zé emilio rondeau iluminou a existência do vinilote em seu canal o farol…
ah, o quinto disco é paul simon com “seven psalms”.
zé emilio rondeau iluminou a existência do vinilote em seu canal o farol…
ah, o quinto disco é paul simon com “seven psalms”.
O segundo concerto dos Rolling Stones no Hyde Park, realizado ontem, num domingo de verão alternando céu azul de sol forte e nuvens ameaçadoras, dentro da atual turnê SIXTY, a primeira na Europa sem Charlie Watts, teve um clima de celebração e afirmação.
A 203ª apresentação da banda na cidade onde se formou e se estabeleceu sublinhou com caneta vermelha o vigor da banda, sua capacidade de recuperação dos mais severos golpes, e sua vontade de seguir adiante até onde for possível – sendo que o “até onde for possível” dos Stones está num nível acima de qualquer outro artista em atividade, como demonstrado ontem, por um setlist salpicado de surpresas e rearranjos (ou exclusão sumária) de clássicos que comparecem a todo show.
E funcionou, em muitos aspectos, como uma festa entre familiares e amigos, com esposas, filhos e netos compartilhando a noite – com o caçula de Mick, Devereaux, vestido de Homem-Aranha, correndo pelo gramado na frente da barreira que separava a multidão de 60 mil pessoas do palco, dando tapinhas nas mãos de quem na plateia estendesse o braço para ele se divertir, seguido de perto pela mãe, a bailarina Melanie Hamrick, e a babá asiática. Ou com a filha mais velha de Mick, Karis, sentada num banquinho no mesmo espaço, ao lado de Chris, seu tio, incomodado a todo instante para um selfie com alguém do público. Enquanto isso, o super jovem Chuck “Chucky” Klapow, coreógrafo de Jagger, permanecia atento aos passos de seu pupilo em ação, registrando alguns pontos-chave em seu celular.
Charlie Watts esteve presente, saudado com um vídeo que precede o show – onde aparece tocando, nas diversas fases de sua carreira – e com falas de Mick e coros de “Charlie! Charlie! Charlie!” ecoando plateia adentro.
E Mick e Keith temperaram sua relação eternamente agridoce com momentos de alegria e espontaneidade genuínas, sorrindo, brincando, se cumprimentando, se surpreendendo – mais de uma vez Keith adiantou uma introdução ou um encerramento, pegando Jagger no susto e exigindo ação imediata do frontman para não desandar a música. A produção é de maior espetáculo da terra, a posição deles é no topo da realeza rock, mas ao vivo os Stones sempre surpreendem ao público e a si mesmos, com tropeços acidentais e freios de arrumação de uma banda de garagem entusiasmada o bastante para não se ater a algumas filigranas.
Para a plateia a primeira surpresa do show ocorreu logo de saída, quando, em vez de “Street Fighting Man”– que tem dado o chute inicial dos shows dessa turnê – , os Stones abriram com uma versão furiosa, jubilante e elétrica de “Get Off My Cloud”, antes de engatar uma terceira e elevar a voltagem ainda mais com uma “19th Nervous Breakdown” ultra-pop e cintilante.
“Tumbling Dice” vem logo em seguida, antes da recém-desencavada “Out Of Time” – cantada a plenos pulmões por um público deleitado, que Mick regia como se estivesse num auditório de TV de um programa de auditório, tamanha é sua capacidade de comandar a plateia (do tamanho que for, talvez quanto maior, melhor) com um misto de autoridade e sedução.
Depois de uma “Angie” protocolar e uma “You Can’t Always Get What You Want” participativa, como semopre, a segunda surpresa – “Like A Rolling Stone”– é precedida de uma introdução que atualizava a brincadeira feita por Mick com uma música que Bob Dylan – “vencedor do prêmio Nobel de Literatura”, ele faz questão de frisar – teria feito para Jagger e o grupo. E “You Got Me Rocking” fecha uma meia hora inicial que pode ser descrita como transcendental.
O que veio depois confirmou as expectativas do repertório-padrão da turnê, mas os primeiros 30 minutos de show no domingo entram para o rarefeito Olimpo onde moram as melhores apresentações dos Rolling Stones em seus 60 anos de carreira.
A combinação de Steve Jordan, na bateria, com Daryl Jones, no baixo, embora sempre atenta à dinâmica da cozinha anterior, comandada por Charlie Watts, hoje oferece a Mick, Keith e Ronnie uma base diferente, mais pesada, mais funky e menos suingada, respeitando convenções musicais de décadas ma injetando toques e energia próprios, elevando o nível do pique dos shows.
Isso se revela mais claramente em “Miss You”– hoje parece outra música, arranjada para o século 21 – e “Jumpin’ Jack Flash”, desacelerada e mais … sutil, digamos assim.
A última surpresa da noite ocorreu não de maneira sonora, mas visual, quando se percebe, de repente, que Keith Richards passou a noite inteira tocando sem seu anel-assinatura, de caveira. Uma ausência extremamente curiosa e significativa, mas que, por ora, fica sem explicação.
