ponto fraco… invencível!

aproveitando que o vinil está na crista da onda, vou lembrar de um detalhe sobre ele.

muitos garantem que o artefato redondo emburacado bem no meio será, junto com as baratas, os únicos que restarão sobre a crosta terrestre pós apocalypse… NOW!

confere?

tudo graças ao som de seus sulcos (salve, bibi!), graças à arte gráfica, graças ao seu charme… e durabilidade!

positive?

pois é, mas o vinil tem um ponto fraco que jamais foi vencido… que sempre o derrotou brutalmente… que sempre o colocou fora das batalhas… que sempre, enfim, fez de nosso ídolo um fraco!

prestenção no nome do malvado: EMPENO!

isso, o ato de empenar… entortar… torcer… e, finalmente, não dar condições de audição!

durante séculos o EMPENO arruinou muitos & muitos discos.

tirou de campo pepitas de primeiríssima grandeza… tudo por conta de descuido. 

tipo, esquecer o disco aos sabores do sol…

tipo, empilhar aquele 12″ raro do nick cave entre livros, cds e cinzeiros!!! ARGH!

tipo, destraidinho pra meirelles, sentar sobre a criança!

lascou, danou!

anyway, eu nunca soube de uma maneira eficiente para desempenar discos.

o mais “recomendado” sempre foi dar uma aquecidinha (?!) nele e deixá-lo sob peso, heavy!

aí, os dias se passavam… e, lentamente, ao tirar o coitado de tanto sofrimento… o EMPENO resistia. fueda!

well, well, well…

no mais recente carregamento de marcelo “caipirinha” chegou um Lp duplo do soft machine comprado por ele no record store day, em abril.

quando abri o pacote, recheado de compactos e cds, dei de cara com os dois discos do SM completamente empenados. eles não resistiram à pressão feita pelos companheirinhos menores… as extremidades dos discos ficaram sem apoio durante o envio e… empenaram, manja?

meus zôio fizeram blu blu no ato! PQP!

e agora? what to do?

porra, topar com todo aquele ritual jurássico e ineficaz?

na mesma época eu vinha trocando figurinhas com o pessoal da polysom… a sobrevivente fábrica de vinil, aqui no rio.

joão augusto e rafa, prontamente, se colocaram à disposição para resolver a creca… afinal, eu estava arrasado!

o Lp duplo do soft machine foi enviado à polysom para ser desempenado nas prensas… nada mais adequado!

uma semana depois, joão augusto ligou:

“mauricio, não teve jeito. nada vence o empeno. não conseguimos desempenar seu disco” 

eu: “buáááááááá…”

que tristeza! 

tá acompanhando a trosoba?

o mundo girou, a lusitana rodou… e o Lp do SM ficou lá pela polysom.

até que ontem, joão augusto ligou de novo…

“mauricio, testemunhamos sua dor com o disco empenado. nada mais sofrido que um homem sem seu grande amor, não é mesmo, amigo? pois bem, corremos atrás e conseguimos uma outra cópia do soft machine para você. foi uma luta descolar esse disco, ele é bem difícil… mas amanhã ele estará na sua casa”

eu: “buááááááá… mas manda o empenadinho de volta, please”

e Elezinho, zerado/lacrado, chegou lindaralhaço…

moral da História: JAMAIS trate mal um disco (qualquer). JAMAIS trate mal um vinil. JAMAIS sente nele. JAMAIS o coloque para pegar sol. JAMAIS prense o vinil entre coisas de tamanhos diferentes… porque se você empenar um vinil…

perdeu, playboy!

p.s: lá em cima, é a capa do disco nas mãos da minha amiga carminha, loukaça pela banda do robert wyatt!