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esse tal de roquenrol…
em mais um capítulo do mundinho de mentiras no qual estamos enfiados, acaba de ser anunciado o fim da cidade fm, 102.9, a rádio rock (favor não confundir com a inovadora rádio cidade fm inaugurada em 1977).
desde que voltou à tona, em 2014, no lugar da Oi fm – que havia alugado a frequência em 2006 – os “proprietários da concessão” (sistema jornal do brasil) sempre garantiram que o retorno era devido ao clamor dos roqueiros… quando, na realidade, o zumzumzum das esquinas garantia que o “clamor roqueiro” tinha como nome “ausência de intere$$ados” em arrendar a dita cuja.
enfim, optaram pelo mais fácil e barato, optaram por gerenciar uma rádio rock com pouquíssimas conexões com… o rock.
em tempos onde a web desova todo e qualquer tipo de música + as notícias com baixos índices de audiência + a falta de investimento comercial + o clássico desinteresse do carioca pelo assunto rock (ainda mais quando o produto é totalmente sem apelo)… resultado: saco!
triste… ainda mais por ter sido uma morte anunciada lááááá atrás.
a 102.9 seguirá ativa como rádio mania fm… ou seja, apareceu alguém disposto a pagar pelo referido espaço no dial.
uma paixão descabelada…
Assunto: Rough Trade + Velo Clube de 78“Salve MaulVal !Duas coisas que eu queria compartilhar com os amigos.
Primeiro, Rough Trade acabou de lançar sua revista:Segundo, este audio inoxidável acima, do querido narrador enlouquecidocom a subida do Velo Clube no campeonato paulista de 78.Ouça a partir de 1:50.Bonus Track : Repare que aos 2:25, um entrevistado solta um “pluct-plactzum” desorientadaço, que só da para entender “povo bom” no final.”Savio

cuiabá, 11setembro1991…
por valdemira…
pê-agá mandou pra gente (ou “começa hoje”)…
dá uma conferida AQUI na programação, sexta/sábado/domingo!
BBC Radio 6 Music will be broadcasting from the festival across the weekend from Friday 12 February with the network’s presenters coming live from all the venues, day and night.
The station will air many of the performances live from Motion, Colston Hall, O2 Academy Bristol and Basement 45, with others recorded and aired in shows later in the week and on future dates.
The 6 Music Festival can also be seen and heard across digital platforms. As well as being broadcast on the station across the weekend, highlights from a selection of performances will be available to watch via the BBC Red Button at various times during the weekend of the event and over the following fortnight.
Full sets from around 20 acts will be made available on BBC iPlayer for 30 days, and there will be more video and photos from the event showcased at bbc.co.uk/6music and via the stations’ social channels.
o expresso + roNca + DB…
hoje, à meia noite, o programa produzido por luiz antonio mello irá retransmitir a íntegra do “roNca roNca / especial david bowie”, o popular #162. atividade…
aTRIPA+BBC+shilpinha+stuart…
você já sabe que está rolando uma pressão forte na radio6, por conta d’aTRIPA, para que eles comecem a tocar shilpa ray, procede? o infoRoNca concluiu que shilpinha já foi mais tocada no jumboteKo que em toda a rede BBC, incluindo TV. pô, como assim bial? mas é vero… uma lástima a radio6, pelo menos, não dar a menor bola pra coitada da shilpinha. enfim, a campanha já está removendo montanhas… marcelo “caipirinha” tem estado in touch com alguns dejótas da radio6… mas, hoje, nigro (nosso representante em curitiba) entrou com o pé na porta do dj stuart maconie (na foto) que faz o horário com mark radcliffe (que estava ausente hoje)… e comentou a invasão…
Assunto: Re: BBC 6“foi aquele lance do povo pedir pra tocar a shilpinha na BBC 6, já que tocamos mais no jumboteko do que em qualquer outro lugar do planeta.esses dias eu tenho ouvido a BBC 6 direto, enquanto o próximo programa não vem e resolvi mandar o pombo pro Stuart, já que era ele que tava no ar.e mandei… e o figura leu logo em seguida… tipo em questão de minutos…foi isso…gravei o momeNto e te mandei pra comprovar a peraltice.achei que teu nome e o roNquinha não podiam ficar só na boca do John Peel. tinham que galgar parâmetros em outros programas da BBC……great big bear hug…Nigro (Curitiba)
menos uma…
antigamente, há uns dez anos, a dor era grande quando alguma rádio perdia espaço para a “igreja” ou algo semelhante… em 2015, essa situação não passa de um mero “tá colhendo o que plantou”… até porque o rádio já está em outra frequência… simples assim!
