mark, a epopeia de chris & o hendrix tuareg…

Assunto: O Hendrix Tuareg

“Mauval e Jovem Nandão…

Saudações de Belo Horizonte!

Mauval… tô passando pra te contar mais uma história surreal (mas real!).

Estive de volta recentemente à belíssima cidade de Portland, no estado americano do Oregon, terra natal de meu querido pai, Mr. Gordon. Passei uma semana por lá para fotografar o casamento da minha prima mais nova.

Nessa viagem, reencontrei um grande amigo meu da minha época de faculdade (estudei por um período na Oregon State University) e conheci o Chris Kirkley, que na época era colega de quarto do meu irmão mais velho por lá (isso nos idos de 2002 ou 2003). Mas esse cara tem uma história que vale a pena eu te contar (vou tentar ser sucinto):

O Chris, nessa época, era um americano branco padrão, estudante de farmacologia. Até que eu e meu irmão o convencemos de passar umas férias no Brasil. Na primeira vinda, o cara já pirou por aqui. Se encantou com nosso país e com nossa cachaça mineira. No ano seguinte, o convencemos a vir passar o carnaval com a gente na pequena Pompéu, no interior aqui de MG. Foi aí que a coisa “desandou” de vez: um ano depois, o Chris vendeu tudo que tinha em Portland e veio para o Brasil. Em três meses morando num “puxadinho” em um dos projetos sociais que meus pais coordenam aqui na periferia de BH, ele já estava fluente em português, fã de Raulzito, e pronto para novas aventuras.

Passou os próximos 12 meses pegando carona e viajando para cada canto desse nosso Brasilzão, até que foi deportado pela Polícia Federal (com seu visto de turista vencido) em Manaus.

Aí que começa a parte da história que eu acho que vocês vão curtir. Depois de mais um ano juntando dinheiro nos EUA, ele compra um vôo só de ida para Paris, pega carona até Gibraltar de onde ele atravessa para o norte da África, onde ele passaria os próximo dois anos. Desses dois anos, nasceu um projeto musical FODA.

Vivendo entre os nômades no Saara, ele se encanta com a música da região (que sei que você também é um grande apreciador).

Ele me contou, que aparentemente o Spotify não havia chegado ainda à região do deserto (quem diria, né?), e que o método mais usado para compartilhamento de música eram os celulares (que todo mundo tinha, mesmo sem haver sinal na região). Música por lá, aparentemente é compartilhada pro cartões SD e de celular pra celular via bluetooth.

Após meses de curadoria, escambo de cartões micro-SD e troca de músicas do Raul por canções dos músicos da região e gravações feitas com o microfone do próprio celular, ele volta pra Portland para fazer a curadoria do primeiro vinil que lançaria seu selo e sua gravadora nos EUA, a Sahel Sounds (https://sahelsounds.com/about/). O disco era um compilado de várias de suas gravações da época, chamado Music from Saharan Cellphones (obviamente adquirido e já guardadinho aqui na minha coleção).

De lá pra cá, nos últimos dez anos, ele gravou dezenas de outros discos e revelou e promoveu turnês de vários artistas tuareg ao mundo. Dentre eles está Mdou Moctar, o Jimi Hendrix Tuareg.

Pira nessa onda, Mauval! (de preferência sob o efeito de uns 2-3 caramelos)

Enfim… foi mal mais um email gigante. Mas uma história dessa não dá pra resumir muito, né? Espero que curtam!

Ah, segue o link da gravadora dele ai nos streaming também:

Um abraço!”

Mark