Boa noite Governador Valladares, aqui sou eu que acometido de infernal dor de corno decidi fumar três morrões fumegantes aqui no baixo Afeganistão. Sequestrei um gringo que caçava viados na montanha e ele me palmeou, caralho! Tentou me encoxar, Gov! Não me restou outra opção a não ser descarregar meu AK 47 nos cornos dele, além do ritual de praxe: roubei carteira, cartões, celular e lap topi onde ouvi o seu programa na Rádio Relógio. Legal, Gov.! Viralizando geral hein, porra?
Ouvi você entrevistar chorando aquela lenda, Alziro Zarur. Ele confessou descaradamente ser o autor da permanência entre nós do coliforme fecal alagoano de Arapiraca, criador de dois célebres cagalhões: o genérico Dilermando Verssiillo e o samba peido Flor de Luz. Saudade, meu Gov. Saudade não tem idade, minha nega. Saudade dos tempos em que o general Kilombo arrancava confissões de brancos amarrando-os em um pau de sebo e tocava, em 25 amplificadores, o torturante pianinho de Flor de Luz. Ouvi um judeu berrar, em prantos, “pára, pára, pára pelo amor de Maomé. Eu matei Joana D’arc! Eu matei Joana D’arc!”. Só que Zarur não contou a história toda, minha nega, digo, supremo líder da imigração venezuelana. Além de obstruir a saída do barro cantante da rodoviária Novo Rio, Zarur viu o ônibus de trás (FOTO) chegar da Bahia e dele desceram uma peruca Lady com um berimbau na mão que se chamava Paulona de Arembepe, acompanhada de um carcará adestrado chamado Madame Min e de um viado todo arrebentado de porradas eróticas batizado de Guilherme Araruta, Hê Hê Hê, Filho da Puta, que imediatamente alugou um brother crioulo e foi copular no guichê da Itapimirim.
Imediatamente, seguindo a tradição, antes mesmo de conhecer, Zarur brigou com Paulona e Carcará, cuspindo nos cornos deles, xingando de “esquerda de pau de arara, guitarristas de merda”. Interesseiros, os novos baianos pediram uma grana pra uma média com pão com manteiga e aproveitando que Alziro Zarur tinha ido ao banheiro brigar com Zora Yonara, Paulona dejavaniou ali mesmo no meio fio, diante de dezenas de motoristas e trocadores com uma performance de vanguarda a la Queermuseu.
Gov, eu até ia escrever um e-mail para Zarur lembrando a real, mas ele brigou comigo nos anos 60 por causa de uma garrafinha de Leite de Rosas. Era domingo a tarde e Alziro sem nada pra fazer resolveu ir arranjar confusão na quinta da Boa Vista onde rolava o Projeto Aquarius com a Banda de Picas de Caruaru com a regência de Zumbi Meta, precursor da mangue beat. Morávamos na mesma pensão, a lendária “Esgotus”, na Gamboa, e depois do banho, Zarur procurou e não achou o seu Leite de Rosas. Puto da vida, feito um bisão arrombou a porta do meu quarto gritando “crioulo escroto, dedo duro, reacionário de direita. Você roubou meu Leite de Rosas. Escondeu no cu, hein? Deixa eu ver, fica de quatro, deixa eu ver, filho da puta!” Ele nada encontrou porque na verdade, tomado de banzo, eu havia bebido o precioso líquido e jogado a garrafinha no quarto de Paulinho da Viola. Aproveitando o tédio, Zarur brigou com todos os vizinhos, encarou Verdugo e Ted Boy Marino, que xingava de vendidos da grande mídia e batendo em taxistas, esbofeteando anões que vendiam bilhete de loteria, saiu pela rua, chutou o cafetão árabe e campeão de cuspe à distância Marlos Cuzpan, na época, casado com o neo radialista Fernando Imbessil.
Pois é, Governador Valladares, soube que Alziro brigou com você também, logo depois do programa. Não liga não, comandante. Como disse Taiguara, o Bob Dylan do sertão paulistano, “pimenta no cu dos outros é Fanta Uva”. Umagumma Ferrare, Azerbaijão, UK.