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“joão sem medo” por joão máximo…

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(foto, arquivo o globo)(?!)

POR JOÃO MÁXIMO 02/07/2017 4:30

Certa vez, apresentando João Saldanha ao público que lotava um teatro para vê-lo, defini-o como um carioca de Alegrete que podia orgulhar-se ser o único técnico de seleção brasileira abençoado com as graças da unanimidade. Aquele homem que acabara de palestrar sobre uma de suas paixões – o futebol – fora responsável por devolver à seleção, nas eliminatórias de 1969, a credibilidade que ela perdera na Copa do Mundo de três anos antes. Como? Combinando ao seu conhecimento o charme, o carisma, a astúcia, a simpatia, o humor e o jogo de cintura do bom carioca nascido nos Pampas.

Só depois, em conversa com pessoas da plateia, descobrimos que elas admiravam João Saldanha por razões diversas: o técnico, o comentarista de rádio, o dos cinco minutos de TV, o cronista de jornal, o homem que vira “todas as Copas do Mundo”, o conversador de tiradas saborosas, o contador de histórias, o grande personagem. Eram tempos de chumbo. E muitos dos que ali estavam viam no palestrante a figura que, no futebol, simbolizava a oposição à ditadura que acabara de faturar, indevidamente, o tri brasileiro no México.

Ninguém chegou a falar do João Sem Medo, brigão, destemido, ou do ex-garotão de praia, amigo de Heleno de Freitas, Sandro Moreyra e Salim Simão, todos botafoguenses. Muito menos do candidato a vice-prefeito do Rio, do ator de cinema ou da autoridade em escolas de samba, papéis que, afinal, ele só representaria mais tarde.

O centenário de João Saldanha é mais uma oportunidade para repetir que ele foi muitas pessoas para muita gente. Não há como defini-lo sem o risco de nos perdermos pelos atalhos de sua personalidade. Nada a ver com os cinco casamentos. Nada a ver com sua eterna fidelidade ao Partido Comunista. Nada a ver com as tantas viagens com que confundiu nossas cabeças (na Normandia com Montgomery, na Grande Marcha com Mao Tsé-Tung, na Coreia como correspondente de guerra), mas tudo a ver com seu fascinante modo de ser. No futebol, único.

O Botafogo deve muito a ele o Campeonato Carioca de 1957 (naturalmente, menos do que deve a Garrincha e a Paulo Valentim). Também deve a ele, novamente em parte, o Brasil do tri. A quantidade de trapalhadas que cometeu nos primeiros meses de 1970 (sair armado atrás de Yustrich, tentar ser técnico e jornalista ao mesmo tempo e apregoar as limitações visuais de Pelé) deram armas para que os homens da ditadura, que o detestavam, o substituíssem. Isso depois de João Saldanha ser, à frente da seleção, a figura mais popular do Brasil em 1969. Nem Roberto Carlos, nem Chacrinha, nem Pelé, mas ele, João. Até os paulistas aprenderam a gostar dele, depois de o rejeitarem em manchete de jornal: “Perdemos a seleção!”.

João Saldanha nunca se referiu ao substituto com inveja, nunca criticou o seleção da qual fora banido, nunca se ressentiu do médico e do preparador físico que o boicotaram. Era das melhores facetas de seu caráter. A outra, a lealdade aos amigos. Quem conviveu com ele em redação de jornal, nos últimos 14 anos de sua vida, é testemunha disso. E de como ajudava os mais jovens, o estagiário, garotos e garotas que se aproximavam como quem se chega a uma lenda e que encontravam nele um igual. Leal e companheiro, deixou no jornalismo esportivo um vazio.

Passional, fez pela vida afora muitos inimigos. Na política, claro, e no futebol. De revólver em punho, correu atrás de Manga quando soube que o goleiro queria refutar no braço a sugestão de que tinha se vendido. Na véspera, a briga foi com o contraventor Castor de Andrade, que dizia ter comprado Manga. De outra feita, deu um tiro nas prateleiras do comerciante que vendera pilhas gastas à sua empregada. Sua noção de justiça, sua defesa do que achava certo, também era parte do caráter que dizia ter herdado do pai, bravo maragato das querelas gaúchas do começo do século passado. Ele e o irmão Aristides, também valente. Os dois só não combinavam como torcedores: João, do Grêmio, Aristides, do Inter.

