Arquivo da categoria: tristeza

bruno mandou pra gente…

Assunto: Fogo no acervo de Lee Perry…
“Salve Mauricio.
Tá ligado na tragédia que rolou ontem ??
Lee Perry (que mora na Suiça) saiu e deixou uma vela acesa em seu “laboratório secreto”, adivinha o resto, né ?
O fogaréu lambeu o acervo do rapaz…
Roupas dos shows, seus chapéus mágicos, coleção de discos, EQUIPAMENTOS e outras paradas pessoais… TRISTEZA PURA.
Segue anexo prints da página do cara e fotos do incêndio…
Todos chora !”
Bruno
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allen “todos os saNtos”…

toussaint+blackhill

allen toussaint

(1938 – 2015)

que tristeza a subida desse gigante da Música planetária… leNda, monstro absoluto gerado nos pântanos de nova orleans ao som dos mais descabelados batuques & grooves. felizmente, tivemos a benção de cruzar com Ele, ano passado, numa apresentação inesquecível no teatro casagrande. na saída, com todo o tempo disponível, sir toussaint, autografou-papeou-sorriu-posou (com pedro blackhill) e mostrou, sobetudo, com quantos paus se faz uma canoa… perdemos um mestre, a lanterna que insistia em guiar o rebanho… de lascar!

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mudando a prosa (ou o feitiço contra o feiticeiro)…

guardo na minha caixinha de ótimas lembranças dois jornalistas com quem tive encontros muito rápidos mas, totalmente, inoxidáveis: tite de lemos (1942-1989) e josé castello.

já falei e escrevi sobre o tempo em que tite foi editor do segundo caderno do globo e publicou minha resenha sobre os shows do zeppelin, em 1975… e que só fui conhecê-lo anos mais tarde. já castello, em 1988, me procurou por uma razão que não lembro mas, ao ver a série de fotos que eu havia feito com os fotógrafos, mudou o rumo da pauta e publicou o material na primeira página do caderno B (jornal do brasil).

josé castello foi defenestrado do jornal o globo e publicou, na quarta feira, o mais contundente / cristalino / desesperançoso texto de despedida que conheço…

Hora da despedida

POR JOSÉ CASTELLO

Chegou a hora de me despedir de meus leitores. Não é um momento fácil _ nunca é. Mas ele se agrava porque, com o fechamento do “Prosa”, incorporado ao “Segundo Caderno”, desaparece um último posto de resistência na imprensa do sudeste brasileiro. Os suplementos de literatura e pensamento já não existem mais. Um a um, foram condenados e derrotados pela cegueira e pela insensatez dos novos tempos. Comandado pela vigorosa Manya Millen, o “Prosa” resistia como um último lugar de luta contra a repetição e a dificuldade de pensar com independência. Isso, agora, também acabou.

Nosso mundo se define pelo achatamento e pela degola. No lugar do diálogo, predominam o ódio e o desejo de destruição. No lugar da tolerância, a intolerância e a rispidez, quando não a agressão gratuita. É o mundo do Um _ em que todos dizem as mesmas coisas, usando quase sempre as mesmas palavras. Um mundo em que a verdade, que todos ostentam, de fato agoniza. Nesse universo, a literatura se impõe como um reduto de resistência. A literatura é o lugar do diálogo, do múltiplo, da diferença. Não é porque gosto de Clarice que devo odiar Rosa. Não é porque amo Pessoa que devo desprezar Drummond. Ao contrário: na literatura (na arte) há lugar para todos.

Uma pena que o “Prosa” se acabe justamente em um momento em que nos sentimos espremidos por vozes que repetem, sempre, os mesmos ataques e as mesmas agressões. Nesse mundo de consensos nefastos e de clichês que encobertam a arrogância, nesse mundo de doloroso silêncio que se apresenta como gritaria, a literatura se torna um lugar cada vez mais precioso. Nela ainda é possível divergir. Nela ainda é possível trocar ideias com lealdade e dialogar com franqueza. Sabendo que o diálogo, em vez de sinal de fraqueza, é prova de força. Lá se vai o “Prosa” com tudo o que ele significou de luta e de aposta na criação.

A meus leitores, que me acompanharam lealmente durante mais de oito anos, só posso dizer obrigado. E dizer, ainda, que conservem a coragem porque a pluralidade e a liberdade vencerão o escândalo e a cegueira. Apesar de tudo o que se diz e de tudo o que se destrói, ainda acredito muito no Brasil. É com essa aposta não apenas no futuro, mas sobretudo no presente, que quero me despedir de minha coluna e encerrar esse blog. Aos leitores, fica a certeza de que certamente nos encontraremos em outros lugares. Nem a loucura do nazismo, com suas fogueiras de livros, conseguiu destruir a literatura. Não tenho dúvidas também: nesse mundo de estupidez e insolência, ela não só sobreviverá, como se tornará cada vez mais forte.

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new order (ou globinho)…

a recessão brazuka – somada à crise globalizada (plim plim) – está chegando ao pico da devastação… comércio, indústria e serviços agonizam frente à incerteza… e, agora, mais um degrau da calamidade atingiu o nosso já combalido jornalismo. o ex-poderoso jornal o globo funciona, na últimas horas, como uma inclemente máquina de moer carne. dezenas de profissionais – de todas as áreas – estão sendo colocados no olho da irineu marinho.

a internet que demoliu lojas de discos, rádios, revistas e jornais vem sendo apontada como a grande bandida nesse lacrimejante capítulo (acho que tem mais “bandido” aí). ôxente, logo ela que – até recentemente – era identificada como a mais generosa aliada na propagação da informação? o fato é que o jornal perdeu $$$ do governo / $$$ dos anunciantes / $$$ dos assinantes… e viu descer pelo ralo o mais certo, limpo e histórico $$$ – os cla$$ificados.

lembra como eram, até ontem, as edições do globo de sábado e domingo? pesavam algumas toneladas por contas dos infindáveis classificados… pulverizados pela web.

anyway, anyhow, anywhere… a potência do doutor roberto corre o risco de se transformar, exclusivamente, em uma única peça…

globinho

aliás, o pobre globinho ainda existe?