claudia mandou pra gente (ou só o rádio salva)…
Só o rádio salva
Arnaldo Bloch O COLUNISTA ESCREVE AOS SÁBADOS
No mundo AM podem mudar as vinhetas, mas a maneira de se comunicar não muda nunca
Sempre que o coração aperta, que as coisas parecem ir por um rumo existencial sem solução, me refugio no rádio. Não no rádio que passa na internet, com seus milhares de estações pré-programadas em nichos, nem nos portais de rádios espalhadas pelo mundo (o Transglobe de meu pai, com aquele dial mágico, já fazia isso em 1971). Meu porto seguro é o AM, com seu som mono, seu timbre abafado, sua sintonia apertada, como o coração que eu dizia. Já era assim na infância, quando ouvia com os pais a “Turma da Maré Mansa”, e continua a ser assim agora, já que até o charme das FMs passou, a Fluminense morreu, o espírito da Cidade morreu e a MEC, sem o Arrigo, foi assassinada, embora não de todo. Se não posso mais transcender o ser através da cultura pseudoinútil e dos anúncios da Rádio-Relógio (única instância em que o tempo, como o conhecemos, era um parâmetro que fazia sentido), posso, ainda, deliciar-me com os bordões infinitamente renováveis de Édson Mauro no futebol, voz amiga que pareço conhecer de tempos imemoriais, e não adianta ver a foto no Google, aquele não é ele, o verdadeiro Édson Mauro é o que a voz evoca numa imagem difusa que paira sobre a lógica. No mundo AM podem mudar as vinhetas, ligeiras atualizações, mas, na essência, a maneira de se comunicar não muda nunca, é sempre efetiva, eficaz, eficiente, para a dona de casa, o taxista, o desportista, o plantonista, o solitário, a família, os amantes e os cornos. Se ontem na Globo havia o Saldanha, o Jorge Curi, o Waldyr Amaral — hoje há o Penido gritando “bota o pé na forma, bicho!”; o José Carlos Araújo, que, depois de abastado purgatório no sistema bancário de rádio, volta ao tubo pela Tupi ao lado do Apolinho, e trava-se, com a graça dos deuses, a guerra entre Penido, o Garotão-vingador, e o Garotinho, que jamais abriu mão de sua marca, nem quando um político malfamado lhe surrupiou a alcunha. E lá vem a nova geração, Hugo Lago, Camila Carelli, e, na mediação, o papo multifocal de Zeca Marques, com suas sapatadas no ventilador da bola, do samba e das canções de motel (o Good Times 98 agora virou grife de horário AM). Meu coração bateu, preocupado, quando Felipe Cardoso, com seu jeito entre o raivosinho e o paternal, deixou de comentar jogos, mas hoje comemoro sua onipresença como âncora absoluto da Central da Bola. Devo confessar que me vejo bastante apegado à Globo. Era a rádio que mais ouvia antes, continua a ser, por motivos que dizem respeito à cultura dos primeiros anos, mas com certeza também à qualidade e a um certo espírito de bate-papo que jamais cessa. E a um padrão de vinhetas, de chamadas, pelo qual se continua a zelar, os nomes dos times ecoados, os dos locutores cantarolados, o assovio na marcação de tempo, as sonoplastias que revivem nos nervos emoções que remontam ao tempo em que nem palavras havia, tempos povoados de eletricidade estática num Brasil abafado por nuvens e tremores. Hoje, quando ligo a TV e vejo Eduardo Cunha tomando conta do país, Lula em desespero, Dilma falando em mulher sapiens, o Dunga malhando afrodescendentes e continuando no cargo, juristas dizendo que o ambiente prisional é agradável porque os meliantes “encontram seus amigos no pátio da prisão”; quando a delação vira a única instância da Justiça; quando, em meio ao genocídio perpetrado pelo Estado Islâmico a questão central é se o Caetano vai dar show em Israel; quando me vejo enclausurado em engarrafamentos de duas horas de Copacabana a Botafogo e sei que nunca mais sentirei aquela maresia, e que o fedor do posto 5 não cessará jamais; então, só quero ligar o rádio e ouvir a estática do AM, e cada vez meu interesse se estende — exceção feita aos programas religiosos, muito embora estes me façam lembrar de papai, que adormecia com o radinho encostado no ouvido, e, para dormir, sua preferência eram os