ping, pong, ping, pong, ping…

Subject: O que a gente pensa e deixa de ser

“Mauricio,

A tomada de posições completamente divergentes entre o Gilberto e o Igor levantou um debate interessante, mas incoerente. Vou propor outra ideia: o Igor está na razão dele, idealista e no furor de início de curso (infelizmente não tive isso), de querer gritar as atitudes de comodismo do povo – nisso eu concordo – pela paixão pela música que ele tem, tendeu a misturar as coisas. Por não ver um eco em algumas de suas ideias naqueles eleitos como “representantes da geração”, ficou de cara.
E não funciona assim. O universo musical é suficientemente grande para todos os tipos de ideia. O nível de popularidade delas envolve a criação de uma marca, identificação (isso o Igor parece sentir falta), teor de perspicácia… A mensagem não deve ser “A” ou “B”, o artista, em sua função plena, define uma linha e segue. Famoso, ótimo; fracassado, ele pelo menos passou a mensagem. Pegar uma parcela tão específica da música brasileira e exigir dela um engajamento não faz sentido. Música também é entretenimento, cada um manda a letra que se acha capaz de mandar.
Musicalmente, não existe uma omissão à luta de direitos. Existe, no rap principalmente, esse fator; comparar o impacto do engajamento-sonoro com os anos da ditadura é sacanagem, hoje se vive muito melhor, por mais uma realidade melhor seja perfeitamente possível. Não acho que seja o caso para citar uma revista gringa tão vendida quanto outra brasileira ou puxar um debate sobre a situação tupiniquim hoje. Faça isso separado. A música não precisa prestar contas, o Do Amor canta “bicho se tu tá de bobeira se liga na cachoeira” sem a pretensão de inflamar as massas, hoje existem caminhos muito mais eficazes do que isso. Tais caminhos dão brechas para eles se ocuparem com outras funções, como fazer uma ótima música pop. Se liga na cachoeira, “vê que a sua vida tá passando bem de pressa, tome uma atitude ou te indico uma reza pra se divertir” (CALLADO, Marcelo in “Cachoeira”).
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Bem legal a matéria do Lichote, li quando saiu no Segundo Caderno. Parabéns para você e equipe Oi, estão fazendo o trabalho sujo.”
Abraços,
Túlio