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geneton, o produtor de memória …

fire

no início de julho2013, a chapa esquentou brutalmente no brasa… em uma dessas ocasiões, acabei cruzando com geneton e presenciamos a entrada do inferno.

queimou ainda mais em mim a violência de muitos contra ele, funcionário da vênus. em certos momentos, a agressão física ficou por milímetros… enquanto isso, geneton passava tranquilão sem dar a menor pelota aos injuriados… na certeza que a sua (dele) presença ali no campo minado era muito mais contundente que qualquer coquetel molotov jogado nos cornos do poder.

na semana, geneton registrou os fatos em seu blog…

Relato de uma testemunha acidental de um tumulto nas ruas do Leblon: o Dr. GL entra em cena num fim da noite de quinta-feira

sex, 05/07/13
por Geneton Moraes Neto
categoria Entrevistas
DOSSIÊ GERAL (o blog das confissões) / G1

Fazia trinta e seis anos que eu não via, pessoalmente, o Dr. GL : o Gás Lacrimogêneo. Aconteceu hoje, no Rio de Janeiro.

Boa noite, Dr. GL. Prazer. Sou aquele estudante que conheceu o senhor no Recife, faz tempo. O senhor não se lembra, claro. Mas como eu iria esquecer ?

(a primeira vez, como eu ia dizendo antes de ser interrompido pelos cumprimentos de praxe, aconteceu no Recife, nos idos de 1977. Eu tinha meus vinte, vinte e um anos. Estudava Jornalismo na Universidade Católica. Uma manifestação que contaria com a presença de três senadores da oposição ao regime militar – Marcos Freire, Paulo Brossard e Teotônio Vilela – tinha sido proibida. O governo impediu os senadores de falar. A manifestação estava vetada . Não poderia ser feita nem na rua nem em recinto fechado. Ainda assim, os senadores compareceram à frustrada manifestação. Tiveram de ir embora – de táxi – sob aplausos e gritos de apoio de quem tinha ido ali para ouví-los. Eu me lembro de ter visto o triunvirato de senadores entrando no carro – na rua do Hospício, no centro do Recife. Ah, o nome daquela rua: Hospício! O boato corria solto: a cavalaria viria dispersar os manifestantes. Dito e feito. Assim que os senadores saíram, os cavalos chegaram. Tumulto. Correria. Gás lacrimogêneo. Prisões. Givaldo – por coincidência, o dono de uma livraria especializada em livros “subversivos” – foi arrastado pelos cabelos até o carro da polícia. Ali, o Dr. GL batizou minhas retinas juvenis).

Hoje, estava conversando sobre política, Macalé, Sérgio Sampaio e Copa de 50 (!!) numa calçada do Leblon com um amigo que encontrei por acaso – Mauricio Valladares – sim, aquele que faz o antenadíssimo programa Ronca Ronca nas ondas dos rádios e internets do planeta. Ali, éramos – também – testemunhas do protesto que se armava nas proximidades da casa do governador. De repente, o velho filme rodou de novo, sob outras circunstâncias e em outros tempos: tumulto. Correria. Gás. Lá vem o Dr.GL ! Crianças, correi!

A bem da verdade, não deu para ver como tudo começou. Mas uma chuva de bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo foi lançada sobre os manifestantes. A polícia avançou. Quem estava ali correu. Quando estava na avenida Delfim Moreira, olhei para trás: não fosse pela truculência, a cena era até bonita. A polícia tinha apagado as luzes da avenida. O rastro deixado pelas bombas produzia garranchos brancos no ar, perto da praia escura. Se fosse Reveillon, ia ter gente aplaudindo. Não era Reveillon. Teve gente correndo.

O som das explosões deve ter acordado quem paga o IPTU mais caro do Cone Sul da América. O tempo fecha: lá vem a Tropa de Choque. Um helicóptero flutua lá em cima, às escuras, estranhamente estacionado no céu. Parece não se mover. Não emite qualquer sinal luminoso. Só o barulho do motor. Pego o telefone. Aviso à redação da Globonews que o protesto acaba de se transformar numa bela confusão. “Por sorte”, meu combalido celular consegue captar, ao vivo, nos últimos minutos do Jornal das Dez, o som das explosões.