pastores mais apocalípticos, de ele achava graça, escutava aquilo como se fosse um radioteatro do fim do mundo, e se alguém desligava a gritaria, ele acordava com um urro, temeroso do silêncio. Mas avanço, e, em noite fria dessas, a caminho, ouço o Alexandre Ferreira, com seu programa de mela-cueca, ajudando viúvos e viúvas a encontrar parceiros. Não é meu caso, ando feliz nessa coisa de amor. Mas o Alexandre, entre uma e outra solidão, queria saber do ouvinte qual a melhor coisa para fazer no frio, e as respostas, por zapzap ou telefone, pouco variavam: fazer amor, dormir ou tomar chocolate quente. A certa altura o comunicador se queixou, mandou mudar o disco, e me ocorreu que gosto de tomar sorvete no frio: não derrete com facilidade, é possível fruir sem sujar a mão, a roupa, a casa. No primeiro sinal vermelho gravei minha mensagem: “Alexandre, no frio a melhor coisa é sorvete, pois não derrete”, e me identifiquei, unicamente, como “Arnaldo do Leblon”. Já no portão da casa da namorada, ouvi minha voz soar e demorei a crer que era mesmo eu. O locutor disse: “Olha essa aqui”, o sonoplasta jogou uma risada marota e um som bizarro de mola maluca, e o Alexandre disse que a coisa era muito bem pensada, e nunca me senti tão reconhecido na vida como nestes minutos anônimos. Aliás, como diria a Rádio-Relógio: (…) nos países frios o consumo de sorvete aumenta no inverno (…) você… sabia? (…) Casas Pernambucanas (…) Magazine Uzai (…) Funerária Já Vai Tarde (…) sete horas, dois minutos, zero segundo (…) e o resto é silêncio e solidão.
“caipirinha” & zane…
pedi para marcelo “caipirinha” (residente em leeds – U.K – há trocentas décadas) mandar pra gente algumas letrinhas sobre a situation zane lowe / apple music…
“Eu conheço o Zane Lowe assim como o Jose Mujica, bem de longe. Pouquíssimas vezes escutei o programa dele, e sobre ele mesmo não sei nada além dele ser da Nova Zelândia, ter trabalhado na XFM antes da Radio 1, e falar pra caramba no programa, com um estilo “animadinho” demais pro meu gosto. Como você já escreveu, nada contra, muito pelo contrário, parabéns por manter coisas interessantes na baboseira em que a Radio 1 se transformou já faz muito tempo, mas não é o tipo de apresentador em que me ligo. Quer dizer, é o que você já escreveu.
Sobre a iniciativa da apple, fico esperando pra ver no que vai dar, não vou desde já achando que vai ser um divisor de águas, acho até que vai ser mais marola que tsunami.”
Marcelo
zane & a nova-velha música…
Tune in to Beats 1, broadcast live from cities around the globe. Zane Lowe and his handpicked team of renowned DJs create an eclectic mix of the latest and best in music. Or dial in to curated stations that have been totally revamped.
nas últimas horas foi desvendada a razão para a saída de zane lowe da BBC… onde entrou como dejóta/apresentador/produtor em 2002. com a subida de john peel, em 2004, ele passou a ser, com steve lamacq, um dos principais herdeiros ao trono. ultra-mega versátil, zane circulou loucamente por todas a frentes que a música e seus periféricos podem oferecer… até que, há três meses, deu bye bye para a BBC e assumiu, na segunda feira, o posto máximo do novo projeto sônico da apple… D+!
ou seja, para gerenciar a novíssima empreitada de rádio a apple não inventou nada… chamou um importante nome do rádio… simples assim.
pros meus versos, zane está longe de ser um comunicador como peel – ou até mesmo lamacq – mas não há como negar a versatilidade, a credibilidade e o talento dele em saber fazer a roda da música girar. o fato é que a apple apostou na qualidade e na sagacidade de um dejóta que conversa com josh homme do mesmo jeito que troca idéia com diplo, jay z, polly harvey e dylan. a apple deu um tiro nos cornos de quem pensa exclusivamente em números, acessos e ôba ôba.
imaginando nossas fronteiras, não sei quem por aqui poderia assumir uma função parecida com a de zane… aliás, prefiro não imaginar, já que tem gente garantindo que temos, no multishow, nosso jools holland… mamãe!!!

