“Penso em mim, cada vez mais, como alguém que escreve. E quando escrevo não ouço música. Com o passar do tempo, tenho escutado cada vez menos música. Quando o faço, fico com ‘os caras’, Neil Young, Bob Dylan, Leonard Cohen, Van Morrison.
Quando nos mudamos para a Inglaterra, chegamos achando que iríamos mergulhar na revolução punk, mas foi tudo um pesadelo. Nós não gostávamos do que as pessoas tocavam à época lá. Só nos demos bem com o pessoal do Pop Group e do The Fall, muito provavelmente por culpa nossa. Não éramos fáceis.
Hoje, três décadas depois, finalmente consigo dizer que The Cure e The Smiths eram simplesmente sensacionais. Fui ouvir as músicas dos Smiths e a minha reação foi: ‘Mas este cara (Morrissey) escreve bem pacas, eu achava que só tinha eu’ (risos).
Aí fico feliz, hoje, em retrospectiva, de não ter dado a importância que os dois (o outro é Robert Smith, do Cure) mereciam à época, pois eu teria desistido da carreira. Morrissey é um grande letrista. Um sujeito estranho e corajoso, mas, acima de tudo, um senhor compositor.”