Em meio ao tumulto, recolho no chão uma bomba, já disparada. Marca: Condor. “Tecnologias não-letais”. “GL- 203/L.Carga múltipla lacrimogênea”.”Indústria brasileira”.”Atenção: oferece perigo se utilizado após o prazo de validade”. Tento decifrar a data de validade. Não consigo enxergá-la. Os números estão gastos. O desenho de uma bandeira brasileira completa o envólucro da bomba. A pequena bandeira é azul, como todas as outras inscrições. Parece uma daquelas ironias involuntárias: tudo azul com o Dr.GL. Guardo a “relíquia” comigo. Meu filho Daniel também recolhe no asfalto uma lembrança do Dr. GL, por pura curiosidade.

Impressão desta testemunha acidental : a reação da polícia parece ter sido desproporcional a qualquer eventual provocação que tenha acontecido. Nem eram tantos os manifestantes. Resultado : por alguns minutos, a avenida Delfim Moreira parecia o que, por esses dias, se chama de “praça de guerra”.

Dr. GL, o senhor não precisava ter saído da caverna esta noite. Estava tudo azul, até que o senhor resolveu entrar em cena. E aí a Delfim Moreira virou rua do Hospício.

Ah, Dr. GL….Quando é que o senhor vai tomar jeito ?

geneton1.jul2013

quem ri por último…

agora, ficam esses pelasaco chamando de reymar, gênio da bola, chorando lágrimas de crocodilo, pagando qualquer micaço por audiência, bostejando “neymar amadureceu” (como assim, bial? amadureceu de uma semana pra outra?) e tendo que se passar por surdo e cego pra não ouvir e ver:

– “vão ter que me engolir (cambada de FDP)”

neymar

imagina se ele perde a bagaça!

adelzon alves, o amigo da madrugada…

adelzon

–  Caros doutores Roberto Marinho e Assis Chateaubriand.

Escrevo aos senhores, que foram donos do Brasil e tiveram os políticos sob seus pés – os maus políticos, vá lá, o que tornou suas biografias ainda mais interessantes -, bom, escrevo aos senhores como um último recurso.

Adelzon Alves, 76 anos, 77 daqui a pouco, 55 deles à frente de microfones de rádio, o nosso Adelzon, patrimônio da radiofonia brasileira, profissional que, de modo sobrenatural, consegue reunir excelência e bondade, o Adelzon, enfim, está fora do ar desde a última terça-feira, 20 de de julho.

Isso é um absurdo. Peço a ajuda dos senhores.

Na verdade, já era quarta quando foi ao ar pela última vez. Porque, como os senhores devem se lembrar – mais ainda o doutor Roberto, que foi patrão dele -, Adelzon é o “amigo da madrugada”. Apresenta, com este nome, “Amigo da Madrugada”, um programa desde 1966.

Caso o doutor Chatô não recorde, pois se foi daqui em 1968, e só conviveu dois anos com o sucesso do Adelzon, rogo ao doutor Roberto que confirme a minha descrição. Adelzon Alves é o principal radialista da história da MBB (Música Boa Brasileira). Trabalhou na Rádio Globo por 26 anos. Teria saído de lá (perdoe a indiscrição, doutor Roberto) depois que um sambista cismou de criticar a construtora Odebrecht no ar.

No dia seguinte, segundo relato de gente da época, o Adelzon nem da portaria da emissora da Rua do Russel 434 pôde passar. Águas passadas, doutor Roberto, o tempo as absorve e as absolve – e desconfio mesmo que o senhor não permitiria coisa assim hoje em dia, se por aqui ainda estivesse.

Adelzon é um homem pobre, espero que ele releve a minha inconfidência. Vinha ganhando um salário inacreditável na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), braço do governo federal a que a Rádio Nacional, onde ele trabalha, está submetido.

Aliás, trabalhava. O contrato furreca dele, de R$ 5 mil mensais brutos, não descontados o que ele paga mensalmente de ISS e a um contador, expirou dia 20 – e a EBC não quis renová-lo. A estatal alegou que o país está em crise, que o orçamento da emissora anda prejudicado, e expurgou o nosso “amigo da madrugada”.