iguaNa & roNca…
Assunto: BBC 6 / RoNca RoNca“Fala Mauval,acabei de ler a matéria publicada pelo Álvaro Pereira Junior sobre o programa “Iggy Confidential” na Folha de São Paulo,na verdade,li primeiro no site do Ronca Ronca .Excelente matéria.No entanto,muito mais interessante é o programa que,assim como o Ronca Ronca,me conecta totalmente ao mundo da música toda semana e não quero largá-los de jeito nenhum!nem se me pagassem,meu amigo! O mais legal disso tudo,foi que eu fiquei sabendo do programa do Iggy Pop pelo Ronca Ronca.Há um tempo atrás,assim que o programa surgiu,um integrante da Torcida escreveu um e-mail contando a novidade e você o publicou no site.Outros integrantes da Torcida também escreveram,Marcelo Caipirinha (nosso correspondente internacional) comentou durante a última visita ao programa,enfim…isso tudo foi só para dizer da importância do Ronca Ronca na minha vida!Vida longa ao Ronca Ronca!Um abraço para você e Shogun.”PS: Quando der,poderia tocar alguma música The Stooges? Pode escolher qualquer uma! Ficarei emocionado com qualquer uma…hahahaFábio
a iguaNa radiofônica (ou renato mandou pra gente)
Assunto: As peripécias do Iguana na BBC 6.“Salve Mau Val!Beleza?
Olha só que maravilha, ainda há esperança para este planeta… 🙂
Grande abraço!
Cheers! Renato
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– A Noite da Iguana
“Eu estava em uma discoteca na ilha de Capri. Era um ambiente degenerado, com europeus sem nada para fazer e um monte de dinheiro para torrar. Escutei os primeiros acordes [de “I Feel Love”, sucesso de Donna Summer] e pensei comigo mesmo: ‘Game over: a disco music chegou’.”
Das profundezas de um inferno rocker, quem traz a memória à tona é Iggy Pop, 68, bronzeado de morador de Miami, zero de gordura corporal e bilhões de neurônios ainda em fúria. A lembrança é de 1977. A disco music fervia. Rock’n’Roll em crise. Iggy afundado nas drogas mais pesadas.
Para a iguana autodestrutiva do rock, parecia o fim da linha – na estética e na vida. Com sua banda, os Stooges, Iggy já fazia punk rock uma década antes de o gênero existir oficialmente. Depois de cinco ou seis anos, o grupo implodiu e ele seguiu carreira solo. Entregou-se a todo tipo de excesso. No final dos anos 70, quando a disco engolia o rock, foi içado das profundezas por David Bowie, que o levou como parceiro de turnês e ajudou nos discos.
Sobreviveu. Hoje toca suas canções favoritas e conta grandes histórias em um programa semanal na rádio BBC 6, “Iggy Confidential”. Vai ao ar nas noites de sexta, e depois os episódios ficam disponíveis no site. Iggy fala um inglês pausado e claro. Dá para escutar sem sofrer.
A carreira radiofônica de Iggy Pop começou há cerca de dois anos, substituindo Jarvis Cocker, do Pulp, no programa “Sunday Service”. Jarvis pediu uma licença para excursionar com a banda, mas não voltava nunca e Iggy foi ficando.
Quando Jarvis se dignou a retomar o posto, depois de muito tempo, Iggy já tinha se firmado. Rapidamente ganhou um outro horário na grade da emissora (que é disparada a melhor rádio de música do mundo).
Como apresentador, direto de um estúdio escuro na ensolarada Miami, Iggy reina soberano com a abrangência de seu conhecimento musical e com a lucidez das lembranças guardadas em seus miolos tão maltrados pela química de recreação.Tem rock? Claro, Iggy é uma enciclopédia ambulante. Jazz? Sim, e com riqueza de comentários, contextualização, e profundo conhecimento de causa. Música eletrônica, reggae, sons obscuros do Oriente. Já fez até um especial de música latina, só com raridades.
