Morreu o desenhista italiano Sérgio Toppi
Por Sérgio Codespoti | 22-08-2012 / universohq.com
O desenhista italiano Sérgio Toppi faleceu em Milão, na manhã de ontem, 21 de agosto, aos 79 anos, vítima de um câncer. Toppi era um artista celebrado mundialmente, com uma carreira de mais de 50 anos, diversos prêmios e considerado pela crítica como um dos grandes nomes dos quadrinhos.
Ele foi colaborador de algumas das maiores revistas de HQs da Europa, títulos como Sgt. Kirk, Linus, Alter Alter, Il Giornalino, Il Mago, Corto Maltese, L’Eternauta, Comic Art e Ken Parker Magazine. Apesar disso, pouquíssimas histórias de Toppi foram publicadas no Brasil.
Nascido em Milão, em 11 de outubro de 1932, Toppi estudou por dois anos na Escola de Arte do Castelo, mas abandonou o curso e foi para o Liceu Clássico.
Toppi começou sua carreira em 1953, colaborando com desenhos para a Enciclopedia dei ragazzi. Na década de 1950, realizou diversas ilustrações para aUTET (Unione Tipografico-Editrice Torinese) e para a editora Mondadori.
Em 1956, fez algumas artes para a revista Topolino. No mesmo ano, Toppi trabalhou para o estúdio Pagot, fazendo curtas-metragens de animação para publicidade, veiculados no programa Caroselli Televisivi.
As HQs que o influenciaram no começo de sua carreira foram publicadas no final da década de 1940, na revista Asso de Picche (Ás de Espadas), com arte de Dino Battaglia e Hugo Pratt.
Seu ingresso nos quadrinhos ocorreu em 1960, com a HQ Il mago Zurli, publicada no Corriere dei Piccoli, com roteiro de Carlo Triberti. Este foi um período da vida de Toppi do qual ele não gostava de conversar.
Em 1966, passou a desenhar La Vera Storia di Pietro Micca – cuja publicação foi iniciada em 1957, no Corriere dei Piccoli -, HQ escrita por Mino Milani, com quem Toppi colaborou diversas vezes.
Dois momentos importantes de sua carreira ocorreram em 1974. Foi contratado, por Sergio Bonelli, para desenhar Herman Lehmann – L’indiano bianco, história na qual Toppi reinventou seu traço. Seu estilo gráfico foi solidificado no semanário Il Messaggero dei Ragazzi, cujo editor, Giovanni Colasanti lhe deu a oportunidade de trabalhar com muita liberdade.
Entre 1975 e 1976, desenhou várias HQs curtas para diversas revistas e jornais, incluindo Sgt. Kirk e Il Giornalino. Foi em 1975, que ganhou um prêmio importante, oYellow Kid – que na época era o mais prestigiado do mundo -, no 11º Festival Internacional de Quadrinhos de Lucca, na Itália.
Sua colaboração, com a série Un Uomo, Un’avventura, da editora Cepim (que posteriormente se chamariaSergio Bonelli Editore), começa em 1976, com o álbum L’Uomo del Nilo. Nesta fase começa a colaborar com as revistas Alter Alter (na qual, dois anos mais tarde, desenharia a HQ Sharaz-De) e Linus.
Depois realizou, L’Uomo del Messico, em 1977; e L’uomo delle Paludi, em 1978. A extinta editora Ebal, publicou seis edições da série Um Homem, Uma aventura. O Homem do Nilo foi lançado no Brasil em 1978, e reeditado em 1987.
Entre 1978 e 1980, Toppi desenhou vários episódios das séries História da França em Quadrinhos e A Descoberta do Mundo, para a editora Larousse. Estas obras nunca foram publicadas na Itália.
Em 1982, desenhou Marilyn Monroe, uma HQ curta publicada em Bédésoup.
Na década de 1980, fez histórias para as revista l’Eternauta, Corto Maltese, Comic Art eMagic Boy. Em 1984, Toppi criou o único personagem de toda a sua carreira, o Colecionador (Il colezzionista), em álbuns publicados na série I Protagonisti di Orient Express.
O Colecionador estrelou três álbuns, Il Calumet di Pietra Rossa, de 1984; L’obelisco della terra di Punt, de 1985; e La Lacrima di Timur Leng, de 1986. Todos publicados pela edizioni L’isola trovata.
Em 1992, Toppi ganhou os prêmios Caran D’ache (no Festival de Lucca) e A.N.A.F.I.. Em 1995, ele voltou a colaborar com a editora de Sergio Bonelli, desenhando histórias para Ken Parker Magazine, Martin Mystère e Julia.
Ele também ilustrou duas aventuras de Nick Raider: Senza respiro, de 1997; e Tracce di sangue, de 2001.
Em 1997, Sergio Toppi iniciou sua colaboração com a editora francesa Mosquito, que está republicando praticamente todos os seus trabalhos (Sharaz-De 1 e 2, Le joyau Mongol, L’Obélisque Abyssin, Le Sceptre de Muiredeagh, Le calumet de pierre rouge, Le Collier de Padmasumbawa, Le trésor de Cibola, Myetzko, Warramunga, La légende de Potosi, Ile Pacifique, Dossier Kokombo, Black and Tans, Toppi, une monographie, Bab El Alham – 1932, Pirates, David et Goliath, Blues, Tanka, Soudards & Belle Garces, Un peu plus à l’Ouest etc.) – e também de outros artistas italianos, como Dino Batagglia, Ivo Milazzo e Atillio Micheluzzi.
A editora canadense Fides publicou, em 2001,Karol Wojtyla – le pape du troisième millénaire, com enredo de Tony Pagot.
Em 2003, Toppi participou de uma exposição sobre o compositor Vivaldi, realizada em Veneza, na Itália, ao lado de outros artistas como Maurizio Ribichini, Lorenzo Sartori, Giancarlo Alessandrini e Alarico Gattia.
O artista também colaborou com a Marvel Comics, em 2006, fazendo capas para a minissérie 1602 – Novo Mundo, com enredo de Neil Gaiman, roteiro de Greg Pak, e ilustrada pelos brasileiros Greg Tocchini e Edde Wagner.
Em 2009, foi realizada no BilBOlbul – Festival Internacional de Quadrinhos de Bolonha, na Itália, uma grande exposição sobre a obra de Toppi. A entrevista do Universo HQ com Sérgio Toppi (realizada noFestival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, em 2003), consta da bibliografia do catálogo da mostra.
Sergio Toppi influenciou centenas de artistas por todo o mundo, dentre eles, Frank Miller, Sean Gordon Murphy, Walt Simonson, Bill Sienkiewicz, Simone Bianchi, Ashley Wood, José Aloísio de Castro etc.