Doutor Roberto, doutor Chatô, não duvidem de mim. Adelzon, que nem celular tem, nunca tirou férias, nem descansou em feriado. Mora na Pedra de Guaratiba, bairro humilde da Zona Oeste do Rio, e, até anteontem, ia trabalhar todas as noites de trem. Tomava um ônibus até Santa Cruz, e dali embarcava no comboio da SuperVia.

Na volta, depois de três horas de programa, da meia-noite às 3h, caminhava até a Central do Brasil pra pegar um BRT. Chegava em casa às 5h da manhã. Nunca reclamou disso. À família, sempre disse ter um compromisso com a “música brasileira verdadeira”.

Peço ajuda aos senhores pra que intercedam, daí, de onde estão agora, e este crime de lesa-música seja revertido.

Em plena era das descobertas de imensas corrupções, quando milhões de reais públicos são desviados pra contas na Suíça, e outros bilhões igualmente nossos financiam as Olimpíadas do Rio ou maluquices como a Hidrelétrica de Belo Monte, não é possível que não haja R$ 5 mil no orçamento da EBC pra manter no ar o programa do Adelzon.

Nesta segunda-feira, 25 de julho, ao meio-dia, uma roda de samba promete se formar na Rua Gomes Freire, Centro velho do Rio, em frente ao prédio da EBC, num protesto contra atitude tão mesquinha de subalternos do governo provisório de Michel Temer.

Doutor Roberto, doutor Chatô, os senhores, que foram donos do Brasil e souberam como ninguém criar e conduzir o poder das rádios, os senhores precisam nos ajudar nesta causa.

O Adelzon, sabe bem o doutor Roberto, foi contratado pela Globo, em 1964, pra falar de ieieiê e jovem guarda. No entanto, pôs no ar sambistas do morro, como Cartola, Candeia, Nelson Cavaquinho, Zagaia, Silas de Oliveira, Geraldo Babão, Djalma Sabiá…

O Adelzon, praticamente, lançou Paulinho da Viola e Martinho da Vila.

Coisa parecida, doutor Chatô, com o que fez na sua querida (e nossa também) Rádio Tupi o locutor Salvador Batista.

Adelzon doou ao Brasil o sucesso de Clara Nunes. Lançou João Nogueira (saudade), Roberto Ribeiro (saudade também) e ainda Dona Ivone Lara e ainda Wilson Moreira e ainda tantos e tantos mais.

No programa dele, despontaram Zeca Pagodinho, Almir Guineto, muita gente. Não é possível que façam com ele o que estão fazendo agora.

No início dos anos 1970, Adelzon pôs em seu programa o eterno e grandioso Jackson do Pandeiro – e o resultado foi que a música nordestina se reaqueceu, e Jackson perdurou oito anos com nosso radialista no ar. Graças a esse gesto, vieram novas gravações de Luiz Gonzaga, só pra citar mais um mito.

Doutor Roberto, doutor Chatô, conto com os senhores, que foram donos do Brasil e souberam fazer rádios como ninguém, e tiveram sob seus pés os políticos – sobretudo, os maus e os mesquinhos e os avarentos. Conto com os senhores.

O Adelzon, que é figura maior e iluminada e desapegada das coisas terrenas, não está pedindo ajuda, nem nada. Quem estamos somos nós. Humildemente, somos nós. Em nome do bom rádio brasileiro, humildemente, somos nós.

Com respeito, acolham este tão sincero rogo e aceitem, por favor, o cumprimento, embora desimportante, deste cronista digital.

Marceu Vieira (daqui)

CRASS (ou roberto mandou pra gente)…

roberto, de campinas, pirou com a sequência do crass que colocamos no #189 e enviou pra gente as informações abaixo sobre penny rimbaud (poeta, filósofo, ativista social, baterista do crass, símbolo da resistência)…