Apresenta desde as últimas novidades até os sons mais clássicos. Os comentários que faz entre as músicas são, sem nenhum favor, geniais.
Uma vez tocou “King Heroin”, de James Brown, e na sequência contou sobre um show a que assistiu de Brown, então em baixa total. Disse mais ou menos o seguinte: “Mesmo nos piores palcos, mesmo tocando para os piores públicos, James Brown sempre soube onde estava e quem ele era. E não são muitas as pessoas que sabem quem são”.
Iggy é obcecado por James Brown, o que pode parecer surpreendente -mas só em um primeiro olhar. Porque é no rei da soul music que Iggy bebeu, até a última gota, para criar sua persona artística.
O corpo elétrico, como se estivesse plugado diretamente em uma linha de alta tensão. A atitude confrontacional, na beira do palco, olho nos olhos da plateia: “O artista aqui sou eu, vocês que se virem”. Claro, Iggy é o James Brown branco, olhos vidrados, um fio sem capa, o peito lacerado por cacos de vidro.
Chamado de pai do punk, Iggy é fascinado por música negra. Depois de tocar “Cloud 9” (de 1968), dos Temptations, disparou mais uma: “Essa música chama as pessoas para um mundo paralelo, fumar um baseado, tomar um ácido, ficar legal. Muitos de nós que pegamos esse trem, nessa época, hoje estamos ocupados sobrevivendo a nós mesmos”.
Para os dias de hoje, “Iggy Confendential” traz só um senão: são duas horas dominadas pela surpresa, pelo inesperado. Não tem nada a ver com a nossa época, em que as pessoas procuram na internet aquilo de que elas já sabem que vão gostar, ou então se submetem às ofertas de um algoritmo que intui o gosto do freguês.
Nas noites de sexta-feira, na BBC 6, o único algoritmo é o que roda dentro do cérebro de Iggy Pop. E, da cabeça do homem-iguana, ninguém prevê o que pode sair. ”
– Álvaro Pereira Júnior, Folha de São Paulo, 06 de junho de 2015.
Link da matéria: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alvaropereirajunior/2015/06/1638514-a-noite-da-iguana.shtml
menos uma…
Assunto: o sinal está fechado pra nós
“E aí Mauval, quais as novas na capital da Guanabara?!!!
Lembra que nos anos 90, vez por outra acordávamos no domingo com uma noticia ruim? Parecia que as coisas ruins esperavam sempre para acontecer no domingo.
Pois nesse domingo acordei com uma noticia que por algum motivo me deixou triste, fiquei sabendo que a radio Ipanema FM de Porto Alegre, não será mais transmitida em seu dial 94,9 passando a sua programação somente a ser transmitida pela web.
A rádio Ipanema está para nós aqui do sul, como a Fluminense está para vocês ai no Rio, isso por diversos motivos, por falarem a mesma linguagem, por serem alternativas e tocarem o que outras nunca tocariam. Eram tão identificadas que os locutores aqui até chamavam a Fluminense de coirmã.
Para nós que não tivemos as mesmas possibilidades tecnológicas de hoje, a Ipanema foi nos anos 80, a janela que tínhamos para o mundo, nós que vivemos “longe de mais das capitais” tínhamos nela a janela pela qual olhávamos para o mundo, e podíamos saber o que nele se passava.
Por ela chegou aos nossos ouvidos as sonoridades de bandas como The Cure, The Smith, PIL, Bauhaus, Trio, Television e uma infinidade de outras. Por ela até conhecemos nossa própria província com Jemi Joe, Júlio Reni, Nei Lisboa e tantos outros que talvez nunca conheceríamos não fosse a sua ideologia de não andar pelos caminhos onde todas andavam.
Sei que as mídias atuais têm trazido novas possibilidades e se não fossem elas, quem sabe não teríamos nem a continuação da Ipanema pela web, mas de alguma maneira, olhando pra tantas rádios sem história e sem identidade alguma, continuarem firmes em seus diais, sinto que alguém saiu derrotado, e temo que o poeta estava mesmo certo; “eles venceram e o sinal está fechado pra nós”.
—
Gil Brito