieram da torcida do vasco… ou seja, quem alavancou a nhaca foram os próprios vascaínos que estavam diante da TV… sofrendo não apenas com o time mas igualmente com os abutres luiz roberto, flores e casão (PQP, tirei o som).

cacilds, o jogo era santos X vasco, procede? majoritariamente, a audiência estava por conta dessas duas torcidas. vamos combinar que, nacionalmente, a torcida do CRVG é bem mais volumosa que a do glorioso esquadrão santista, procede? ainda mais com a chegada do profexô luxa à colina.

o goleiro sidão, trazido ao clube em modo “band-aid na fratura exposta”, foi atacado por um furacão de rejeição dos vascaínos assim que o seu (dele) nome foi anunciado… no próprio domingo, pela manhã, TODOS os espaços noticiando o provável time do vasco, com ele escalado, foram dinamitados pela injúria/ódio dos vascaínos.

pra tornar tudo muito pior, aos primeiros minutos da partida, o possante sidão falhou grotescamente… em quem você acha que os vascaínos votaram em peso como “o melhor jogador em campo”? em seguida, sidão vacilou de novo… lascou. resultado? até os santistas passaram a votar no goleiro do vasco somados aos listradinhos, corintianos, gremistas, tricolores, the red army, west ham hooligans, galoucura, torino mafia, arsenal gunners, campanha na web de sites engraçadinhos…

esse estilo de votação da vênus já havia sido desmoralizado em outras situações… a coisa tinha bandeado para galhofa mas nunca dessa forma tão massacrante… e aí, entra a participação da globo como principal protagonista da barbárie.

no que a tchurma pela-saco da TV (bozós das internas / produção) percebeu que a votação estava tomando um rumo 100% de ironia/macaco tião/galhofa/tiririca, tratou de manter o trem desgovernado até a explosão final com o MEGA mal-estar da entrega do “prêmio” ao infeliz/derrotado/estuprado/envergonhado sidão.

os irresponsáveis da globo não pensaram que – de vez em quando – as coisas têm limite… que existe gente envolvida… que nem tudo são números e $$$ dos patrocinadores… que, ali, naquele momento, deveria haver uma mudança de rota… que os 90% que votaram no sidão seriam descartados para premiar algum dos jogadores do santos que tiveram performances espetaculares… mas não, a vênus seguiu firme com o machado na mão e decepou a alma do sidão que carregava o nome da falecida mãe, vera lucia, em sua camisa… “foda-se, vamos aproveitar pra dar uma gozada nos cornos do clube dele”, teria dito algum FDP no controle da transmissão.

claro, jamais, teriam seguido adiante com o machado afiadão se fosse o cássio a frangar três vezes ou qualquer goleiro dos listradinhos… JAMAIS!

e aqui cabe uma observação: o cássio nunca seria votado, nessa condição de chacota, pela torcida do corinthians porque ele tem crédito e é um ídolo do clube… assim como o juninho pernambucano não seria pela torcida do vasco após perder três pênaltis… já o sidão, coitado, não tem relação alguma com o clube… e neguinho é mau feito o pica-pau.

enfim, infelizmente para mim, o sidão foi educado e “aceitou” o prêmio… eu queria ver se ele tivesse o espírito de um loco abreu, de um vampeta, de um edmundo… a globo correu um risco muito alto de colocar no ar, em rede nacional, o sidão dizer pra desorientada repórter:

– “tive uma atuação decepcionante e não posso aceitar essa premiação por mais que ela seja fruto da gozação e de uma brincadeira de vocês numa situação onde o profissionalismo não deveria dar espaço à chacota… mas aproveitando o clima de zoação sem graça da globo, gostaria que você levasse esse prêmio lá pra sua cabine e enfiasse no rabo do luiz roberto, do flores e do casão”

isso teria sido épico (Épico)… sidão seria aclamado nas ruas. puxaria uma carreata com botafoguenses, banguenses, tricolores, americanos… teria estátua em são jujuba e encerraria a carreira (UFA) tal e qual um gladiador!

prevendo o risco, a vênus já comunicou mudança na forma de premiar o melhor em campo… acabou o tempo da comédia… e, infelizmente, não teremos a possibilidade de alguém recitar o “poema” do sidão.

de nada serve a avalanche de desculpas, perdões e arrependimentos dos envolvidos… já era. que tivessem sido machos para se manifestar na hora H, no ar, LIVE. dois ex-jogadores pipocaram historicamente… o desrespeito, a covardia e o banditismo da vênus estarão cravados forévis em uma de suas muitas páginas negras… fueda!

pra fechar…

Sidão passou por problemas de drogas e bebidas, após tentar suicídio em uma fase de sua vida, sofreu com depressão por sentir culpa na morte de sua mãe, e no jogo de hoje, foi humilhado em rede nacional. Hoje, jogou com o nome de sua mãe na camisa e teve uma das piores atuação de sua carreira

pra fechar2, deixo aqui a crônica do santista xico sá quando o vasco faturou a copa do brasil 2011. certamente, ela explica muito porque a modernidade (de qualquer época) sempre (i repeat: SEMPRE) quis distância do CRVG…

miltão [do goma] mandou pra gente…

Enquanto você está aí, no conforto do seu combo wifi+ar condicionado, estou aqui no Lollapalooza, em Interlagos.
Trouxe minhas filhas.
Devia chamar Longeapalloza.
Tudo aqui é longe.
Interlagos é longe. Os palcos são longe. A água, a comida, os banheiros são longe.
O que esperavam, afinal?
O lugar foi feito para se ir de um ponto ao outro num fórmula um.
Como podem exigir que eu vá caminhando?
O público se divide em 2 grandes grupos: meninas de shortezinho jeans e barbudos de gel no cabelo. Alguns barbudos também usam shortezinho.
Estou sentado na grama.
Sinto que a última vez que sentei na grama o continente ainda se chamava Pangeia.
Um garoto de uns 15 anos ameaçou me ajudar a sentar.
Humilhante.
Agora começou o show de uma banda cujo nome só tem consoantes.
Tentei pronunciar e minha filha achou que eu tinha engasgado.
Sou o único num raio de 30km que nunca ouviu falar deles.
Dele na verdade.
Fica o sujeito lá sozinho, pulando e fingindo que mexe nuns botões.
Se estivesse fazendo um risoto ninguém notaria a diferença.
Martela os graves e esfrega os agudos na minha orelha. As vozes eletrônicas.
Uma moça, aqui na minha frente, dança fora de controle.
Me escapa o que leva alguém a dançar assim.
Estou hipnotizado olhando para a moça dançando.
Perco a noção do tempo.
Então percebo que foi a maconha que bateu.
Não.
Claro que eu não fumei.
Em que ano vocês acham que eu vivo? 1974?
Mesmo sendo 2019 a brisa ardida e doce da maconha cobre o lugar desde as 3 da tarde.
Uma bruma alucinógena.
Demais essa música.
O telão psicodélico.
O cara pulando.
Ainda bem que sou imune aos efeitos da marijuana.
Agora estou dançando com o vendedor de cachorros-quentes.
A música alta, o laser, fumaça, o chão que vibra.
Amanhã acho que venho de shortinho de jeans.

(Mentor Neto)