As histórias são muitas, as vividas e as imaginadas. Como disse Marcos de Castro, ao escrever sobre ele, João Saldanha não mentia. Mitômano, simplesmente acreditava nas coisas que contava, às vezes para perplexidade de quem as ouvia. E, no entanto, muitas daquelas histórias eram pura verdade. O desafio ao general Médici, que queria Dario na seleção, realmente aconteceu: “O presidente escala o ministério dele e eu escalo o meu time”. Ficou assim como uma declaração de princípios: não haveria de ser com sua ajuda que os generais da vez iriam vestir a faixa do tri.

É irônico que tenha morrido na Itália, durante uma Copa do Mundo em que a seleção brasileira passou a praticar o mau futebol que ele tanto combatia. Sempre sem medo, viajara muito doente, sem ouvir conselhos médicos, para se despedir, do futebol e da vida, em pleno campo de batalha.

hoje, no baú#3: saldanha, rita, “edição extra”, john mayall…

saldanha

na segunda feira, dia 3, celebraremos o centenário de joão saldanha… PQParille!

que monumento!

o baú#3, hoje / 23h, destacará o comentário dele após a eliminação dos canarinhos da copa de 1974, na alemanha, quando a holanda sapecou 2 a 0… IMPERDÍVEL!

ainda no baú da globo: rita lee (LIVE, maracanãzinho/87) + “edição extra do globo no ar”, 24agosto1954, quatro horas antes do suicídio de getúlio vargas + john mayall (LIVE, no morro da urca/96)… e muito mais

em AM, FM e web… às 23h, rádio globo

acenda a luz interna (ou mantenha a calma)…

calma.interna

essa é a bula que recomendo a todos os passageiros do roNca roNca.

muuuuita tranquilidade nessa hora de troca de plumagem, de novos ares, de conquistas cascudérrimas… e, sobretudo, de manutenção de tudo que conseguimos ao longo de tantos & tantos anos.

caramba, voltamos ao dial depois de anos foreta do FM… e estreamos em AM.

o programa roNca roNca sofreu seríssima turbulência que afetou toda a estrutura da nave… o impacto foi tão brutal que não havia melhor lugar para ele que não fosse o freezer… isso, perda total.

e jah informo, estamos com 80% das feridas cicatrizadas… é verdade que algumas jamais fecharão mas como diz o black uhuru: “what is life?”

quanto ao programa da globo, além dele ter marcado nossa estréia em AM, foi a primeira vez, em uns 12 anos (cidade+Oi fm+web), que me vi solito no estúdio… pra “piorar”, em um estúdio de rádio com o peso de algumas toneladas… e não vou te enganar não, é preciso tempo para se entender com a solidão mesmo que radiofônica… por mais que o primeiro programa tenha sido com dadinho.

aí, você pergunta:

– o programa da globo é o roNca?

resposta: não, não é porque não tem a plástica do roNca nem dura duas horas… mas as músicas são exatamente as mesmas de nosso cardápio.

e você pergunta de novo:

– mas é você sozinho não tem nandão nem shogun?

resposta: na imprensa fm também não tinha ninguém comigo e, certamente, foi o período mais descacetado do roNca… e o radiolla, na globo fm, também era eu solo… e no roNca tripa na imprensa, eu também não tinha companhia.

e pinta outra indagação:

– mas o roNca roNca pode ir para o SGR?

resposta: sim, claro que pode… e tanto pode que era para ser o roNca roNca na grade da rádio globo só que preferimos manter o roNca na web até as coisas – e são muuuitas – se encaixarem 100% no SGR para o roNca poder pousar com tranquilidade… e no caso desses ajustes não chegarem, é bastante simples: estará no ar – em FM e AM – um programa feito por nós a pedido do SGR… simples assim.

o fato é que com o roNca voltando ao poleiro (soon, very soon. amém) nós teremos galgado parâmetros inacreditáveis com a parceria do SGR… e com possibilidades de avançarmos muuuito em nossas realizações… essa parte é fundamental que todos entendam, a gente está começando a falar para outras dimensões da radiodifusão… algo muito cascudo, uma realidade que flutua no fundo da piscina… crazy!

repito, a turbulência foi sinistróide a bordo do jumboteKo e a chegada ao SGR será tipo primeiros encontros de namoro, manja? isso, devagar e sempre!

portanto, mais que nunca, acenda a luz interNa… mantenha a calma!

cheers

nina