O encerramento triunfal – naturalmente, com “Satisfaction”– coroou duas horas de um show com um sabor e um significado muito especiais (em Londres, caramba!) que, com a forte possibilidade de uma nova volta a cidade ser remota, embora não impossível, teve também um sabor de agradecimento e (pelo menos o início de uma) despedida para um público que hoje reflete um mix geracional vbariadíssimo: estão ali desde o jovem casal carregando um bebê no colo a senhoras que podem estar vestindo camisetas com a famosa língua criada pelo designer John Pasche, mas que parecem com aquela sua tia-avó encarangada, já perto dos 80 anos. De “marinheiros de primeira viagem” querendo uma chance (talvez a última?) de ver ao vivo e em ação um ícone do rock aos “usual suspects” que dedicam a vida a acompanhar todos os shows dos Stones, onde quer que eles toquem, custe o que custar. Dos fãs de primeira hora, que encontram ali uma oportunidade de lembrar quem são, a pais e mães carregando filhos e netos para mostrar a eles qual é a de sua banda favorita.
E para todos eles os Stones mantêm seu apelo e sua capacidade de atração, porque desafiam ao tempo e a percalços que descarrilhariam seres menos resilientes. São a história viva do rock e do pop, ainda sendo escrita, com um capítulo final afastado ano após ano, contra tudo e todas as previsões. São os criadores e os mestres de um idioma musical que, na verdade, pode acabar depois que a banda cessar de existir. Por isso, deixar de ver os Stones no palco – seu habitat natural, mais que o estúdio, porque são performers, são entertainers – não é uma opção. E, por isso, o mundo vai onde estiverem.
Ainda mais se for em Londres.
José Emilio Rondeau
(DAQUI)
zé emilio rondeau e pedro “blackhill” na boca do leão com os stones no hyde park nesse exato instante… cheers!
ana maria bahiana, ezequiel neves, beto carvalho & zé emilio rondeau / baile de carnaval no morro da urca (rio) / fevereiro1978
pensa bem, se o “jornalista” da folha de são paulo foi capaz de escrever algo como as letrinhas acima, tens noção por onde mais a peça circulou?
prestenção nessa outra pérola do conteúdo cultural…
mamãe… o responsável pelo “texto” não tinha a menor idéia do assunto. chega a ser cômico como que um fato pra lá de historicamente conhecido (o festival de altamont) é jogado no chão, pisoteado, esquartejado e – consequentemente – transformado em algo sem conexão alguma com o tema do “artigo”… é o tal lance, tão difícil quanto fazer 13 pontos na loteria é fazer zereta… e nosso “redator” conseguiu.
a interpretação que a folha publicou sobre as imagens de altamont, recentemente encontradas, não merece ser divulgada aqui… basta procurar quem quiser chorar e se lembrar dos muitos jornalistas desempregados.
mas para manter a informação correta no ar, ficam AQUI as letras de josé emilio rondeau sobre a novidade.
Você já deve ter visto o vídeo da série Twins React onde os irmãos Tim e Fred Williams, gêmeos de 22 anos, reagem ao ouvir pela primeira vez a música “In the Air Tonight”, de Phill Collins, sucesso de 1981, 17 anos antes dos rapazes terem nascido.
É sensacional ver os dois quando entra a bateria entra forte, após cinco minutos de comentários sobre o clima e a letra da música, e os dois se apaixonam de vez por ela, dançando sentados.
Mas o que você talvez não saiba é que o vídeo dos gêmeos viralizou de tal maneira (já acumulou mais de 4 milhões de visualizações desde que foi postado, em 27/7) que as vendas digitais da música cresceram 1.100%, em comparação aos dois dias anteriores, com 4.600 pessoas baixando “In the Air Tonight”, conforme a tabulação da empresa de TI Alpha Data.
Tio Phil agradece.
demos zilhões de risadas, ontem, por conta desta edição da rolling stone brasileira, número 22, com tom jobim na capa, publicada em setembro1972…
Em 1996, Prince havia rompido com a Warner Bros – onde gravara toda sua obra até então, mas de quem passou a se considerar “escravo” – e se preparava para lançar seu primeiro álbum como “homem livre”. O álbum triplo, apropriadamente chamado “Emacipation”, sairia em selo próprio, NPG (sigla para New Power Generation), distribuído pela EMI.
Para badalar essa nova fase, Prince – agora se apresentando ao mundo com um novo nome, um símbolo impronunciável – montou um mega-evento em Pasiley Park, seu estúdio em Mineápolis, reunindo a imprensa do mundo inteiro e diretores das representações internacionais da EMI.
Eu estava lá.
Na primeira parte do evento, o artista-previamente-conhecido-como-Prince montou uma audição do novo disco para o pessoal da EMI (dentre eles Aloysio Reis, do Brasil, e Camilo Lara, do México – então um meninote, mais tarde a alma e o cérebro do sensacional Mexican Institute Of Sound) e, em seguida, fez um show de QUATRO horas espetacular, cobrindo toda sua carreira e mostrando as músicas do novo disco.
Tudo regado a água, suco e refrigerante! Nada de álcool. Nem uma gota!
O que deu a todos energia para ficar alerta e ligado até o final do show – e para voltar na manhã seguinte, quando o artista daria entrevistas de divulgação.
Com um detalhe: era proibido gravar a entrevista. Tudo deveria ser anotado.
Não vou lembrar do conteúdo da entrevista nem do que foi feito dela (possívelmente saiu na revista Bizz, mas não tenho certeza). Mas a oportunidade de ver Prince quebrando tudo em situação tão íntima – numa espécie de galpão, num palco relativamente baixo, mas larguíssimo, sem cenário algum, apenas uma cortina no fundo – e especial (tinha visto o show da turnê de 1988, em Los Angeles, num ginásio, mas aquilo era outra coisa) tornou-se uma memória preciosa.
Que, ironicamente, tristemente, só voltou à tona quinta feira.
sônia braga & zé emilio rondeau / rio de janeiro / março1980