mudando a prosa (ou o feitiço contra o feiticeiro)…

guardo na minha caixinha de ótimas lembranças dois jornalistas com quem tive encontros muito rápidos mas, totalmente, inoxidáveis: tite de lemos (1942-1989) e josé castello.

já falei e escrevi sobre o tempo em que tite foi editor do segundo caderno do globo e publicou minha resenha sobre os shows do zeppelin, em 1975… e que só fui conhecê-lo anos mais tarde. já castello, em 1988, me procurou por uma razão que não lembro mas, ao ver a série de fotos que eu havia feito com os fotógrafos, mudou o rumo da pauta e publicou o material na primeira página do caderno B (jornal do brasil).

josé castello foi defenestrado do jornal o globo e publicou, na quarta feira, o mais contundente / cristalino / desesperançoso texto de despedida que conheço…

Hora da despedida

POR JOSÉ CASTELLO

Chegou a hora de me despedir de meus leitores. Não é um momento fácil _ nunca é. Mas ele se agrava porque, com o fechamento do “Prosa”, incorporado ao “Segundo Caderno”, desaparece um último posto de resistência na imprensa do sudeste brasileiro. Os suplementos de literatura e pensamento já não existem mais. Um a um, foram condenados e derrotados pela cegueira e pela insensatez dos novos tempos. Comandado pela vigorosa Manya Millen, o “Prosa” resistia como um último lugar de luta contra a repetição e a dificuldade de pensar com independência. Isso, agora, também acabou.

Nosso mundo se define pelo achatamento e pela degola. No lugar do diálogo, predominam o ódio e o desejo de destruição. No lugar da tolerância, a intolerância e a rispidez, quando não a agressão gratuita. É o mundo do Um _ em que todos dizem as mesmas coisas, usando quase sempre as mesmas palavras. Um mundo em que a verdade, que todos ostentam, de fato agoniza. Nesse universo, a literatura se impõe como um reduto de resistência. A literatura é o lugar do diálogo, do múltiplo, da diferença. Não é porque gosto de Clarice que devo odiar Rosa. Não é porque amo Pessoa que devo desprezar Drummond. Ao contrário: na literatura (na arte) há lugar para todos.

Uma pena que o “Prosa” se acabe justamente em um momento em que nos sentimos espremidos por vozes que repetem, sempre, os mesmos ataques e as mesmas agressões. Nesse mundo de consensos nefastos e de clichês que encobertam a arrogância, nesse mundo de doloroso silêncio que se apresenta como gritaria, a literatura se torna um lugar cada vez mais precioso. Nela ainda é possível divergir. Nela ainda é possível trocar ideias com lealdade e dialogar com franqueza. Sabendo que o diálogo, em vez de sinal de fraqueza, é prova de força. Lá se vai o “Prosa” com tudo o que ele significou de luta e de aposta na criação.

A meus leitores, que me acompanharam lealmente durante mais de oito anos, só posso dizer obrigado. E dizer, ainda, que conservem a coragem porque a pluralidade e a liberdade vencerão o escândalo e a cegueira. Apesar de tudo o que se diz e de tudo o que se destrói, ainda acredito muito no Brasil. É com essa aposta não apenas no futuro, mas sobretudo no presente, que quero me despedir de minha coluna e encerrar esse blog. Aos leitores, fica a certeza de que certamente nos encontraremos em outros lugares. Nem a loucura do nazismo, com suas fogueiras de livros, conseguiu destruir a literatura. Não tenho dúvidas também: nesse mundo de estupidez e insolência, ela não só sobreviverá, como se tornará cada vez mais forte.

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ahhhhh, se não fossem os franceses…

o mais inoxidável destas imagens são as cenas, logo no início, registradas no olympic studios (londres) durante a gravação do quarto disco da banda, em 1970. além da presença dos quatro titulares do SM, podemos conferir o baixista (acústico) roy babbington e o MEGA engenheiro de som george chkiantz, responsável pelas sonoridades de hendrix, stones, family, led, bowie, king crimson, small faces, blind faith… tudim lá mesmo, em church street, UFA!

atividade, AQUI, pro tico de abril/2011, durante a virada cultural paulistana que recebeu o soft machine legacy com john marshall & roy babbington… + xeretinha tresloucadaça!

fourth

“no princípio era o verbo”…

gust
Assunto: Em uma calça jeans cabem dois sacis
“Fala Mauval,
 
Agora falando da capital do acarajé em companhia de Letieres Leite e Rumpilezz!
 
