nesses tempos de planeta sitiado, a gente acaba insistindo (ainda mais) em querer saber de determinadas figuras, né mermo?
algumas vezes nas derradeiras semanas perguntei ao zé:
– e aí, cuma tá o paraíba?
(é assim que me refiro ao cidadão pessoense)
e o zé: tá bem, vou armar de vocês se falarem
detalhe: telefonar pro herbert não é a mesma coisa de ligar, por exemplo, pro nandão. o paraíba tem o cotidiano muito regulado pelo relógio… com vários procedimentos. portanto, não é pegar o aparelho e… entende?
até que hoje o zé mandou na minha orelha: o H vai te ligar agora.
e o celula, trimmmmmmmmmmm… pô, não tenho o celular dele cadastrado há décadas, podia não ser ele. não daria pra atender, de cara, na galhofa… e eu, todo formal:
– alô
HAHAHAHAHAHA… do outro lado explodiu a voz do herbert como se fosse… sempre!
com todos os nossos jeitos de falar. ele lotadinho de vivacidade, segurança, engraçado pra meirelles, 100 % sagaz… em seguida joguei pesado:
– você só pode estar fazendo duas coisas, vendo o compacto do mengão campeão da liberta ou vendo os paraleimes, em mendes/1987… hahahahahaha!
não lembro quando foi a última vez que falei com ele sem ter mais ninguém por perto. só ele e eu / eu e ele… não lembro nem quero lembrar. afinal, no que ele entrou pelo meu tímpano esquerdo aos primeiros segundos de nossa prosa, senti algo muito poderoso… reconheci de estalo uma voz mega presente na minha vida mas que estava ausente há mais de vinte anos… porra, foi foda, lembrei do meu pai. caraca… e ele falando.
eu estava devastado pela emoção… quando ele disse:
– posso tocar uma música que você me ensinou a gostar
– não sei como consegui balbuciar: porra…
e, pelo celular, ouvi o paraíba tocando “lost in the supermarket”, do clash, no violão… PQP
imagina? mamãe… não me contive e perguntei: posso pedir uma?
ele: claro
esparramado no chão, às 14:06, vi estrelas com herbert tocando e cantando “tempted” do squeeze, inteirinha… J I S U S
ainda falamos do cerco planetário e comentamos a necessidade do humano se tocar de uma nova realidade, uma nova sociedade… e que nós (todos) não podemos ficar tanto tempo sem se comunicar.
é ou não é, paraíba?