Arquivo da categoria: tristeza

e quando você acha que tá tudo “tranquilo”…

john

john bradbury

(1953 – 2015)

na boa, com todo respeito possível, mas quando foi que você soube da subida de um FDP? e olha que esse tipo de gente tá mais na pista que tiririca na grama, procede? é uma rapaziada que se prolifera tal e qual camundongo. mas por qual razão esses vasos não quebram? tem nego deles que tá mijando pelas botas… mas segue firmão. tem nego deles que passa no meio de rajada de metralhadora… como se estivesse na praia, tranquilão.

já do outro lado…

JB forévis!

bruno mandou pra gente…

Assunto: Fogo no acervo de Lee Perry…
“Salve Mauricio.
Tá ligado na tragédia que rolou ontem ??
Lee Perry (que mora na Suiça) saiu e deixou uma vela acesa em seu “laboratório secreto”, adivinha o resto, né ?
O fogaréu lambeu o acervo do rapaz…
Roupas dos shows, seus chapéus mágicos, coleção de discos, EQUIPAMENTOS e outras paradas pessoais… TRISTEZA PURA.
Segue anexo prints da página do cara e fotos do incêndio…
Todos chora !”
Bruno
lee1
lee2

allen “todos os saNtos”…

toussaint+blackhill

allen toussaint

(1938 – 2015)

que tristeza a subida desse gigante da Música planetária… leNda, monstro absoluto gerado nos pântanos de nova orleans ao som dos mais descabelados batuques & grooves. felizmente, tivemos a benção de cruzar com Ele, ano passado, numa apresentação inesquecível no teatro casagrande. na saída, com todo o tempo disponível, sir toussaint, autografou-papeou-sorriu-posou (com pedro blackhill) e mostrou, sobetudo, com quantos paus se faz uma canoa… perdemos um mestre, a lanterna que insistia em guiar o rebanho… de lascar!

) :

mudando a prosa (ou o feitiço contra o feiticeiro)…

guardo na minha caixinha de ótimas lembranças dois jornalistas com quem tive encontros muito rápidos mas, totalmente, inoxidáveis: tite de lemos (1942-1989) e josé castello.

já falei e escrevi sobre o tempo em que tite foi editor do segundo caderno do globo e publicou minha resenha sobre os shows do zeppelin, em 1975… e que só fui conhecê-lo anos mais tarde. já castello, em 1988, me procurou por uma razão que não lembro mas, ao ver a série de fotos que eu havia feito com os fotógrafos, mudou o rumo da pauta e publicou o material na primeira página do caderno B (jornal do brasil).

josé castello foi defenestrado do jornal o globo e publicou, na quarta feira, o mais contundente / cristalino / desesperançoso texto de despedida que conheço…

Hora da despedida

POR JOSÉ CASTELLO

Chegou a hora de me despedir de meus leitores. Não é um momento fácil _ nunca é. Mas ele se agrava porque, com o fechamento do “Prosa”, incorporado ao “Segundo Caderno”, desaparece um último posto de resistência na imprensa do sudeste brasileiro. Os suplementos de literatura e pensamento já não existem mais. Um a um, foram condenados e derrotados pela cegueira e pela insensatez dos novos tempos. Comandado pela vigorosa Manya Millen, o “Prosa” resistia como um último lugar de luta contra a repetição e a dificuldade de pensar com independência. Isso, agora, também acabou.

Nosso mundo se define pelo achatamento e pela degola. No lugar do diálogo, predominam o ódio e o desejo de destruição. No lugar da tolerância, a intolerância e a rispidez, quando não a agressão gratuita. É o mundo do Um _ em que todos dizem as mesmas coisas, usando quase sempre as mesmas palavras. Um mundo em que a verdade, que todos ostentam, de fato agoniza. Nesse universo, a literatura se impõe como um reduto de resistência. A literatura é o lugar do diálogo, do múltiplo, da diferença. Não é porque gosto de Clarice que devo odiar Rosa. Não é porque amo Pessoa que devo desprezar Drummond. Ao contrário: na literatura (na arte) há lugar para todos.

Uma pena que o “Prosa” se acabe justamente em um momento em que nos sentimos espremidos por vozes que repetem, sempre, os mesmos ataques e as mesmas agressões. Nesse mundo de consensos nefastos e de clichês que encobertam a arrogância, nesse mundo de doloroso silêncio que se apresenta como gritaria, a literatura se torna um lugar cada vez mais precioso. Nela ainda é possível divergir. Nela ainda é possível trocar ideias com lealdade e dialogar com franqueza. Sabendo que o diálogo, em vez de sinal de fraqueza, é prova de força. Lá se vai o “Prosa” com tudo o que ele significou de luta e de aposta na criação.

A meus leitores, que me acompanharam lealmente durante mais de oito anos, só posso dizer obrigado. E dizer, ainda, que conservem a coragem porque a pluralidade e a liberdade vencerão o escândalo e a cegueira. Apesar de tudo o que se diz e de tudo o que se destrói, ainda acredito muito no Brasil. É com essa aposta não apenas no futuro, mas sobretudo no presente, que quero me despedir de minha coluna e encerrar esse blog. Aos leitores, fica a certeza de que certamente nos encontraremos em outros lugares. Nem a loucura do nazismo, com suas fogueiras de livros, conseguiu destruir a literatura. Não tenho dúvidas também: nesse mundo de estupidez e insolência, ela não só sobreviverá, como se tornará cada vez mais forte.

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