– Não tenho qualquer tipo de lealdade ao punk como forma de música. Nunca tive. O punk como eu conhecia tinha um propósito político. O que é classificado como música “punk” hoje em dia é algo absolutamente vazio e covarde. Eu realmente acredito que se não fosse pelo Crass e o movimento que cresceu dele, o punk só seria lembrado como uma velha senhora fazendo a pantomima do rock and roll; as mesmas velhas atitudes vestidas com uma fantasia diferente. Os Pistols com certeza não fizeram nada mais radical do que o Elvis Presley, a única diferença é que o Elvis lidava melhor com as drogas do que eles. O Crass queria mudar o mundo e, em certos aspectos, mudamos, mas não chegamos nem perto do que tínhamos nos proposto. Queríamos minar as instituições do Estado e tudo que elas representavam. Fomos muito longe para fazer isso. A ostentação rock and roll de ter uma banda era simplesmente a plataforma que usávamos. O que fizemos como ativistas foi muito mais importante para nós do que a música. Estávamos sempre procurando um jeito de ir além de ser apenas uma banda. Em nossa história, tivemos negócios e desentendimentos com todo tipo de gente: o Baader Meinhoff, a KGB, a CIA, o IRA, M16, Margaret Thatcher. É só dizer um nome, todos eles tentaram. Quando você compara isso a tocar num palco, você vê aonde a gente estava. Acho que nosso interesse em tocar era secundário. O punk nas mãos do mundo do entretenimento é uma farsa absolutamente sem sentido. Isso não significa nada.

Claro, o rock pode ser divertido, você pode ter uma noite legal, mas o que isso tem a ver com o punk? Todas essas bandas punks reformadas e grandes gravadoras gostam de pensar que são punks, o que é OK para dar umas risadas, mas não faz sentido imaginar que isso tem alguma coisa a ver com o que o punk realmente significa. O punk era um modo de vida, não uma modinha pop. Se você tem uma banda, você vai ter que se comprometer até certo grau com sua imagem pública, e a única maneira de fazer isso é manter uma frente pessoal. No final, descobrimos que era impossível manter essa frente, o que é uma das razões para termos parado em 1984. Bem orwelliano. As letras, músicas e a imagem do Crass estavam envolvidas com a política global, mas, no final das contas, acho que o efeito que tivemos nas pessoas foi mais na política pessoal delas. O punk costumava ser um grito contra a desigualdade e a injustiça, mas acabou incorporado ao mainstream. Detesto as pessoas que permitem que essa incorporação aconteça. Isso me deixa puto. De novo, de novo e de novo, você ouve a juventude expressando sua voz. De novo, de novo e de novo, você vê essa voz destruída por drogas, autoindulgência, idiotice e gente vendida. É triste. Mas, além de tudo isso, você tem que seguir acreditando nas possibilidades, acreditando que as pessoas querem algo melhor da vida, vendo algo além da feiura, vulgaridade, crueldade e exploração; algo que tenha um significado, que tenha uma conexão. Mas toda vez que parece haver uma possibilidade de isso acontecer, ela é esmagada. Foi assim com o The Clash. Todo mundo ficou empolgado porque finalmente tinha alguém falando de política e dizendo coisas como “I’m bored with the USA” e daí, no mês seguinte, o que eles estavam fazendo? Eles estavam cheirando cocaína e fazendo shows enormes nos Estados Unidos: valeu, caras.

As pessoas são sempre decepcionadas por seus heróis, mas acho que isso é culpa delas. Elas não deviam ter heróis, mas essa é a sociedade em que vivemos: grandes heróis, pessoas pequenas. Claro, reconheço que tem gente que nos vê como heróis, mas essas pessoas perderam nossa mensagem central: “Não há autoridade além de você mesmo”. No entanto, sei pelas cartas que continuamos recebendo do mundo todo, que muitas pessoas são motivadas profundamente e do jeito certo, não por meio de seus bolsos, mas de suas almas. Isso porque não estávamos dizendo: “Venham, comprem nosso maldito disco”, não, estávamos tentando fazer com que as pessoas percebessem que a vida delas era importante, que era a única que elas tinham e que elas deveriam vivê-la do jeito delas, seja lá qual fosse. Oferecíamos informação, e acredito que boa parte dessa informação era real e correta. Quando digo correta quero dizer que isso apresentava algo de valor, algo a que as pessoas pudessem se apegar e dizer, “É, talvez eu possa fazer algo da minha vida”. A coisa que queríamos ajudar as pessoas a entenderem era um senso de autonomia e autenticidade da alma humana individual. Assim como a alma é constantemente exigida na mídia, para ser minada com drogas, por dentro e por fora; mas no final, isso é a única coisa que realmente temos. Como personalidade, somos apenas uma série de declarações escolhidas em nossa jornada pela vida, e, infelizmente, isso se torna o que achamos que somos. Mas por baixo de tudo isso, temos algo com que nascemos, algo com que morremos, algo que existe além do tempo, que é nossa alma interna profunda. Acho que estou falando de um tipo de imortalidade. Para mim, o propósito da vida é se conectar com essa alma, porque quando nos juntamos a ela, nós nos tornamos parte do contínuo da vida.

