Subject: Poltrona 12A

Alô, MauVal! Alô, Nandão!

Ontem eu estava viajando (literalmente) e dentro do ônibus, no engarrafamento, achei uma pepita intocada (e também entocada). O #550 com 158 minutos de estrepolias que eu salvei pelo Spotify e não tinha ouvido ainda. São quase 20 anos acompanhando o Jumboteko. Eu comprei a passagem lá em 2005, nos idos da Oi FM e das festas no Teatro Odisséia. Ao longo da vida o Ronquinha sempre foi um radar pra mim. Se estou num momento tranquilo, tudo indo ok e nas condições normais de temperatura e pressão, acompanho toda semana. Mas se rola algo chato pela vida, uma reclusão acaba me deixando mais distante do programa que eu tanto curto. E foi numa dessas que eu acabei sendo resgatado. Quarenta e tantos anos de idade, operação de menisco, divórcio, mudança de endereço… zero Ronquinha (isso ficou triste meio rápido, desculpem, a parte boa já vem).

Eis que me mudo pra perto da loja do Bibi Sucos em Niterói, eis que decido entrar pra conferir o cardápio tão exaltado por Nandão, eis que um sujeito elogia minha camisa. Eu olho pra baixo e não me liguei que estava na loja do Bibi vestindo o manto sagrado! Ele se apresenta como Amauri, um dos sócios do lugar. Batemos um papo, falamos sobre o programa, sobre a caneca e eu, que nunca tinha morado em Niterói, acabei me enturmando rápido. Lembrei da minha passagem na gaveta. Aí foi uma semana de janelinha no jumboteko. Tudo fora de ordem como tem que ser. Ouvi o #593, o #587, e ontem, no meio de um engarrafamento, achei o #550. Baixado em junho de 2023, ainda inédito pra mim. Como é bom estar de volta. Fora de ritmo, fora de ordem, caótico… na poltrona 12A, aquela que não reclina, vendo metade da paisagem sobre a asa esquerda do jumboteko.

Abraços, meus queridos! É bom estar de volta.”

Leo

Subject: Uma observação e uma sugestão.

“Caro Mau-Val,

Terminei hoje de escutar o programa 593 mantendo uma tradição que vem desde o rádio FM. Nessa época quando o sono batia eu deixava uma fita cassete de 90 minutos gravando e ia dormir para escutar o restante do programa com calma nos dias seguintes. É engraçado pois minha esposa, a Cíntia, achava que o Ronca Ronca era um programa diário pois eu consumo o programa em doses variadas dia após dia.

Isso foi apenas uma introdução para deixar minhas impressões sobre o último programa, primeiro: que sensação maravilhosa ouvir o plástico do vinil do Jimmy Smith sendo despido ao vivo. Por alguns instantes fui levado de volta a meu início de adolescência quando ouvia um programa na rádio globo (eu acho!) onde depois da meia noite rolava um strip tease sonoro e onde o que imperava era a imaginação. Imaginação essa que viajou imaginando a tesoura passando suba pelo plástico e o cheiro de vinil novo impregnando o estúdio, sensações que só o rádio é capaz de proporcionar. Obrigado por resgatar esse sentimento.

Agora uma sugestão de pauta para você e Nandão, quando vocês citaram o Coachela lembrei de um fato ocorrido essa semana quando um guitarrista indiano foi criticado (ou para usar um termo detestável, cancelado) nas redes sociais por quebrar sua guitarra no final do show. Segundo alguns dos canceladores a guitarra deveria ser doada para projetos sociais (!). Então fiquei com um questionamento, quebrar instrumentos deixou de ser um ato válido? Se Hendrix, Townsend ou Cobain fizessem isso hoje seriam igualmente cancelados? A capa de London Calling deve ser vista como um ato de vandalismo gratuito sem valor algum?

É isso, grande abraço e sigam nesse caminho.”

Adriano

Subject: Glote fechada

“Salve MauVal e Nandão,

Só vim aqui confessar que vocês deram uma “Borduada” nos meus tímpanos e no coração com a música 10.001 (Neil Young & Crazy Horse).

Estava voltando de um show, bem na hora em que tocou a música “Cortez The Killer”, estava em uma estrada deserta com um horizonte infinito, e o pôr do sol prestes a acontecer. Tive que parar o carro, a garganta fechou e lágrimas caíram.

E aí MauVal, o que eu faço da minha vida depois desse delírio?”

Geraldo