letrinhas do palmeirense indie…

publicadas no caderno de esporte da folha/SP:

Lúcio Ribeiro – Peladeiros da Colina

Com o time mais legal do Brasil, o Vasco nos representa contra o futebol moderno

Quando o zagueiro Dedé fez uma jogada de meia habilidoso e correu à área para marcar um gol de centroavante oportunista, ele “reclamou” com os companheiros que vinham abraçá-lo, extasiados com um gol tão importante num jogo tão difícil, em uma semana tão iluminada, dentro de um ano tão abençoado.

Era o segundo do Vasco no clássico com o Botafogo, anteontem, selando a vitória que manteve o time grudado no Corinthians na disputa do Brasileiro. Quatro dias após o feito heroico na Sul-Americana, que o botou na semifinal do torneio. No ano em que o Vasco já vai a campo com duas glórias: a de campeão da Copa do Brasil e dono de uma vaga na Libertadores de 2012.

Dedé não queria abraços. E sim enfileirar os amigos de time para puxar o “trem-bala da Colina”. A celebração de gol tradicional do Vasco em 2011 lembra os tempos do “Expresso da Vitória” dos anos 40 e remete ao estado de espírito atual dos vascaínos: um trem da alegria puxado por Dedé, o “Neymar do Vasco”, o Dedéckenbauer.

Que os vascaínos estejam felizes com o time é óbvio. Mas acontece que muitos fãs de outros clubes, mesmo os rivais, também estão ficando simpáticos à esquadra de São Januário. O Vasco é o “time mais legal do Brasil”, permita-me criar tal categoria. Em meio a tantas boas notícias cruz-maltinas, essa é “a” notícia.

Sob a era Eurico Miranda, como presidente ou como vice mandando mais que o presidente, o Vasco passou anos sendo o “time mais chato do Brasil”. Amigos vascaínos disseram ter sentido na pele o que era torcer para o clube quando ele ganhou fama pelas tais “vascanagens”.

Agora, depois de um tempo na Série B (2009) e de reajustes internos, o Vasco é um novo Vasco. Para além de seus torcedores. O que aproxima mais o clube de uma empatia nacional é o espírito de jogo. O time luta partida a partida contra uma das coisas mais insuportáveis do futebol moderno: “poupar jogador para torneios mais importantes”. A tal história de que um campeonato vale menos pelo título dele em si do que uma classificação para um torneio “mais relevante”. Atualmente, uma competição é sempre um degrau para outra.

Só que o Vasco parece não pensar assim. O time não poupa ninguém. Resgatou o “vencer por vencer”, porque ninguém gosta de perder. Na sua pelada, que não vale nada e não rende nenhum tostão, é assim, caro leitor. Ou foi assim. Ou será.

No fim do jogo contra o Botafogo, Dedé saiu com cara sofrida por causa de cãibras. Mas, à beira do gramado, fez questão de falar que nada o tira do duelo com o Palmeiras em São Paulo, amanhã. Hoje, no futebol moderno, o Vasco nos representa.