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acabou a baguNça…

paulo

desde a manhã de hoje circulavam informações sobre a subida de paulo bagunça… mas sabe como é, web/vendaval de zumzumzum/”acho que parece que não sei”/todo mundo acha/todo mundo fala… até que, infelizmente, foi confirmada a morte do criador do grupo paulo bagunça & a tropa maldita, leNda inoxidável do roNca… PQParille! em janeiro2013, coloquei aqui no tico a matéria que iluminou a edição número 9 da rolling stone brasileira, de 1972… paulo & a tropa maldita contaram como era viver na cruzada são sebastião (leblon-RJ) fazendo música. vale muito coferir aqui!

bagunça forévis!

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 – Atualizada às 

Músico carioca Paulo Bagunça é encontrado morto em casa

RICARDO SCHOTT

Rio – O músico carioca Paulo Soares Filho, conhecido como Paulo Bagunça, 72 anos, foi encontrado morto na manhã deste sábado em sua casa em Barra de Guaratiba. O músico foi enterrado durante a tarde no cemitério de Murundu, em Realengo. A causa da morte ainda não foi revelada. Amigos relatam que ele vinha sofrendo com dores nas costas e suspeitam de infarto.

Paulo criou no começo dos anos 70 a banda Paulo Bagunça e a Tropa Maldita, que tinha entre os inteegrantes o compositor Macau, autor de ‘Olhos Coloridos’, gravada por Sandra de Sá. Fez parte de uma cena de músicos vinda da Cruzada São Sebastião, no Leblon, e gravou um álbum pela antiga gravadora Continental, em 1973.

O álbum não fez sucesso na época, mas com o tempo, a mistura de rock e música negra levou o LP (recentemente reeditado pelo selo Somatória do Barulho) a conquistar fãs em todo o mundo e a aparecer em listas de colecionadores de álbuns raros nos Estados Unidos e Europa.

Após o disco, Paulo largou os shows, não gravou mais e chegou a trabalhar como roadie de Tim Maia, que é padrinho de um de seus três filhos. Uma de suas últimas aparições públicas foi num encontro com fãs e amigos na Feira de Vinil do Instituto Bennett, em novembro do ano passado, quando o disco foi reeditado.

Segundo amigos, o músico foi encontrado já morto por um amigo que tinha ido visitá-lo e não conseguiu acordá-lo. Viúvo do primeiro casamento, Paulo deixa três filhos e a esposa.

renatão “stairway to heaven” ladeira…

bolha

triste, muito triste, a subida (hoje) de renato ladeira (o terceiro da esq pra dir)… aos 63 aninhos. de lascar! o tal do rock’n’roll brasileiro está chorando lágrimas de sangue… renatão é o marco zero de tudo o que foi gerado nessa gaveta, ele abriu a selva a canivete… formou – em 1965 – o the bubbles aos 13 anos, com a bolha acompanhou gal costa (no final dos anos 60) e erasmo (no final dos 70)…

erasmo.cartaz

PQParille… triste, muito triste!

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nick…

Bless his ever loving heart
Only he knows who you are
He may seem so very far
Bless his ever loving heart

And when you’re feeling sad
And everywhere you look
You can’t believe the things you see
When it all comes down so bad
And beauty lies exhausted in the streets

Hold his ever loving hand
Even when you do not understand
Sorrow has its natural end
Hold his ever loving hand

And when you’re feeling low
And everyone you meet
You can’t believe the things they say
When there’s no place left to go
Where someone isn’t moving
You a little further down the way

Bless his ever loving heart
What you do is what you are
When it all comes down so hard
Bless his ever loving heart

Hold his ever loving hand
When it seems you ain’t got a friend
Only he knows who you are
And what you are
Bless his ever loving heart
Bless his ever loving heart

ronca.tico

 

feito pra acabar (ou o fim do NME)…

NME

a música de jeneci, “feito pra acabar”, reforça o óbvio mas joga na nossa cara que, após a validade vencida, brota uma nova situação… uma realidade melhor. ao fim de tudo, a esperança (quase) sempre vence. pelo menos tem sido desse jeitinho aqui pelo lados da civilizacão on earth, procede?

toda essa poesia quântica é para debulhar lágrimas de sangue pela patética transformação que está passando o NME. pelo andar da carrocinha, o jornal (fundado em 1952) será distribuido gratuitamente e terá a web como seu principal porto. enfim, o NME é mais uma instituição a desabar diante das radicais mudanças de hábitos dos consumidores de informação, música e entretenimento.

marcelo “caipirinha” mandou uma mensagem sobre a pauta:

– “A longa e inexorável decadência do NME é de fazer qualquer um chorar. Essa nova idéia, do NME virar um lifestyle guide, é esfregar sal na ferida. A gente fica aqui torcendo pra ir alguém lá e dar o tiro de misericórdia, o NME não merecia essa indignidade toda”

enfim, em pouquíssimo tempo o NME será esquecido no pântano raso da web e sua relevância jurássica não passará de um post aqui no tico… o pior de tudo é saber que a coisa acabou e a roda, emperradona, atoladaça, não sairá do lugar… né, steven?

NME2