Se existimos como entidades separadas, como personalidades individuais, não há realidade na vida, nem continuidade além disso. Há uma conexão entre todo mundo, e todos nós respiramos, comemos, dormimos e temos uma alma que permite que façamos isso. É tudo muito óbvio e natural. Esse é um ponto de partida, e era isso que estávamos (bom, pelo menos eu estava) tentando promover por meio do Crass. Sim, as letras do Crass tinham muito a ver com “a bomba” ou “o Estado”, mas o que nossa música estava dizendo era “veja além de tudo isso, onde você se encontra?”. Se você pode fazer isso, se você pode encontrar sua alma, você se conecta com toda a humanidade, com toda a vida. Todos nós nos existimos numa realidade de mentiras e traições cotidianas, e ninguém nunca vai conseguir achar um sentido nisso. É por isso que precisamos nos abrir para a ternura, o silêncio, a contemplação. Precisamos encontrar nossa própria alma dentro dessa bagunça. Deixamos que nos tornassem produtos, peões do mercado. A única maneira de sair disso é perceber que nossa personalidade, a própria coisa que achamos que somos, não é nada além de uma fantasia de ideias. Todos gostamos de pensar que somos alguém especial, então, dizemos as palavras certas, vestimos a coisa certa; mas tudo isso é apenas projeção, tudo irrelevante. Mas fora isso, acredito que as pessoas querem se conectar. No fundo, elas estão cansadas de ser apenas uma ideia de si mesmas. É por isso que as pessoas procuram por mais, é por isso que elas fazem sexo, por isso que usam drogas, por isso cometem excessos. Elas provavelmente não vão encontrar a resposta dessa maneira, mas todas querem se conectar. As pessoas querem saber se estão vivas, mas vamos encarar a verdade, numa sociedade de consumo, isso não é trabalho fácil.

PENNY RIMBAUD (daqui)

ouvindo os dias (ou os formadores de opinião)…

o luis fernando – de BH – pergunta pelo calendário que foi lançado em 1988.

é o seguinte…

em 1987, pipocou a idéia de juntar o grafismo de ricardo leite com as minhas fotografias em forma de calendário promocional (free) para o ano seguinte. como o mercado fonográfico vivia os tempos das vacas pra lá de gorda$, nos aproximamos do monumental sidnei, proprietário da gráfica van moorsel, que imprimiu as peças sem cobrar um tostão…

calendario88

a cada mês, ricardo deitou os cabelos em imagens de gil, zep, who, peter gabriel, biquini cavadão, bowie, raul seixas, lulu santos, marley, paralamas, rita lee, bowie e uma página com mais de cem fotocas + paulo ricardo & david byrne na capa.

procurando a fofura acima – que é grandona – acabei esbarrando em detalhes muito interessantes dessa época. como, por exemplo, o caderno onde escrevi o rascunho do release da festa de lançamento, no crepúsculo de cubatão, onde o calendário foi distribuído (“di grátis”) aos presentes… e a lista da rapaziada do jornal do brasil que foi convidada pro embalo…

JB.88

tárik de souza, josé castello, jamari frança, maria silvia camargo, arthur xexéo, arthur dapieve, lucia ritto, luiz carlos mansur, alfredo ribeiro e joaquim ferreira dos santos.

esses eram alguns nomes do JB conectados à música, em 1988.

sim, muitos & muitos & muitos são eternamente agradecidos a eles… simples assim.

cheers

balançaram o coreto…

flag

A grande vitória do atraso

 24/06/2016  11h54

É só olhar para quem está festejando o resultado do plebiscito no Reino Unido para constatar que se trata da vitória do pior ranço, o do populismo xenófobo.

“A Grã-Bretanha mostrou à Europa o caminho para o futuro e a liberação”, gritou, por exemplo, o PVV, o partido xenófobo e, como tal, antieuropeu da Holanda.