Estava dando uma geral por ai no mundo da “internautica” qdo vi q Black Alien tinha lançado o tão sonhado segundo disco depois de 11 anos do Babylon by Gus – O ano do macaco. Esse é o No Princípio Era o Verbo – Babylon by Gus, Vol. II. A capa ja é fodástica … Cena inicial do Sétimo Selo do Bergman com o Black Alien jogando xadrez com ele mesmo e o pão de açúcar e o MAC ao fundo! Segue o site para baixar a pepita!
Podia fazer uma análise do disco todo, mas em resumo é … Mandou bem e não deixou a peteca cair pro primeiro!
 
É claro que a partir dai comecei a ouvir tudo a respeito do Lirica Bereta! O documentário Mr. Niterói – A Lírica Bereta (Direção: Ton Gadioli), uma série de entrevistas pre-lançamento do No Princípio Era o Verbo e algumas gravações dele com o Speed. Tenho o CD Babylon By Gus Vol. 1 – O Ano do Macaco e achava absurdo o album! Só não entendia pq não ouvia tanta gente elogiando aquele trabalho! Dai percebi, vendo o documentário que tinha, mas so os musicos e aficionados por musica que valorizavam o Mr. Niterói! 
 
Enfim, o cara parece q ta mais acalmado da vida louca vida e espero que permaneça assim pra que ele faça mais coisas. 
 
PS. Ouvindo mais uma vez (ja deve ser a 3a. ou 4a. vez) o roNca #144 notei que além da vinheta do caboclo você comentou do Black Alien … hehehe …. Agora caiu a ficha q isso foi uma mensagem “qse” subiliminar  😉 Cheers”  Luiz
 
 

bétha, luan & pedrão…

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Governador Valladares, como bem disse Morrissey, “nem tudo é pica na cloaca da Judith… o que lamento muito”. Passei uma tarde assanhadíssima com Bétha, Luan e Pedro II Cover (FOTO) em Villar dos Telles/Piedade/Vaz Lobo, UK-RJ. Conversamos animadamente e às gargalhadas sobre corrupção, balas perdidas, PT, Dilma, Mulla e Rock in Rio. Uma brasa, mora? Bétha, toda dando, jogava velcro em cima do Luan que, ruborizado, dava umas risadinhas dizendo “não sei brincar de bumerangue não, dona” e assim singramos a tarde carioca, ao som do escomunal arroto de Pedro II Cover que atraía dezenas de éguas para o local. Aflita, Bétha dizia “Pedro, me empresta esse arroto pra eu arranjar umas potrinhas, hahahahaha”, mas Pedro II Cover, zoófilo por natureza, amigo de Beto Carreiro e da familia SopranoMerdinhadaSilva emburrou a cara. A abelha rainha (faz de mim um instrumento de seu prazer) esqueceu que Pedro havia casado com uma égua em julho em sua quinta à beira do Rio Minho (foi capa da revista Globo Rural), uma espécie de Nilo português, só que sem camelo, sem cocô e sem crioulo, sem notar que eu, preto sarará miolo magoei… Bétha se desculpou “ah, Pedrão, estou tão passado”, o nobre peidou, cuspiu foi até um pé de mamona e deu uma mijada, auxiliado por Luan, curioso, que ao bater os olhos no balaustre imperial não conteve os três pulinhos, os bracinhos alvoroçados e os gritinhos de “nem o Papai Noel de minha rua tem um maior”. Bétha defecou  de rir, à vontade, transcendental, pernas abertas, com aquele charme delicado que o cu do mundo lhe emprestou. Acabamos de comer uma lontra grelhada, acompanhada de micos-leões dourados a dorê e partirmos rumo a cidade do Rock, onde a família SopranoMerdinhadaSilva esperava os três personagens para fazer um tributo a Dado Bonfá, Liminhão Meu Limoeiro, Collor e Aurora Mautner, mas essa é outra história. Ummagumma Ferrare – Vargem Grande/Maison de H. Vianna. B. Ribeiro e J. Barone + José Forca, o Peter Grant de Santa Rosa, RS, UK.