Marine le Pen, sua homóloga na França, defendeu que também os franceses votem para decidir se ficam ou saem da União Europeia.

No outro canto do ringue em que se transformou a questão, Norbert Röttgen, presidente do Comitê de Assuntos Exteriores do Parlamento alemão, diz, com razão, que o resultado britânico “é a maior catástrofe na história da integração da Europa”.

De fato, com a saída do Reino Unido, a UE perde o segundo país que mais gasta em defesa, perde um assento no Conselho de Segurança da ONU, o coração do sistema internacional, e um dos mais firmes campeões do comércio mundial e da economia liberal, como lembrou Alex Barker no Financial Times.

Para a revista The Economist, foi um voto de fúria contra o establishment. OK, há razões para tanto: a globalização, de que a integração europeia é (ou era) um grande símbolo, provoca inexoravelmente ganhadores e perdedores –e ninguém se conforma em perder.

Mas, olhada retrospectivamente, a construção europeia é uma história de sucesso, que trouxe benefícios visíveis a olho nu para todos os seus integrantes, inclusive o Reino Unido.

“Uma nobre ideia no seu tempo”, admitiu até Boris Johnson, o ex-prefeito de Londres e que liderou a campanha pela saída.

Não fosse assim, não haveria a enorme demanda para fazer parte do grupo, que passou dos seis membros originais para os 28 atuais (27, quando se excluir o Reino Unido).

Voltar a fúria contra o establishment para essa história de sucesso é um salto no vazio e para o passado. Não há mais condições, no mundo moderno, para que as nações se entrincheirem em suas fronteiras, para o bem ou para o mal.

O que há, sim, de espaço é para gerir de uma forma mais eficiente e mais democrática a integração, para evitar que o número de perdedores seja tão grande que acabe provocando a “catástrofe” que o alemão Röttgen apontou.

Faltou dizer que a catástrofe não afeta apenas o Reino Unido e a Europa, mas o mundo todo, Brasil inclusive. Na complexa crise que o país atravessa, qualquer sacudida externa é um problema adicional –e a saída do Reino Unido é mais que uma sacudida, é um terremoto.

manic wales…

wales

o jornalista marcelo alves do planeta que rola (blog do globo) fez um raioX muito bacana da música ciada pelo manic street preachers para a seleção do país de gales, na euro2016.

vale muuuuito dar uma clicada AQUI e assuntar como o futebol é tratado por eles de um jeito completamente diferente do nosso… pra gente, chega a ser risível/infantil/patético como se referem às clássicas derrotas… de como elas são lembradas e cultuadas. impressionantemente distante de nossa cultura “só a vitória interessa”.

joão iNforma de berlim (ou assange + pj harvey)…

assange

O assunto é o evento com a participação da PJ Harvey que vai rolar hoje aqui em Berlin e será transmitido pela Web. O pagode começa às 20:30h daqui, aTRIPA tem que contar as 5 horinhas de diferença, ou seja, começa aí às 15:30. Acho que aTRIPA merece conferir esse papo. Segue a descrição:
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A live discussion with Julian Assange via videolink; present at the Volksbühne in Berlin will be: William Binney (U.S. intelligence official), Sarah Harrison, Angela Richter, Michael Sontheimer and Hans-Christian Ströbele. Special Guest: PJ Harvey

Discussion in German and English, simultaneous interpretation provided.

Surveillance does not stop at the national border. Online data of millions of citizens worldwide are stored in databases and state archives of intelligence services. Julian Assange was one of the first net activists to make this new form of global surveillance and information control public introducing the platform WikiLeaks as a counter-project to secure transparency.

On June 19th 2016 a worldwide network of resistance will mark the 4th anniversary of his refuge in the Ecuadorean embassy in London. The event will be taking place simultaneously at venues in Berlin, London, Paris, New York, Sydney, Quito, Naples and Geneva focussing on the crucial significance of freedom of information for all and the important work whistleblowers and investigative journalists do. And of course there will be a case for supporting the over 500 organisations and law professionals who have called on the Swedish and British authorities to free Assange and respect the recent decision of the UN Working Group that he has been arbitrarily detained.

WikiLeaks activist Sarah Harrison, William Binney (U.S. intelligence official), Hans-Christian Ströbele (politician Bündnis 90/Die Grünen) and the journalist Michael Sontheimer will debate the challenges of big data, the ethics of “breaches of secrecy” and the responsibility of policy makers live at a round table at the Volksbühne hosted by the German theatre director Angela Richter, who has met with whistleblowers for several years and uses these experiences in her directorial work.

Followed by this, Julian Assange will join the conversation via video link presented in all these places simultaneously. Special guest in Volksbühne am Rosa-Luxemburg-Platz: PJ Harvey

There will also be a livestream of the event without simultaneous translation via our website! A video recording of the event including the simultaneous translation will be published 1-2 days after the event via our website and Vimeo-channel. http://www.volksbuehne-berlin.de/

como assim, bial?

a CBF (afe!) juntou um monte de cacareco (com todo respeito), desde 1959, e oficializou todas as conquistas como campeonatos brasileiros. captou? pois é, sendo assim, os maiores vencedores são palmeiras e santos com oito títulos cada um.

 nessa nova configuração, a CBF (afe!) descarta – de novo – a pretensão do flamengo em abiscoitar o championship de 1987.

o irônico é que a imprensa – no caso aqui o globo – insiste em deixar o buraco aberto mesmo que ele já esteja definitivamente acimentado pela entidade máxima do futebol brasileiro… deixando claro que a CBF (afe!) não deve ser levada em consideracão diante do objetivo rubronegro.

que situação, hein? é tipo cada um por si? então, tá… que assim seja!

olha só a colocação marota do asterisco e a confirmação desnecessária do título do sport lá embaixo.

Veja como ficou o novo ranking de títulos nacionais:

8 títulos: Palmeiras e Santos

6 títulos: Flamengo* e São Paulo

4 títulos: Corinthians e Vasco

3 títulos: Internacional e Fluminense

2 títulos: Bahia, Botafogo, Cruzeiro e Grêmio

1 título: Atlético-MG, Atlético-PR, Coritiba, Guarani, Sport*

* O Flamengo venceu a Copa União, mas a CBF considera o Sport campeão brasileiro em 1987

ronca.tico

mulçumano, filho de motorista de ônibus, torcedor do liverpool e prefeito de londres…

sadiq

os londrinos tascaram uma bicuda cabriocárica no bundamolismo!

– Filho de um motorista de ônibus, Sadiq Khan se tornou o primeiro prefeito muçulmano de Londres nesta sexta-feira (6), derrotando um adversário conservador que tentou ligá-lo ao extremismo e garantindo uma vitória mais que necessária para o opositor Partido Trabalhista.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, enviou seus parabéns antes mesmo de Khan ter recebido a notificação oficial de seu triunfo, um remédio parcial para as dores dos Trabalhistas, que sofreram derrotas em várias outras eleições locais na quinta-feira.

Duramente golpeados na Escócia, onde ficaram na terceira colocação, atrás do Partido Nacionalista Escocês e do governista Partido Conservador, os Trabalhistas se saíram melhor do que o esperado na Inglaterra, poupando seu líder de inclinação esquerdista de um questionamento precoce.

Mas o grande prêmio foi a disputa por Londres, que colocou em confronto Khan, de 45 anos, que cresceu em moradias populares da capital, e o conservador Zac Goldsmith, de 41 anos, filho de um bilionário do setor financeiro.

Uma fonte a par da apuração disse que Khan não podia mais ser derrotado. De Blasio disse no Twitter: “Enviando felicitações ao novo prefeito de Londres e colega na defesa das moradias acessíveis, @SadiqKhan”.

A margem de vitória de Khan promete ser menor do que o imaginado, um possível sinal de que a campanha violenta, marcada por acusações de antissemitismo entre os Trabalhistas, pode ter cobrado seu preço.

O legislador irá substituir o conservador Boris Johnson, que comandou a metrópole de 8,6 milhões de habitantes durante oito anos. Um dos principais defensores da saída britânica da União Europeia, Johnson é visto como um forte concorrente para a sucessão do primeiro-ministro britânico, David Cameron, como líder partidário e premiê.

Os Conservadores estavam determinados a manter o cargo, que não controla o centro financeiro londrino, mas exerce influência na defesa dos interesses da capital junto ao governo. O prefeito é responsável por áreas como policiamento, transporte, moradia e meio-ambiente.

(UOL)